Metade da força de trabalho global em risco de perder meios de subsistência

Organização volta a rever em alta impacto da pandemia. 1,6 mil milhões estão em risco de ficar sem sustento e sem qualquer cobertura dos Estados devido à pandemia. Mundo perde o equivalente a 365 milhões de empregos, nove milhões nos países da Europa do Sul.

Os países do sul da Europa, onde se inclui Portugal, vão enfrentar o segundo pior impacto do mundo em termos de perdas no mercado de trabalho daqui até meados do ano, com uma redução de 15,9% na atividade dos trabalhadores projetada pela Organização Internacional do Trabalho esta quarta-feira. A perda equivale a nove milhões de postos de trabalho a tempo completo, contabilizados em 40 horas semanais, em linha como o padrão europeu de horários de trabalho.

Os países do sul da Europa, onde se inclui Portugal, vão enfrentar o segundo pior impacto do mundo em termos de perdas no mercado de trabalho daqui até meados do ano, com uma redução de 15,9% na atividade dos trabalhadores projetada pela Organização Internacional do Trabalho esta quarta-feira. A perda equivale a nove milhões de postos de trabalho a tempo completo, contabilizados em 40 horas semanais, em linha como o padrão europeu de horários de trabalho.

Já pela segunda vez, a OIT atualizou estimativas de perdas no mercado do trabalho. O primeiro cenário antecipava 25 milhões de desempregados em todo o mundo, revisto pouco depois para a projeção de perda do equivalente a 195 milhões de postos de trabalho (15 milhões dos quais no conjunto da Europa). Agora, a revisão de estimativas agrava ainda mais o quadro. Ao todo, o mundo enfrenta ao longo do segundo trimestre um corte equivalente a 365 milhões de empregos.

Podia ser ainda pior. A Oriente, a China está a regressar à atividade, o que reduziu ao longo das últimas duas semanas a estimativa de percentagem de trabalhadores que em todo o mundo sofrem impacto da pandemia de 81% para 68% nos cálculos da OIT. Ainda assim, há países a impor novas medidas de confinamento, ou a estendê-las, o que limita a queda deste indicador a nível global.

A pior quebra no trabalho afeta os países da América do Norte, os Estados Unidos e Canadá. A estimativa é de perda de 16,2%, o equivalente a 27 milhões de postos de trabalho ao longo segundo trimestre. Na verdade, este novo balanço aponta a um número apenas pouco acima dos mais de 26 milhões de pedidos de desemprego que se acumulavam só nos EUA ao longo das últimas cinco semanas e até à última quarta-feira.

Na Europa, mesmo num momento em que muitos países iniciam o caminho para a reabertura económica, com arranque na Alemanha, as projeções da OIT para os efeitos previsíveis no segundo trimestre veem dados agravados. A Europa ocidental deverá ter um corte de 11,9% no mercado de trabalho e o norte da Europa uma quebra de 11,7%, com os países meridionais - também os mais afetados pela pandemia, nos casos de Espanha e Itália - a perderem 15,9% das horas trabalhadas.

No conjunto, os países europeus deverão ver o emprego afundar no equivalente a 25 milhões de postos de trabalho de abril ao final de junho, aos quais se soma um efeito equivalente a uma perda de cinco milhões de empregos ao longo do primeiro trimestre. No sul da Europa, as contas para o conjunto da primeira metade do ano apontam a 11 milhões de postos de trabalho em horário completo em inatividade.

Os cálculos da OIT preveem decréscimos nas horas trabalhadas, e não subidas efetivas no desemprego, que poderão ou não efetivar-se. A razão é que em muitos casos, tal como sucede agora em Portugal, há trabalhadores que estão a ter horários reduzidos ou suspensos, e não necessariamente perda do posto de trabalho para já.

Mas, a organização também chama nesta última atualização de previsões a atenção para a situação daqueles que não têm quaisquer vínculos formais de trabalho. Estes não contam para os números oficiais de desemprego dos países e tão-pouco têm acesso a apoios. Serão dois mil milhões, dos quais 1,6 mil milhões estão em risco de ficar sem sustento e sem qualquer cobertura dos Estados devido à pandemia. É metade da força de trabalho global, sublinha bastante a OIT.

"À medida que a pandemia e a crise de desemprego evoluem, a necessidade de proteger os mais vulneráveis torna-se ainda mais urgente", apela o diretor-geral, Guy Ryder. A estratégia dos países deve ser a de criarem políticas e instituições de emprego mais fortes, sistema de proteção social mais integrados e com mais recursos, além do que a cooperação internacional possa trazer em termos de alívio de dívidas e pacotes de estímulo.

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