'Febre' das raspadinhas. Portugueses gastaram 4,7 milhões por dia em 2019
A Santa Casa registou, no ano passado, vendas brutas de 1.718 milhões de euros com a raspadinha, o que significa que os portugueses gastaram em média 4,7 milhões de euros por dia nesta lotaria instantânea. As vendas da raspadinha cresceram 7,8% face a 2018 e pesam agora 51,1% no total de vendas brutas da Santa Casa.
Segundo o relatório e contas dos Jogos Santa Casa, as receitas brutas com a exploração dos jogos sociais atingiram, em 2019, 3.360 milhões de euros, um crescimento de 8,5% face ao exercício de 2018. No ano passado, a Santa Casa distribuiu mais de dois mil milhões de euros em prémios.
O Placard manteve o ritmo de crescimento dos últimos anos, tendo atingido em 2019 vendas de 634 milhões de euros, mais 20,3% quando comparado com 2018.
Em sentido inverso encontra-se o Euromilhões. O jogo que se propõe criar excêntricos continua a registar uma perda de interesse por parte dos apostadores portugueses. No ano passado, as vendas deste jogo ficaram-se pelos 727 milhões de euros, uma quebra de 9,7% face ao ano anterior.
O Totoloto originou vendas de 100 milhões de euros no ano passado, um aumento de 3% face a 2018. Já as vendas do Totobola caíram 16,6%, para cinco milhões. A Lotaria Clássica totalizou vendas brutas de 52 milhões em 2019 e a Popular atingiu receitas de 25 milhões.
As vendas brutas da atividade dos jogos sociais geraram "um retorno direto para o Estado de 1.000 milhões de euros, entre resultados distribuídos aos beneficiários dos jogos sociais e impostos arrecadados", sublinha Edmundo Martinho, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no relatório e contas de 2019.
O retorno total à sociedade ascendeu a 3.265 milhões de euros, o que corresponde a 97% das vendas, adianta ainda. Na mensagem do relatório, Edmundo Martinho demonstra também preocupação quanto ao desenvolvimento da atividade face ao surto pandémico de covid-19. Como escreve, "a receita dos jogos sociais do Estado apresenta uma contração imensa que não sabemos ainda como vai evoluir nos próximos meses".
Sónia Santos Pereira é jornalista do Dinheiro Vivo