Construir uma Web Summit que bate recordes

Countdown to Web Summit 2022 com Paddy Cosgrave, CEO da Web Summit.

A vida após a pandemia jamais será a mesma. É o que muita gente diz. Certamente, a vida no escritório sofreu mudanças sem precedentes com tantas pessoas a trabalharem remotamente. Portugal tornou-se um destino favorito para os nómadas digitais - capazes de trabalhar de qualquer parte do mundo.

Mas e os eventos ao vivo? Perguntam-me frequentemente: as pessoas estão ávidas para se misturarem e para se encontrarem pessoalmente no pós-pandemia?

O prato da balança parece pender para o lado dos encontros na vida real por oposição aos virtuais.

E porque é que penso isto? A prova parece estar nas nossas vendas de bilhetes: atingimos o maior pico de sempre em junho deste ano com o nosso evento Collision, em Toronto, esgotado depois de dois anos sem se realizar.

E agora, em Lisboa, acontece o mesmo. No passado, tivemos de fechar a venda de bilhetes para a Web Summit uns dias antes do evento por razões de segurança, mas a verdade é que este ano em Lisboa esgotámos três semanas antes do evento. Parece haver uma enorme procura.

Os últimos dois anos foram difíceis para todos nós, mas enquanto empresa de eventos ao vivo, a Web Summit teve os seus momentos aterradores. Ao longo dos últimos dois anos corremos vários riscos para sobreviver.

Tínhamos passado uma década como uma empresa bootstrapped, a crescer rapidamente e a reinvestir todos os lucros. Quando a covid chegou, de repente, chegámos ao final de 2020 e início de 2021 e tornou-se claro que as nossas receitas tinham colapsado. Perdemos todo o ímpeto que tínhamos vindo a construir ao longo dos anos e não havia qualquer certeza de que quaisquer eventos regressassem em 2021.

Nestes momentos, temos realmente um sentimento de apreço pela equipa que nos rodeia e por quão comprometidos estão. Penso que quando as coisas se complicam, eles esforçam-se, mobilizam-se e tentam fazer tudo o que podem. Não dispensámos uma única pessoa, e isso acarretava imenso risco. Teríamos desaparecido em circunstâncias extraordinárias, e mais de 200 pessoas teriam perdido os seus empregos.

Felizmente, quando chegámos a julho de 2021, tornou-se claro que poderíamos realizar a Web Summit presencialmente pela primeira vez desde o início da pandemia. Tínhamos muito pouco tempo para a organizar, para a comercializar e para a vender. Só nos era permitido ter 42 mil participantes e atingimos esse limite estipulado.

"As conversas que acontecem nas filas do aeroporto ou a beber uma cerveja na Rua Cor de Rosa no Cais do Sodré podem levar a vários tipos de negócios inesperados. Essa é a magia da Web Summit."

Muito da nossa sobrevivência tem a ver com timing, sorte e uma equipa incrível. Desde que as coisas abriram novamente, aumentámos os nossos efetivos em 25%. Agarrámo-nos a isso mesmo quando parecia que lutávamos contra todas as probabilidades - os riscos compensaram massivamente.

Agora, a Web Summit está a bater recordes a todos os níveis. Estamos de volta a uma capacidade total de 70 mil participantes, a esgotar mais cedo que nunca, com a presença de mais start-ups e empresas do que nunca.

Estamos prontos para aproveitar as próximas semanas em Lisboa. Podemos teorizar sobre o que faz com que as pessoas continuem a voltar. Quando organizamos qualquer evento, mas especialmente um que esteja na vanguarda da tecnologia e da economia, lidamos com muita gente inteligente, ocupada e relativamente perspicaz. Estas pessoas não voltariam a algo que fosse um desperdício do seu tempo.

Penso que há várias coisas que fazemos na Web Summit que ajudam a que isto aconteça, mas desde os primeiros dias, passámos muito tempo a construir software que ajudará as pessoas a planear o seu tempo de forma eficaz. Tentamos fazer tudo para aumentar as hipóteses para que todos conheçam as pessoas certas.

A serendipidade é uma componente de peso em qualquer reunião de seres humanos, sejam 20 pessoas para jantar em sua casa, ou 20 mil para uma conferência. As conversas que acontecem nas filas do aeroporto ou a beber uma cerveja na Rua Cor de Rosa no Cais do Sodré podem levar a vários tipos de negócios inesperados. Essa é a magia da Web Summit.

A Night Summit acontece em vários bares de Lisboa. Acho que as pessoas acabam por adorar isso. É simplesmente uma ótima forma de permitir que tirem maior proveito do seu tempo numa conferência.

Na sua essência, a Web Summit não é sobre os grandes nomes de hoje.

Pode ouvi-los no YouTube, no Spotify ou em qualquer uma das plataformas onde descarrega os seus podcasts. A Web Summit oferece uma plataforma à próxima geração. Penso que é por isso que muita gente vai à Web Summit.

Vão para descobrir o futuro, não para se maravilharem com o passado ou com a presença de heróis no palco.

É onde as pessoas vão para encontrar nomes que ainda não conhecem e que serão os grandes nomes do futuro. Muitas das estrelas da tecnologia que vieram à Web Summit nos seus primórdios, como Jack Dorsey e Elon Musk, não eram assim tão importantes na altura.

Espero que continue a ser esse o caso na Web Summit deste ano. Estamos a reunir o maior número de fundadores e investidores de start-ups de sempre.

Daqui a dez anos, serão construídas algumas empresas notáveis e alguns dos investidores consolidarão o seu nome.

Countdown to Web Summit 2022 é uma nova rubrica no Diário de Notícias, que antevê algumas das tendências que vão marcar o próximo encontro mundial de startups no final de outubro, em Lisboa. Até à semana do evento, estarão em análise as oportunidades e os desafios dos investidores, os exemplos inspiradores e as novidades que vão marcar a agenda dos empreendedores nacionais e mundiais. O palco passa por aqui, com a reflexão de especialistas numa nova série de artigos de opinião. O artigo hoje publicado tem a assinatura de Paddy Cosgrave, CEO da Web Summit.

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