Banca perdeu dois trabalhadores por dia em 2019

Mais de 900 bancários ficaram sem emprego em 2019 e fecharam quase uma centena de balcões em todo o país. O BCP ultrapassou a CGD e é o maior empregador entre os grandes bancos.
Publicado a
Atualizado a

Num ano de fortes lucros para os principais bancos em Portugal, a saída de trabalhadores abrandou, mas não parou. Os cinco maiores bancos no país passaram a empregar menos de 30 mil trabalhadores em 2019. Em média, no ano passado os maiores bancos dispensaram dois trabalhadores por dia. Saíram ao todo 919 trabalhadores dos maiores bancos; também o fecho de balcões abrandou, mas ainda fecharam portas 95 agências bancárias no país em 2019. Isto num ano em que o BCP, a CGD, o Santander Portugal e o BPI fecharam as contas de 2019 com lucros globais de quase dois mil milhões de euros. Já o Novo Banco somou prejuízos de 1059 milhões de euros.

A saída de quadros dos maiores bancos abrandou face a 2018, ano em que se registou a perda de 1423 postos de trabalho nos maiores bancos e o encerramento de 321 balcões. Mas, apesar do abrandamento, neste ano o setor deverá ainda eliminar postos de trabalho.

O Millennium BCP passou a ser o maior empregador da banca em Portugal ultrapassando a estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD) no pódio. O BCP foi o único banco que contratou mais do que despediu, resultando num aumento de 109 empregos no grupo em Portugal. O banco presidido por Miguel Maya conta com 7204 colaboradores, face aos 7095 que tinha em dezembro de 2018. Já a CGD foi a campeã nos despedimentos no setor. O banco liderado por Paulo Macedo eliminou 575 postos de trabalho no grupo, passou a empregar 7100 funcionários que compara com os 7675 que empregava no final de 2018. O Santander foi o segundo banco que mais reduziu pessoal, com o corte de 249 colaboradores. Emprega 6188 funcionários quando um ano antes tinha 6437. O Novo Banco continuou com o seu plano de saídas de colaboradores e eliminou 156 postos de trabalho. O banco liderado por António Ramalho passou de 4804 funcionários no fim de 2018 para 4648 em dezembro passado. O Banco BPI, detido pelo espanhol CaixaBank, reduziu 48 postos de trabalho e regista 4840 funcionários.

Os bancos em Portugal têm vindo a encolher os seus quadros. A crise financeira e alguns alegados atos de gestão danosa levaram bancos a pedir apoio estatal. A revolução digital da economia, que está em curso, trouxe novos concorrentes aos bancos convencionais. A somar, a política monetária do Banco Central Europeu mantém as taxas de juro em mínimos históricos. O resultado tem sido uma descida das receitas e das margens do setor. Pela positiva, as carteiras de dívida pública dos bancos têm valorizado e o boom imobiliário tem feito disparar a procura de crédito e ajudado o setor a desfazer-se de portfólios de crédito malparado. Os bancos têm ainda beneficiado do reembolso pelo Estado de créditos fiscais por ativos por impostos diferidos.

No caso da CGD e do Novo Banco, têm vindo a implementar planos de reestruturação que foram carimbados por Bruxelas, como contrapartida às injeções de capital recebidas. Os planos envolvem cortes de custos de venda de ativos, A CGD foi capitalizada em cerca de cinco mil milhões de euros e o Novo Banco recebeu uma injeção de 4,9 mil milhões de euros na sua criação, em 2014, a que acrescem três mil milhões de euros injetados pelo Fundo de Resolução ao abrigo do mecanismo da garantia estatal dada pelo governo aquando da venda do banco à norte-americana Lone Star, em outubro de 2017. Estes dois bancos ainda estão a implementar os seus planos de reestruturação que implicam a saída de mais funcionários. Por outro lado, os bancos têm vindo a investir no digital, o que implica a contratação de novos trabalhadores especializados em áreas relacionadas com a nova era da banca online.

Desertificação

Nos balcões, foi o BCP que liderou nos encerramentos. O banco fechou 41 agências em todo o país. Tem agora 505 balcões com as portas abertas, o mesmo número que o Santander, que riscou 30 agências da sua rede em Portugal. O BPI fechou 15 balcões, passando a deter 406 agências a funcionar. O Novo Banco fechou seis agências e passou a ter 375. Quanto à CGD, fechou três agências e, entre os maiores bancos, é o que tem a maior rede de balcões. O grupo Crédito Agrícola é dono da maior rede de agências bancárias no país. Ainda não divulgou as suas contas de 2019 mas no final de 2018 contava com 675 balcões.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt