Cascais vai esperar quase 10 anos para se ligar à Gare do Oriente

Calendário atualizado das obras ferroviárias da IP aponta para novos atrasos em investimentos prioritários. Taxa para usar carris deverá aumentar 6% em 2025.
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O discurso político defende uma aposta cada vez maior nos comboios, mas a realidade insiste em contrariar as palavras. O mais recente calendário para as obras ferroviárias indica novos atrasos em investimentos classificados como prioritários para "projetar Portugal na Europa". Além dos problemas com o plano de investimento Ferrovia 2020, somam-se os atrasos nas empreitadas que deveriam estar concluídas do Programa Nacional de Investimentos 2030 (PNI2030), segundo informação aos operadores divulgada pela Infraestruturas de Portugal (IP).

Os atrasos são transversais a todo o país. Há décadas que se aguarda que um comboio elétrico possa partir da estação de Cascais e chegue à estação do Oriente, passando por Sete-Rios, Entrecampos e Roma-Areeiro. No PNI2030, a ligação entre a Linha de Cascais e a Linha de Cintura seria construída em 2023 e 2027. Agora, será preciso esperar quase uma década: a IP estima que os trabalhos para enterrar a estação de Alcântara-Terra decorram entre 2028 e 2031.

Antes disso, na primeira metade de 2025, a linha cascalense passará a ter o sistema de eletrificação igual ao da restante rede ferroviária nacional (de 25 000 volts, em vez dos atuais 1500). A migração da corrente, no entanto, apenas irá ocorrer em 2027, quando a CP tiver 25 das 34 novas automotoras elétricas para esta linha - as primeiras 25 unidades serão bi-tensão e só chegarão em meados desse ano. Até ao final de 2026, a IP compromete-se em acabar com três atravessamentos à superfície desta linha.

Na alta velocidade, a IP compromete-se em construir a nova linha entre Porto e Soure até ao final de 2030, não referindo datas para o percurso entre Soure e Carregado, que também deveria ficar pronto até ao final da década. Em princípio, o concurso público para a construção dos primeiros 71 quilómetros da nova linha (sub-troço Porto-Oiã) será lançado dia 15 de janeiro. Também até ao final de 2030, a gestora de infraestruturas prevê a conclusão da nova linha entre Braga e Valença, que depois será continuada até Vigo.

Para o início do ano anterior, prevê-se a conclusão da quadruplicação do percurso Contumil-Ermesinde, desencravando a área suburbana do Porto por 120 milhões de euros.

No distrito de Lisboa, a IP compromete-se em até 2030, com cinco anos de atraso, quadruplicar os troços entre Roma-Areeiro e Braço de Prata, e Alverca-Castanheira do Ribatejo-Azambuja.
Não muito longe, a Linha de Vendas Novas será modernizada até ao início de 2029. Na Linha do Alentejo, o troço Poceirão-Bombel será duplicado até ao final de 2028. Mais abaixo, Beja terá de esperar ao final de 2029 para poder receber os primeiros comboios elétricos a partir de Casa Branca, quatro anos mais tarde do que previa o PNI2030.

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