Construção resiste à pandemia e cresce em contraciclo

O investimento registou uma degradação homóloga de 11%, mas nem todas as componentes se comportaram da mesma maneira.
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A par do consumo, o investimento também deu um forte contributo para a contração histórica do produto interno bruto (PIB) no segundo trimestre do ano, com uma diminuição de 9% da formação bruta de capital fixo (FBCF).

Mas nem todas as componentes as componentes da FBCF sofreram os impactos da pandemia. O investimento em construção não só conseguiu manter-se em terreno positivo como cresceu. "A FBCF em Construção acelerou, passando de uma variação homóloga de 2,5% para 7,5% no 2.º trimestre", refere o Instituto Nacional de Estatística (INE).

E mais do que ter um comportamento em contraciclo com os restantes setores, esta componente parece estar a ter um comportamento melhor do que nos restantes países europeus, "contrastando com o verificado em vários países da União Europeia, onde o setor da construção terá também sido muito afetado pelo impacto negativo da pandemia covid-19", indica o INE.

Nas restantes componentes, verifica-se uma contração do investimento em equipamentos de transporte (69,9%), noutras máquinas e equipamentos (-22,4%) e nos produtos de propriedade intelectual (-5,2%).

Obras não pararam

Para Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), o bom desempenho do setor deve-se à manutenção da atividade das empresas mesmo nas semanas em que o país viveu sob estado de emergência. "A maioria das obras em curso, públicas e particulares, manteve-se em execução" e "os números que conhecemos hoje traduzem essa realidade", frisa.

Segundo o responsável, o contributo das obras particulares foi também determinante para estes resultados, mas o mesmo não se pode dizer das públicas. Como sublinha, regista-se "um crescimento muito significativo ao nível dos anúncios de concursos de empreitadas de obras públicas", mas "a celebração de novos contratos está praticamente ao mesmo nível do ano passado".

A manutenção do investimento nestes níveis carece de apoios, até porque os próximos meses estão toldados por "um elevado grau de incerteza" dada a impossibilidade de saber como vai evoluir a pandemia e a situação económica do país, diz. Neste contexto, Reis Campos defende que o setor da construção e imobiliário, apontado a nível europeu como decisivo para a reativação da economia e do emprego, deve ser apoiado com medidas de carácter fiscal e contributivo, como novas moratórias, linhas de crédito com condições favoráveis, mas também com a agilização dos processos de licenciamento, uma fiscalidade mais favorável e um programa de vistos gold atrativo à escala europeia.

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