Exportações de vinho crescem 12%. Preço médio sobe para 2,75 euros
As exportações nacionais de vinho continuam em alta. Nos primeiros nove meses do ano, Portugal vendeu ao exterior 2,4 milhões de hectolitros, no valor de 669,3 milhões de euros, o que representa um aumento de 6,7% em volume e de 11,7% em valor. São, em termos absolutos, mais de 70 milhões de euros do que no período homólogo. Também o preço médio cresce, na ordem dos 4,7%, e está já nos 2,75 euros por litro.
Estes são dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e constituem boas notícias para um setor que tem vindo a bater recordes sucessivos na última década, com exceção do ano de 2016, em que houve um ligeiro decréscimo.
Em 2020, mesmo em pandemia, o vinho continuou a reforçar a sua posição além-fronteiras e em 2021 mantém a trajetória, crescendo em quase todos os mercados relevantes. "É o maior crescimento de sempre e naturalmente que é fruto da qualidade e da diferença dos nossos vinhos, aliados ao grande trabalho conjunto de promoção nos últimos anos", diz o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão.
França é o principal mercado dos vinhos portugueses, muito por efeito do vinho do Porto. Excluída esta categoria, é o Brasil que sobe ao lugar cimeiro da tabela. No total, são mercados que valem 83,9 e 54,5 milhões de euros, respetivamente. Seguem-se, sem alterações com ou sem vinho do Porto, os Estados Unidos, que se aproximam a passos largos da França, com quase 83 milhões comprados nos primeiros nove meses do ano, e o Reino Unido, com 60 milhões.
Significativo é que as vendas para o Brasil crescem mais em volume do que em valor, o que faz que o preço médio de exportação para terras de Vera Cruz recue ligeiramente para os 2,74 euros o litro. Em França cresce 0,1% para 2,66 euros, nos EUA aumenta 5,2% para 3,73 euros e no Reino Unido está a crescer 8,8% para 3,25 euros o litro.
A Coreia do Sul, uma das apostas mais recentes dos produtores portugueses, é um mercado que está a crescer 50,5% e que vale já 4,2 milhões de euros. O preço médio de exportação para este mercado está a crescer 36,4% para 5,99 euros o litro.
São poucos, mas também há mercados em queda: Angola, que chegou a ser o maior importador, em quantidade, dos vinhos nacionais, e que hoje está relegado para a 12.ª posição, e o Luxemburgo, que ocupa o 18.º lugar.
Recorde-se que a ViniPortugal é o organismo responsável pela promoção internacional da marca Vinhos de Portugal, dispondo, para isso, de um orçamento que neste ano rondou os 8,2 milhões de euros.
Em termos de categorias de vinhos, destaque para a performance do vinho do Porto, que havia sido duramente afetado pela pandemia em 2020. Neste ano, as exportações de vinho do Porto estão a crescer 12,5% em volume (443,7 milhões de hectolitros) e 19,1% em valor, para quase 227 milhões de euros. O que permite reforçar o preço médio de venda ao exterior: está a crescer 5,9% para 5,11 euros o litro.
Um desempenho que não inclui o mercado nacional, onde as vendas de vinho do Porto continuam muito penalizadas pela diminuição drástica nas taxas de turismo. "Infelizmente, Portugal está ainda com uma retoma negativa face a 2019. Aliás, os dois principais mercados do setor estão ainda negativos, mas enquanto em França a situação já está quase neutra (menos 0,79% em valor e menos 1,88% em volume), em Portugal a quebra continua muito acentuada (menos 26,68% em valor e menos 18,26% em quantidade)", diz a diretora executiva da Associação de Empresas de Vinho do Porto.
A este propósito, Isabel Marrana não poupa críticas ao Ministério das Finanças, que não autorizou o IVDP a avançar com uma campanha publicitária no mercado interno, aprovada pelas profissões no Conselho Interprofissional. "É uma injustiça enorme. Veja-se que outros vinhos, como o do Dão e os Vinhos Verdes, fizeram campanhas de reativação e o vinho do Porto, por ser certificado por um instituto público, fica sujeito a ter de pedir autorização para realizar despesas novas. O que era o caso. O Ministério da Agricultura deu o seu aval, mas o Ministério das Finanças nem sequer se pronunciou", diz Isabel Marrana.