Elon Musk compra o Twitter e imediatamente despede a direção

Multimilionário concretiza a compra da rede social e a primeira medida que toma é livrar-se das pessoas com cargos de topo executivo na empresa.

O empresário Elon Musk comprou esta madrugada o Twitter e imediatamente despediu os diretores executivos da empresa.

Para a rua foram o diretor-geral executivo Parag Agrawal, bem como o diretor financeiro e o diretor de segurança, segundo o Washington Post e a CNBC, que citam múltiplas fontes anónimas da empresa.

Parag Agrawal é o homem que chegou a ir a tribunal contra Musk para o obrigar a manter o anterior contrato de compra do Twitter, que o multimilionário tentou anular com o argumento de que a direção da rede social não lhe estava a fornecer todos os dados sobre o número de utilizadores "fantasma" ou contas falsa existentes.

Entretanto, Elon Musk confirmou o negócio com uma mensagem na própria rede social.

"A razão pela qual adquiri o Twitter é porque é importante para o futuro da civilização ter uma praça comum da cidade digital, onde uma vasta gama de crenças pode ser debatida de forma saudável, sem recorrer à violência", escrevera antes Musk, numa rara mensagem longa.

E concluiu: "Existe atualmente um grande perigo de os meios de comunicação social se dividirem em câmaras de eco de extrema-direita e de extrema-esquerda que geram mais ódio e dividem a sociedade".

A notícia da concretização da compra surgiu poucas horas antes da abertura dos tribunais. Para este dia estava marcada mais uma sessão do julgamento que opunha Musk e o Twitter no processo em que a rede social queria que ele honrasse o compromisso de realizar o contrato de compra a que se comprometera.

Mas no início do dia o próprio Musk tinha avisado, pelo Twitter, que o iria fazer, escrevendo que é "importante para o futuro da civilização ter uma praça pública 'online' onde uma grande variedade de opiniões pode debater de forma saudável, sem recorrer à violência".

"Dito isso, o Twitter obviamente não pode ser um lugar infernal aberto a todos, onde qualquer coisa pode ser dita sem consequências", acrescentou.

Depois, Musk entrou na sede daquela rede social em São Francisco, nos Estados Unidos, com uma pia.

Numa publicação no Twitter, o filantropo que tem três nacionalidades diferentes (sul-africano, canadiano e norte-americano) escreveu: "Entering Twitter HQ - let that sink in!", que em português traduz-se para algo como "A entrar na sede do Twitter -- reflitam".

O empresário também mudou o seu perfil no Twitter, referindo-se como "Chief Twit", sendo que em inglês "twit" significa "idiota", e mudou a sua localização para a sede da rede social em São Francisco, dando indícios da conclusão do negócio.

Após esta publicação, segundo o Wall Street Journal, os bancos participantes no financiamento da operação começaram a enviar o dinheiro.

O acordo de 44 mil milhões dólares (cerca de 43,6 mil milhões de euros) de Musk para tornar a rede social sua propriedade tinha prazo até esta sexta-feira.

O empresário tentou sair unilateralmente no início de julho, acusando a empresa de ter mentido, mas a rede social avançou com uma ação judicial.

Poucos dias antes da abertura de um processo que o Twitter parecia a caminho de vencer, Elon Musk ofereceu-se para concluir a transação pelo preço inicialmente acordado.

Acérrimo defensor da liberdade de expressão, o empresário já manifestou vontade em flexibilizar a moderação de conteúdos, reacendendo preocupações sobre um possível ressurgimento de abusos e desinformação na plataforma.

Como exemplo, Musk abriu as portas para o regresso de Donald Trump, expulso do Twitter logo após o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021.

Esta posição desencorajou os anunciantes, que muitas vezes procuram conteúdo consensual. Em 2021, as receitas publicitárias da empresa, que representaram cerca de 90% do volume de negócios, já caíram significativamente, entre a incerteza em torno da aquisição, o abrandamento da economia e as mudanças feitas pela Apple.

Há um "grande perigo" de crescente polarização nas redes sociais com a proeminência de conteúdo de extrema-direita e extrema-esquerda, apontou.

"Além de respeitar as leis, a nossa plataforma deve ser calorosa e acolhedora para todos", sublinhou o empresário aos anunciantes.

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