E o coelhinho foi com o Pai Natal no comboio ao circo... Fantasias ainda encantam

Na Imperial, o Natal representa 30% das vendas anuais. A preparação começa meses antes, com a conceção de novos produtos
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"Não, não, o coelhinho veio com o Pai Natal e o palhaço no comboio ao circo", dizia a menina para salvar as miniaturas de chocolate da gulodice do avô. Este anúncio de Natal na televisão marcou gerações, esteve no ar durante 18 anos consecutivos, desde 1980, e colocou no estrelato as Fantasias de Natal da Imperial.

Atualmente, a Imperial já não aposta em publicidade na televisão, mas "nas redes sociais, em ações de degustação, de promoção, que são muito mais eficazes", afirma a presidente executiva da empresa, Manuela Tavares de Sousa. No entanto, garante, "as Fantasias de Natal continuam a ser uma das referências mais vendidas nesta época. O seu portfólio foi alargado, continuamos a ter as figuras básicas e acrescentamos novas. Além disso, neste ano são vendidas na Bota de Natal".

A aposta da empresa de fabrico e comercialização de chocolate para esta época festiva "tem que ver também com as novas tendências de mercado. Por isso, lançamos os produtos que gostamos de apelidar de experience marketing, através dos quais crianças e adultos têm acesso a uma componente lúdica e, no final, podem saborear um bom chocolate", adianta a CEO. Assim, surgem no mercado o Jogo da Glória, reinventado com as peças de chocolate, um puzzle/calendário do Advento, e a bota.

Manuela Tavares de Sousa garante que a receita se mantém, "em muitos casos pode ter sido melhorada, e as matérias-primas continuam a ser topo de gama".

A mais antiga funcionária da Imperial, Maria Pontes (na foto, à direita), que começou a trabalhar na empresa há 52 anos, quando ainda tinha 14, lembra-se de como começaram a fabricar as miniaturas de Natal. "Era tudo à mão, quase não havia máquinas. Com a mudança de instalações, porque também já não havia capacidade de resposta para as encomendas, passaram a ser feitas nas máquinas. A receita pode ter mudado um bocadito, mas só por causa da maquinaria."

Mesmo com esta alteração, Maria Pontes diz que de todos os chocolates da Imperial, dona das marcas Regina, Jubileu, Pintarolas, Allegro e Pantagruel, "os favoritos são as Fantasias, e continuam a ser muito procuradas. Há muita gente que as vem comprar à fábrica, tal como no início. Muitas vezes para enfeitar a árvore de Natal, ou para colocar como decoração pela casa".

Espanha rendida aos Reis Magos

Apesar das exportações da Imperial já valerem 25% (em 2016, com expectativas de chegar aos 30% neste ano), as Fantasias de Natal não são um dos produtos mais exportáveis. "Como é um chocolate oco, os custos de transporte seriam muito elevados, o que não compensa em termos de negócio. Mesmo assim Angola importa muito este produto, e Espanha está rendida às miniaturas dos reis magos", sublinha a CEO da empresa.

Para os outros mercados onde já tem presença, como África, Ásia, América Latina, Rússia e EUA, a aposta continuará a ser noutro tipo de chocolates. Por exemplo, "nos EUA valorizam muito os produtos com tradição, e os vintage da Imperial têm uma grande aceitação", diz. Já para outros destinos, como o Médio Oriente e a Rússia, o público-alvo é mais jovem, e as Pintarolas são as mais procuradas.

Maior consumo

O Natal é a época do ano durante a qual o país se rende ao chocolate, apesar de o consumo per capita ser muito baixo, quando comparado com a média europeia. Em Portugal o consumo aproxima-se dos 1,7 quilogramas ao ano (incluindo as tabletes de culinária para sobremesas), enquanto a média europeia é de 5,2 quilogramas. Mesmo assim, o negócio do chocolate valeu 200 milhões de euros em 2016, apesar de Portugal ser o país com o IVA mais elevado - 23%.

A ACHOC - Associação dos Industriais de Chocolates e Confeitaria, refere que "para algumas categorias o período do Natal poderá representar cerca de 40% do total do ano, valores que oscilam em resultado de diferentes fatores, nomeadamente da vontade das famílias. Há também que reconhecer uma bem maior visibilidade nos pontos de venda, uma exposição mais massificada dos produtos", diz a associação. O mercado tem vindo a subir e, em 2016, cresceu 3% em comparação com 2015. As expectativas são de continuação do crescimento.

Para a Imperial, o Natal representa 30% da faturação total do ano, "porque também somos muito fortes nos produtos da Páscoa, o que faz alterar essas contas", revela Manuela Tavares de Sousa.

O chocolate de culinária Pantagruel também tem muito peso nas vendas de Natal. "É a marca líder no mercado no chocolate para culinária e é muito mais usado nesta altura do ano para confecionar as sobremesas, o que faz aumentar as vendas", salienta a presidente executiva. "Os bombons premium são também muito procurados nesta época festiva. Este produto, com os seus mais variados sabores, é adquirido para oferta", frisa.

Preparação do Natal

Quando todos já estão a fazer as últimas compras, a Imperial está a preparar uma nova época. O Natal da fábrica do chocolate começa seis a 12 meses antes. "Com a análise das tendências do mercado, o desenvolvimento e a conceção de novos produtos, e o marketing". Depois, a partir de outubro, a fábrica trabalha em laboração contínua, com quatro turnos, o número de colaboradores aumenta de 200 para cerca de 220 e, das 20 toneladas produzidas diariamente, passam para as 25 toneladas. Em dezembro já não é Natal na fábrica.

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