Os bancos estão longe de ter hoje aquela imagem vitoriana da entidade que está à espera de que os clientes deixem de poder pagar as contas para lhes caírem em cima, mal entram em incumprimento. É para combater esta ideia antiquada e desajustada do banco-papão, e divulgar o leque de mecanismos que os bancos têm à disposição para ajudar as famílias, que a Associação Portuguesa de Bancos está empenhada em facultar esta informação no seu site Saber de Contas. O que ganha mais valor no atual contexto inflacionário e de subidas de juro, que impacta muito no poder de compra dos portugueses e no seu crédito à habitação.."Os bancos, conjuntamente com os seus clientes, são dos principais interessados em encontrar soluções que visem evitar o incumprimento ou que permitam regularizar a situação quando o cliente já está, efetivamente, nessa situação", explica a Associação Portuguesa de Bancos (APB). Afinal, não há nenhuma instituição bancária que queira ter crédito malparado..É por isso que, no momento de concederem crédito, os bancos fazem uma avaliação do risco do cliente, para perceberem o seu nível de solvência e capacidade de cumprirem obrigações. Vão ao ponto de fazer as contas para saberem se consegue continuar a pagar as suas prestações, caso ocorra uma agravamento das taxas de juro até três pontos percentuais..Pode parecer excessivo, mas são cálculos que também ajudam o cliente a perceber até onde pode ir. Mesmo a Ficha de Informação Normalizada Europeia (FINE), que o banco fornece aos clientes, tem tudo o que é preciso saber sobre o impacto de um eventual agravamento da taxa de juro no valor da prestação mensal..Com o contexto inflacionário a obrigar o Banco Central Europeu (BCE) a subir a taxa de juro de referência da Zona Euro já em 125 pontos neste verão, o impacto no crédito à habitação já se faz sentir para muitas famílias e parte delas poderão mesmo sentir dificuldades no pagamento das suas prestações da casa - além de outras em crédito..A este propósito, a APB lembra que há "um conjunto de procedimentos e boas práticas que os bancos podem adotar perante um cliente em dificuldades financeiras"..Desde logo, diz a associação, estas entidades têm "procedimentos e processos em vigor para a deteção de indícios de dificuldade financeira, de forma a identificar os clientes que possam estar em tal situação e assegurar a sua pronta e eficiente gestão"..É então que se inicia uma operação de busca de informação. O banco procura "obter junto do cliente as informações e documentos adequados que permitam aferir as suas circunstâncias individuais". E "de acordo com as informações fornecidas pelo cliente", propõe "soluções adequadas e acessíveis"..De seguida, acrescenta a APB, os bancos empenham-se em "transmitir, com clareza, boa-fé e diligência, as propostas de solução que considerem adequadas à situação financeira, objetivos, necessidades e expectativas dos clientes bancários". Afinal, ambas as partes estão interessadas em que a dívida seja regularizada.."As soluções de reestruturação devem ser adequadas à prevenção ou regularização da situação de incumprimento", explica a APB, "e, dependendo do perfil ou tipo de dificuldade financeira do cliente, podem passar" por uma multiplicidade de medidas..Uma das previstas, é a "concessão de um período de carência de capital". Ou seja, durante um tempo acordado, o cliente só paga juros, deixando de pagar as prestações do empréstimo..Há ainda a possibilidade de "extensão da maturidade de amortização do empréstimo", isto é, prolongar a duração do mesmo, reduzindo a prestação. E até pode ser feito o "diferimento de uma parte do capital para uma prestação final", bem como a "consolidação de todas as dívidas bancárias ou de parte delas", de modo a ter menos juros a pagar e assim conseguir obter uma só prestação, de preferência menor..Estes são alguns dos conselhos que a APB tem para dar. Há muito mais nas nas secções "Crédito à Habitação" e "Evitar o Sobreendividamento", no site Saber de Contas.