Autoeuropa. Sindicatos não se comprometem com greve até fevereiro

Maioria dos operários quer parar fábrica a 2 e 3 de fevereiro em protesto contra novos horários de trabalho em 2018

Os sindicatos não se comprometem com a dupla greve aprovada em cinco dos seis plenários de quarta-feira na Autoeuropa. Os representantes dos trabalhadores afetos às centrais CGTP e UGT querem esperar por mais reuniões e por mais detalhes do documento votado nos plenários, depois de a comissão de trabalhadores ter dito que a paralisação da fábrica de Palmela a 2 e 3 de fevereiro estava nas mãos dos sindicatos. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, voltou a apelar à paz social na empresa.

"Temos uma reunião esta sexta-feira com a comissão de trabalhadores e dia 9 de janeiro com a administração da Autoeuropa. Só vamos divulgar a nossa posição nessa altura", adiantou Eduardo Florindo, dirigente do SITE-Sul, sindicato afeto à CGTP. O secretário-geral, Arménio Carlos, considerou que "não é por um dia de greve que se põe em causa a vida de uma fábrica".

Afeto à UGT, o SINDEL - Sindicato Nacional da Indústria e da Energia disse que não recebeu qualquer contacto da comissão de trabalhadores. Ao DN/Dinheiro Vivo, Isidoro Barradas lembra que este sindicato "é mais favorável a negociações do que a greves". O DN/Dinheiro Vivo contactou ainda o SIMA - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins, mas não obteve resposta até ao final desta edição.

O coordenador da comissão de trabalhadores, Fernando Gonçalves, pretende manter as reuniões com a administração da empresa e diz mesmo que "ainda há hipótese de negociar os horários a implementar a partir de 29 de janeiro".

A partir desse dia, a fábrica de Palmela vai funcionar com 17 turnos semanais, de segunda a sábado. O sábado será pago como dia de trabalho extraordinário, apesar de a semana de trabalho ser de apenas cinco dias. Por outro lado, em cada dois meses garantem-se quatro fins de semana completos e mais um período de dois dias consecutivos de folga. O domingo é o único dia de descanso fixo.

A margem para negociar, no entanto, é muito curta. A administração apenas admite alterar os horários de início de turnos, apurou o DN/Dinheiro Vivo junto de fonte ligada ao processo.

Se o cenário de greve se confirmar, a Autoeuropa poderá enfrentar a segunda paragem em menos de cinco meses. A primeira greve da história da empresa realizou-se a 30 de agosto. Na altura, ficaram por produzir 400 carros e o impacto foi de até 5 milhões de euros.

Marcelo Rebelo de Sousa voltou a falar sobre o impasse na fábrica: "Os portugueses percebem que há empresas em que, pela sua importância, pelo emprego que envolvem e pelo prestígio internacional, é importante que haja paz social. Que não se corra o risco de aventuras", alertou ontem na sessão de boas-festas do governo.

A comissão de trabalhadores e a administração voltam a reunir-se a 5 de janeiro. Além do horário de trabalho, será debatido o caderno reivindicativo para 2018. Os representantes dos operários propõem um aumento salarial de 6,5%, com um valor mínimo de 50 euros, para vigorar até setembro de 2018, e com efeitos retroativos a partir de outubro deste ano. A comissão de trabalhadores também quer que todos os contratos a termo há mais de um ano, a 1 de janeiro passem imediatamente a efetivos e que a empresa se comprometa a não realizar qualquer despedimento coletivo até 31 de dezembro de 2019.

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