FMI. Portugal perde gás, mas ainda cresce mais do que a Europa
Os 5,6% de desemprego previstos para Portugal em 2020 são a melhor marca em 18 anos. Mas a economia mundial está cada vez pior.
A economia portuguesa vai perder algum ritmo neste ano e no próximo, mas continuará a convergir (a crescer mais) do que a Europa e a zona euro, indica o Fundo Monetário Internacional (FMI), na atualização das suas previsões para quase todos os países do mundo, nas Perspetivas para a Economia Mundial (World Economic Outlook).
De acordo com a entidade agora dirigida por Kristalina Georgieva, depois de uma expansão de 2,4% em 2018, Portugal baixa o ritmo para 1,9% este ano e para 1,6% no ano que vem.
Ainda assim, o peso do desemprego no total da população ativa deve continuar a cair, de 7% em 2018 para 6,1% este ano e 5,6% em 2020.
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Este ano, o Governo de António Costa e Mário Centeno estava à espera de pior. Um desemprego de 6,6% este ano e de 6,3% no próximo.
A fazer fé nas contas do FMI, os 5,6% previstos para 2020 são a melhor marca em 18 anos, segundo as séries longas da instituição.
O desempenho da zona euro é mais fraco em todos estes anos, muito por causa do forte abrandamento das economias alemã, francesa e italiana. Espanha, o maior parceiro económico de Portugal também se ressente deste ciclo mais sombrio, mas aguenta-se a crescer perto dos 2% entre 2019 e 2020.
O mal dos outros
Seja como for, Portugal converge porque o crescimento da zona euro afunda mais rapidamente do que o nacional. Este ano, a área da moeda única registará uma expansão de 1,2% e em 2020 não deve ir além de 1,4%.
A Alemanha, a maior economia do euro, vai virtualmente estagnar (0,5% em 2019). Itália idem (0%).
A ainda maior economia mundial, os Estados Unidos, perdem ritmo económico. Passam de 2,9% em 2018 para 2,4% este ano e 2,1% no próximo, projeta o FMI.
Tal como já tinha sido antecipado na semana passada pela diretora-geral do Fundo, "a economia global está em desaceleração sincronizada, com o crescimento de 2019 a cair novamente - para 3% - o ritmo mais lento desde a crise financeira global". Em 2020, não irá além de 3,4%.
Há economistas que dizem que um crescimento mundial de 3% significa que o globo está já em recessão ou à beira dela.
Zona de perigo
O FMI prossegue dizendo que esta é realmente uma zona de perigo na medida em que a política dos bancos centrais (compra de dívida pública, taxa de juro zero ou mesmo negativas) está no máximo dos seus limites.
É importante lembrar que este crescimento mundial mais fraco de 3% acontece no momento em que a política monetária se tornou significativamente expansionista e quase, simultaneamente, nos países avançados e emergentes.
Há pouco dias, Georgieva avisou que a guerra comercial pode destruir o equivalente a 640 mil milhões de euros (cerca de 700 mil milhões de dólares) na economia mundial, em apenas um ano. E que o globo está fraturado em vários pontos devido às guerras comerciais, guerras militares, incertezas políticas (como o desfecho do Brexit), etc.
Hoje, está tudo pior. "A economia mundial está mais sincronizada, mas, infelizmente, desta vez o crescimento está a abrandar; em 2019, esperamos um crescimento mais lento em quase 90% do mundo. A economia global está agora em desaceleração sincronizada". "Este abrandamento generalizado significa que o crescimento deste ano cairá para o menor ritmo desde o início da década.
"Esta é uma queda séria face aos 3,8% de 2017, quando o mundo estava em alta ascendente e sincronizada. Este novo crescimento moderado é uma consequência do aumento das barreiras comerciais; da incerteza elevada em torno do comércio e da geopolítica; de fatores idiossincráticos que causam tensão macroeconómica em várias economias emergentes; e fatores estruturais, como um baixo crescimento da produtividade e o envelhecimento demográfico nas economias avançadas. Prevê-se que o crescimento global em 2020 melhore modestamente para 3,4%, uma revisão em baixa de 0,2 pontos percentuais em relação às nossas projeções de abril", disse a economista búlgara.