ANA corta taxas aeroportuárias e agarra Ryanair em Faro
Taxas aeroportuárias mais vantajosas para as companhias que tenham uma operação ao longo do ano. Este foi o argumento que permitiu à Ryanair manter a sua base aérea em Faro. A companhia aérea voltou, assim, atrás com a decisão de encerrar a base a Sul do país em janeiro do ano que vem e manter dois aviões dos três que atualmente tem alocados a Faro.
"A Ryanair chegou a um acordo com a ANA- Aeroportos, que tem a ver com a questão das taxas relativamente às aeronaves baseadas - taxas de parqueamento, que certamente são condições que a ANA dará a qualquer companhia que se baseie em Faro -, percebendo a importância de termos ali uma base no Inverno para o Algarve", disse ao Dinheiro Vivo Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, elogiando a flexibilidade da companhia aérea low-cost, que está a prever o encerramento de várias bases pela Europa no ano que vem.
"Recebo acima de tudo esta notícia com uma enorme satisfação. Sabemos como é crucial a questão da capacidade aérea e das ligações aéreas no Inverno para Faro e, portanto, desde o primeiro momento que assumimos uma postura construtiva e de diálogo com a Ryanair para encontrar a melhor forma de garantir que a base se mantinha", acrescentou a governante, que se dedicou pessoalmente a esta matéria tendo, inclusivamente, estado em Dublin para debater a "competitividade" do aeroporto de Faro. "Temos mantido um contacto permanente no sentido de estabelecer pontes com a ANA- Aeroportos".
Fonte da ANA confirmou ao Dinheiro Vivo que "A proposta de taxas aeroportuárias encontra-se em consulta por parte dos operadores e contempla, no caso de Faro, medidas de combate à sazonalidade, objetivo perseguido pela ANA e stakeholders da região há vários anos. No caso das taxas aeroportuárias este esforço traduz-se na redução de algumas taxas no período do Inverno, tornando a operação ao logo de todo o ano mais atrativa para os operadores."
Em comunicado, a gestora dos aeroportos nacionais tinha antes reiterado "o compromisso para, na medida do possível, e em coordenação com os parceiros do setor, realizar os melhores esforços para o desenvolvimento da conectividade dos territórios, respeitando as condições de equidade entre os operadores, com consequente benefício para a economia e emprego".
Fonte da companhia já tinha indicado ao JN, que avançou a notícia, que tinha havido um particular empenho particular da ANA para "manter a base da única companhia que opera em Faro todo o ano".
A secretária de Estado do Turismo destaca que "a grande preocupação foi a manutenção da base que, neste momento, tem três aviões e passará a dois", lembrando que "mesmo estes dois foi uma dificuldade" em assegurar, numa altura em que a companhia tem uma encomenda de 210 aviões 373 MAX-200 (135 de uma encomenda firme de 75 de opção) à Boeing que deveriam ter começado a chegar no final de junho deste ano, mas que, perante os problemas que a fabricante norte-americana tem enfrentado, também não se espera para tão cedo.
A manutenção dos postos de trabalho, porém, não está totalmente garantida. Em nota enviada à Lusa, a Ryanair explicou que "ainda que este acordo preserve a maioria dos empregos de pilotos e tripulantes em Faro neste inverno, a redução de três para dois aviões na base deverá conduzir a uma diminuição de perto de 80 postos de trabalho no pessoal de cabine contratado".
A Ryanair em Faro conta com rotas para 36 destinos. A quota de mercado/movimentos era de 26% em março deste ano, e de 30% em número de passageiros. Em ambas as métricas, a low cost é a principal companhia neste aeroporto.
* jornalistas do Dinheiro Vivo