Exportações de vinho abrandam por falta de contentores

Os efeitos da covid-19 na desregulação das cadeias logísticas está a provocar um desacelerar das exportações de vinho. Chegaram a crescer a 20%, estão agora nos 9,4%.
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As exportações de vinhos portugueses recuaram 5,3% em outubro, comparativamente a igual mês de 2020, ficando-se pelos 90,9 milhões de euros. São menos quase seis milhões de euros face ao período homólogo. No acumulado do ano, as exportações continuam a crescer, mas a um ritmo menor. "A falta de contentores para transporte de mercadorias começa a fazer sentir-se nas nossas exportações, o que é preocupante", diz o presidente da ViniPortugal.

"Tenho tido vários produtores a dizerem-me que não conseguem exportar os seus vinhos por falta de contentores. Já não é uma questão de preços, que todos sabemos que dispararam no último ano, mas é mesmo a falta de disponibilidade de contentores. Isto aconteceu no meio do ano, mas está a agravar-se. Aliás, só assim se entende que, havendo uma grande apetências pelos vinhos portugueses, se assista a este desacelerar do ritmo de crescimento", explicou Frederico Falcão ao DN/Dinheiro Vivo.

Nos primeiros cinco meses do ano, as exportções de vinho estavam a crescer 20%; em agosto o aumento acumulado já só era de 13%, mas, ainda assim, o setor acumulava a taxa de crescimento mais elevada desde o início do milénio. Em outubro, já não chega aos 10%, num total de quase 273 milhões de litros, no valor de 760,7 milhões de euros. São mais 65,5 milhões do que nos primeiros dez meses do ano passado, que já fora de grande dinâmica, dado que a pandemia não abrandou as exportações de vinhos, pelo contrário, deu-lhe novo fôlego.

E neste ano tudo indicava que assim continuaria, mas a questão logística começa a pesar. "O problema não está nos mercados europeus, está nas exportações extracomunitárias, ou seja, tudo o que implique transporte marítimo. Aliás, o que nos transmitem é que há filas gigantescas de barcos para descarregar nos portos americanos", refere Frederico Falcão. E a prová-lo estão os números do INE: as exportações de outubro para a União Europeia cresceram 1,8% para 40,3 milhões de euros, mas este acréscimo não foi suficiente para cobrir a quebra de 10,4% nas vendas para os mercados extraocomunitários, que se ficaram pelos 50,6 milhões, quase seis milhões a menos do que em outubro de 2020.

Curiosamente, no acumulado do ano, é o mercado americano que mais tem crescido em termos absolutos: foram mais 11,1 milhões de euros para um total de 89,2 milhões. Segue-se o Brasil com quase 7 milhões de euros mais do que no ano passado (61,3 milhões no total até outubro), a Alemanha com mais 6,1 milhões e a França com quase 5,5 milhões a mais do que no período homólogo. No total, a França continua a ser o maior importador de vinhos portugueses, com quase 94 milhões de euros, e a Alemanha está em quinto lugar, com 45,8 milhões. O quarto maior mercado é o Reino Unido, com 77,7 milhões, mais 5,2 milhões do que em 2020 . Não admira, o vinho do Porto é a denominação de origem que mais cresce, acima dos 15% para os 268 milhões de euros.

Em termos absolutos, o Vinho Verde é o segundo que mais cresce para mais de 69 milhões de euros (+7,91%). Segue-se a denominação Douro, com um acréscimo de 12,89% para 58,5 milhões de euros, o Alentejo, com mais 11,48% para 56,4 milhões, Lisboa, com mais 11,34% para 46,4 milhões, e a Península de Setúbal, que cresce 14,16% e vende quase 18 milhões ao exterior.

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