Boeing afunda em bolsa: menos 22 mil milhões em dois dias

Cada ação da maior construtor do mundo está a valer menos 50 dólares do que na sexta-feira
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22 mil milhões de euros perdidos em bolsa em dois dias. É este o impacto do segundo acidente com um Boeing 737 Max 8 em menos de seis meses, neste domingo, na Etiópia. À hora de fecho dos mercados na sexta-feira, cada ação da Boeing valia 422,42 dólares. Até este momento, cada título perdeu mais de 50 dólares.

Modelo de aviões mais vendido do mundo, a queda do novo 737 da Boeing, o segundo em menos de seis meses, está a deixar a construtora em muito maus lençóis. Só ontem, a companhia americana teve o pior dia em bolsa desde que as ondas de choque do 11 de setembro atingiram a empresa, chegando a cair mais de 12%, ainda que tenha recuperado parte do valor até ao fecho do mercado.

E as coisas estão a tornar-se mais negras para a construtora, com a União Europeia a fechar todo o espaço aéreo ao Boeing 737 Max 8, depois de seis países europeus - incluindo França, pátria da Airbus, a grande concorrente da Boeing - já se terem juntado à China, à Etiópia, à Indonésia e a mais um grupo de países que o tinham banido até estarem corrigidos os problemas.

Se a queda de um avião deste modelo da indonésia Lion Air em outubro agitou a cotação da Boeing mas rapidamente a companhia conseguiu reagir, o efeito do segundo acidente aéreo com o novo modelo - que num só ano de operação colocou mais de 300 aeronaves por todo o mundo -, está a provocar uma verdadeira derrocada. E não se prevê que as nuvens negras desapareça, numa altura em que se torna cada vez mais claro que o software do 737 Max 8 foi responsável pelos acidentes.

"O 737 representa cerca de um quarto das vendas totais da Boeing", lembram analistas especializados em aviação. A Boeing tem uma carteira de encomendas deste modelo que ultrapassa as 5100 unidades - sendo o eleito sobretudo de companhias low cost. Com mais de metade dos seus resultados e valor assentes nas vendas, no início deste ano, a Boeing aumentou a produção para conseguir entregar 57 aeronaves por mês. Aviões que agora terão de ficar em terra e cuja tecnologia terá de ser revista e inevitavelmente sujeita a testes exaustivos até voltar a ganhar a confiança das companhias e dos mercados de todo o mundo. O que levará meses - basta lembrar o que aconteceu com o Dreamliner há cinco anos, caso que custou mais de 600 milhões de dólares à companhia americana.

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