Aplicação portuguesa reúne todas as promoções dos supermercados
A Savvy Descontos é uma aplicação móvel que reúne todas as promoções de sete super e hipermercados em Portugal. Disponível gratuitamente nos sistemas operativos Android e iOS, esta solução nasceu em fevereiro de 2020 e já conta com 1500 utilizadores por mês sem haver divulgação. Os próximos passos da plataforma passam pela aproximação das marcas aos consumidores finais para se tornar numa ferramenta ainda mais prática.
"Somos um motor de pesquisa de descontos. Na nossa aplicação, conseguimos procurar pelos artigos ou ver os descontos por várias categorias e, depois, podemos ordenar a apresentação dos produtos por vários critérios, como o preço", explica a co-fundadora Zhanna Kozhedubova em conversa com o Dinheiro Vivo. Esta fazedora criou a Savvy Descontos em parceria com João Aires.
A plataforma nasceu para facilitar o trabalho dos consumidores e partiu da experiência familiar da co-fundadora. "Os folhetos em papel apresentam os descontos por artigos. Se procurar um pepino em promoção, precisamos de olhar para todo o folheto, o que não é conveniente quando se está a fazer a lista de compras. Desenhei a aplicação a pensar na minha mãe. Tínhamos os folhetos, fazíamos círculos à volta dos produtos e depois perdíamo-nos. Isso gerava alguma frustração porque nos esquecíamos das coisas."
Ao procurar pelas promoções, a aplicação permite que adicionemos os artigos a uma lista de compras virtual, que depois está acessível mesmo sem haver ligação à internet.
Recolher a informação dos folhetos tem sido o principal desafio da equipa por alegada falta de colaboração destas superfícies comerciais. "Os supermercados não têm interesse em partilhar os dados deles e querem ser os únicos donos da informação. Eles não querem que os utilizadores saibam onde é mais barato comprar os produtos por questões de concorrência. Todos recusaram parcerias connosco", lamenta Zhanna.
Por conta disso, a Savvy Descontos tem de deslocar-se aos supermercados e inserir, no sistema, desconto a desconto, artigo a artigo, de forma manual, sem haver qualquer sistema informático de apoio. Ainda assim, se o utilizador preferir, pode ver os folhetos na aplicação da Savvy. Atualmente, há informação disponível do Pingo Doce, Continente, Aldi, Lidl, Minipreço, Auchan e Intermaché.
Com uma equipa de quatro pessoas, a Savvy Descontos já investiu 10 mil euros no desenvolvimento da plataforma, tudo por conta de fundos próprios de Zhanna, que tinha poupado dinheiro para criar o seu próprio negócio.
Mas a história de Zhanna no mundo empreendedorismo já começou há alguns anos. Logo a seguir à faculdade, montou um negócio para ajudar empresas a exportarem para a Rússia e outros mercados, o que levou na altura várias construtoras a visitarem o Cazaquistão.
Depois disso, o regresso a Portugal, mas não por muito tempo. "Entrei nos estágios Inov Contacto e estive no departamento financeiro de uma empresa em Moçambique. Quando regressei de lá, abracei o mundo das startups".
Zhanna abraçou duas experiências em duas startups nacionais. A primeira foi a Agroop, onde conheceu o co-fundador da Savvy Descontos; a segunda foi na Advert.io, de onde saiu para lançar a aplicação para os descontos nos supermercados.
Depois de mais de 3000 pessoas terem descarregado a aplicação em pouco mais de três meses, a Savvy Descontos quer chegar a 10 mil utilizadores até ao final de setembro. E também quer aproximar-se cada vez mais nas marcas, "que ainda têm nos supermercados uma barreira para chegarem aos consumidores".
Zhanna explica ao Dinheiro Vivo que as marcas, "ao acederem aos dados dos utilizadores, podem obter dados relevantes dos clientes e criar muito mais valor, através do lançamento de descontos ou vales para os consumidores". Isso vai repercutir-se na aplicação através da oferta de cupões de desconto diretamente aos utilizadores.
A ligação às marcas será a principal fonte de receita da Savvy Deescontos. "As marcas fazem parceria connosco e depois fazemos publicidade na aplicação. Isso também vai aumentar o tempo de permanência."
Levantar capital exterior está fora dos horizontes, para já, para não haver desconto na avaliação da startup. "Depois de setembro é que vamos definir como vai ser a nossa primeira ronda de financiamento. Se na altura já houver predisposição do capital de risco, procuraremos parceiros. Caso contrário, esperaremos pelo próximo ano."
Diogo Ferreira Nunes é jornalista do Dinheiro Vivo.