Comboios turísticos seguram linhas do Douro e Minho
A CP - Comboios de Portugal está a recorrer a material que servia os comboios turísticos no Norte para evitar falhas nas linhas do Minho e do Douro. A culpa é das avarias nas automotoras diesel alugadas a Espanha (da série 592), com cerca de 40 anos.
A transportadora tem posto a circular as carruagens Schindler - utilizadas no serviço turístico MiraDouro em 2017 e 2018 - e as carruagens Corail - que servem o Intercidades -, testemunhou o DN/Dinheiro Vivo esta semana.
"As supressões de serviços com automotoras são, sempre que possível, realizadas com máquina e carruagens. Como cancelaram o MiraDouro e há carruagens em falta nos Intercidades, estes serviços alternativos, para evitar supressões, são feitos também com as Schindler", explica a comissão de trabalhadores da CP.
Esta alternativa, ainda assim, não tem evitado a supressão de comboios: desde 1 de abril, houve 33 viagens por fazer no Douro e 15 supressões na linha do Minho, segundo os dados da IP - Infraestruturas de Portugal.
As carruagens turísticas foram produzidas na década de 40 pela fabricante suíça Schindler e colocadas ao serviço na rede ferroviária nacional entre 1949 e 1977.
Recuperado em 2004 e 2017 para serviços turísticos na região do Douro entre julho e setembro, este material esteve em risco de ser encostado nas últimas semanas porque a CP acabou com o comboio MiraDouro.
A empresa alegou que "o mercado não terá valorizado o comboio MiraDouro", avançou o Público.
O material suíço, contudo, ganhou nova vida por necessidade. Agora, substitui as automotoras em falta; entre o final de novembro de 2018 e o final de março, transportou os passageiros entre Marco de Canaveses e o Pocinho, durante a eletrificação do troço Caíde-Marco.
Portugal aluga atualmente 22 automotoras diesel - serão 24 até final de setembro - à congénere espanhola Renfe - por causa da bitola ibérica. Mas Espanha apenas aluga as UTD 592, fabricadas entre 1981 e 1984.
Cada unidade já em circulação custa ao país 350 mil euros, anuais, devendo as novas ficar mais baratas, por 315 mil euros. A despesa total, por ano, andará próximo dos 8,3 milhões de euros, embora o pagamento seja faseado.
O Dinheiro Vivo perguntou à CP se esta situação se irá prolongar, mas não obteve resposta. A comissão de trabalhadores exige a contratação urgente de 57 operários para as oficinas de manutenção da EMEF.