Economia digital será responsável por 30% do PIB mundial nos próximos cinco anos
Arrancou esta quarta-feira mais uma edição da Web Summit, desta feita em formato totalmente digital, de Lisboa para o mundo. Na assistência virtual, marcaram presença mais de 100 mil pessoas que quiseram conhecer, em primeira mão, as inovações tecnológicas que vão marcar o futuro da sociedade. Uma das apresentações em destaque foi a de Liang Hua, chairman da Huawei, que defendeu a importância de reforçar a "colaboração e inovação aberta" para potenciar o desenvolvimento da Era Digital.
O alto responsável pela multinacional chinesa - que renovou, este ano, a parceria com aquele que é tido como o maior evento tecnológico do mundo - partilhou as suas perspetivas sobre a indústria das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e o papel do 5G na construção da infraestrutura digital. Segundo Liang Hua, a nova geração móvel servirá mais de metade da população em 2025, potenciando o crescimento de tecnologias como Cloud Computing, Inteligência Artificial (IA) e Realidade Virtual e Aumentada.
Com maior velocidade de transferência, maior robustez e menor latência, o 5G terá capacidade para "digitalizar as indústrias com maior rapidez", trazendo para a realidade quotidiana cenários até aqui futurísticos em áreas como a educação ou a saúde. Se o live streaming em alta definição e a tecnologia 3D sem óculos permitirão criar experiências imersivas e fazer avançar o ensino à distância, o mercado dos wearables poderá impactar a vida dos doentes crónicos. Através destes dispositivos, o bem-estar dos doentes pode ser monitorizado em tempo real, independentemente da distância física entre médico e paciente.
Por outro lado, o Cloud Computing e a IA têm vindo a dar provas do seu potencial durante o combate à crise pandémica, ajudando a acelerar a investigação de vacinas.
"Tudo isto fará progredir a nossa indústria e a economia digital", que deverá ser responsável, em 2025, pela geração de mais de 30% do PIB mundial. "A Europa tem uma base industrial forte e a capacidade de inovar. A convergência das tecnologias 5G, Cloud e IA ajudará a implementar o mundo digital, incrementar a produtividade e gerar novo valor", defendeu o chairman.
Internacionalmente reconhecida pela aposta contínua na investigação e desenvolvimento (I&D), a Huawei tem multiplicado esforços, ao longo do último ano, para contornar os obstáculos impostos pelo bloqueio comercial declarado pelos Estados Unidos. A guerra comercial com a China mantém-se, mas a marca tem apostado no desenvolvimento de um ecossistema digital que permita disponibilizar, nos seus equipamentos móveis, aplicações que substituem as soluções da Google, como YouTube, Maps ou Gmail.
No primeiro dia de Web Summit, vários especialistas nacionais e internacionais da Huawei organizaram masterclasses sobre algumas destas aplicações. Um deles foi Javid Novruzov, que procurou mostrar aos desenvolvedores de software como tirar partido da AppGallery Connect, uma plataforma aberta que permite criar, gerir e distribuir apps. Aplicações como a Petal Maps, Huawei Video ou Huawei Business Connect, que integram o mercado nativo AppGallery, estiveram em destaque na programação diária para potenciar o crescimento do ecossistema da tecnológica chinesa.
Além do desafio global comum de combate à covid-19, Liang Huan acredita que a inovação tecnológica tem poder para ajudar a construir um futuro ambientalmente mais sustentável. "Este é um momento-chave para fazer crescer a economia digital. As empresas têm de trabalhar com parceiros e clientes de diferentes indústrias para estimular a inovação e criar oportunidades", afirmou o chairman. "Só um mundo conectado será capaz de gerir a onda de digitalização, equilibrar o crescimento económico com proteção ambiental e abordar os desafios que enfrentamos", disse ainda.
De acordo com dados divulgados esta tarde pela empresa, o setor das TIC representa 6% de contribuição para o PIB mundial e apenas 2% dos gases com efeitos de estufa. "As redes móveis podem permitir melhorar até dez vezes a emissão de gases com efeito de estufa", explicou Paul Scanlan, que exemplifica com o impacto de transformação que a tecnologia terá em setores fundamentais como a indústria e os transportes. Com a ajuda de grandes multinacionais como a Vodafone, Microsoft ou Google, que assumiram o compromisso de consumir 100% de eletricidade verde a curto prazo, será possível, acredita, reduzir as emissões de CO2 em 45% no setor das TIC até 2030. "Conseguimos fazer isto, é responsabilidade das organizações tornarem isto [objetivos sustentáveis] tão importante quanto as receitas", afirma o CTO da Huawei Carrier Business Group.
Esta quinta-feira, 3, a tecnológica chinesa está de regresso à programação da Web Summit com masterclasses sobre os desafios da sustentabilidade no setor, a inclusão digital e o empoderamento das mulheres no mundo da tecnologia. Catherine Chen, vice-presidente sénior da Huawei, será a protagonista na sessão "We need more women leaders in the digital era" ["Precisamos de mais líderes femininas na era digital", em português], marcada para as 13h.