Exportações de vinho aumentaram 2,5% em 2019
As exportações portuguesas de vinho atingiram em 2019 novo máximo histórico. No total, Portugal vendeu ao exterior quase 296 milhões de litros no valor global de 820,5 milhões de euros, um aumento de 2,5% face ao ano anterior; o preço médio foi de 2,77 euros por litro. "É uma boa notícia. Continuamos a crescer mais do que a nossa economia e, se tivermos em conta as perturbações no mercado americano, a China a fechar-se e a Europa em abrandamento, este crescimento é muito bom", diz o presidente da ViniPortugal, Jorge Monteiro.
Em termos de mercados, destaca-se a quebra de 9,5% no mercado chinês: "A China está a importar menos vinho da Europa, fruto, julgo, de um excesso de stocks de vinhos no mercado que já vinha de anos anteriores, mas também de uma política interna de menor abertura às importações", refere Jorge Monteiro, que continua a acreditar que a China é um "mercado de futuro", com uma nova geração de consumidores que estão a aprender a gostar de vinhos.
Do lado oposto, o crescimento a dois dígitos do mercado americano, que vale já quase 90 milhões de euros mas tem de lidar com a ameaça de Trump de impor tarifas aduaneiras de 100% sobre todos os vinhos europeus, uma das maiores preocupações do setor para 2020. "As últimas informações que temos é que esta medida não deverá avançar, fruto da sensibilização feita pelos operadores americanos para o aumento do desemprego que traria. Mas não deixa de ser uma preocupação", acrescenta o presidente da ViniPortugal.
Já o presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes fala num "ano de ouro" para os produtores da região. "Crescemos em volume, em valor e no preço médio, e aumentamos o número de destinos. O vinho verde chega hoje a 111 países do mundo", salienta Manuel Pinheiro. As exportações de vinho verde totalizaram 65,7 milhões de euros, um aumento de 4,28%, e os Estados Unidos são o principal mercado de destino, assegurando 14 milhões, mais 1,2 milhões do que em 2018. Seguem-se a Alemanha e o Brasil, com tendências opostas. O primeiro a cair (para 10,8 milhões), o segundo a crescer (para 6,5 milhões de euros).
Também na Região Demarcada do Douro o ano foi positivo. Embora as exportações do DOC Douro tenham caído cerca de 9%, estas caíram sobretudo nos vinhos standard. "Esta é uma queda meramente conjuntural, devido à produção escassa da vindima de 2018. Até porque o preço médio subiu", diz a diretora-geral da Associação das Empresas de Vinho do Porto.
No vinho do Porto, as exportações cresceram cerca de 1,5%, para mais de 307 milhões de euros. "Foi um ano claramente positivo, esperamos que possa constituir uma inversão positiva de um ciclo negativo de 20 anos", defende Isabel Marrana. O mercado nacional voltou a ser o principal consumidor de vinho do Porto, impulsionado pelo crescimento do turismo.
A VinExpo de Hong Kong foi adiada, de maio para julho, por causa do coronavírus e a ViniPortugal está a ponderar se deve fazer o mesmo. A entidade responsável pela promoção dos vinhos portugueses no mundo tem duas provas agendadas na China em maio e junho. "Estamos a avaliar", admite Jorge Monteiro, lembrando que, a manterem-se os eventos, os vinhos têm de ser expedidos daqui por duas semanas.