Adultos sem filhos foram os únicos em que taxa de pobreza aumentou

A maior descida, entre 2016 e 2017, registou-se nos casais com três ou mais filhos. Em Lisboa ganha-se mais 17% que no resto do país.
Publicado a
Atualizado a

Os portugueses que vivem sozinhos e sem filhos foram os únicos em que a taxa de risco de pobreza aumentou entre 2016 e 2017. A análise aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados hoje referem que, por composição do agregado, a taxa de risco de pobreza subiu de 25,4% em 2016 para 26,1% em 2017. Um aumento de sete décimas.

O valor está influenciado pelos agregados constituídos por reformados (pessoas com mais de 65 anos) e sem crianças em que a taxa de risco de pobreza subiu de 25,6% para 27,7%.

É o único grupo em que a taxa aumenta, contrariando uma tendência verificada em todos os tipos de agregados considerados no Inquérito às Condições de Vida e Rendimento do INE.

Pelo contrário, foi nos casais com três ou mais crianças que a taxa de risco de pobreza mais desceu entre 2016 e 2018. De acordo com o INE, a queda registada neste tipo de agregados foi de quase 10 pontos percentuais (9,8 p.p.).

Sem apoios do Estado taxa de pobreza mais do que duplicava

A taxa de risco de pobreza corresponde à proporção da população cujo rendimento se encontra abaixo da linha de pobreza definida como 60% do rendimento mediano por adulto equivalente. Em 2017 a linha de pobreza correspondia a 467 euros por mês. Estavam nesta situação 1,7 milhões de portugueses, uma fatia de 17,3% da população. Mas sem qualquer tipo de apoio social do Estado, o que inclui pensões de velhice, sobrevivência e outras transferências sociais, a taxa de risco de pobreza trepava para os 43,7%.

Só uma região tinha uma taxa muito inferior ao valor nacional. "Em 2017, apenas a Área Metropolitana de Lisboa tinha uma taxa de risco de pobreza significativamente inferior ao valor nacional: 12,3%, ou seja, menos 5 p.p. que o risco de pobreza nacional (17,3%)", refere o INE, indicando que é nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira que "registavam taxas de risco de pobreza de 31,6% e 27,5%, respetivamente, bastante superiores ao valor nacional."

Mas apesar disso, é nas regiões acima do Tejo que existem mais pessoas em risco de pobreza. "A maioria das pessoas em risco de pobreza vivia nas regiões Norte (664 mil pessoas) e Centro (415 mil)".

Em Lisboa ganha-se mais 17%

Tendo em conta os rendimentos por região, é na Área Metropolitana de Lisboa que a diferença face ao resto do país é maior. "Em 2017, a Área Metropolitana de Lisboa foi a única região com um rendimento mediano (10 943 euros) superior à mediana nacional (9 346 euros), refere o INE.

Já num sentido contrário, os Açores e a Madeira registaram o maior afastamento face ao valor nacional. "Os rendimentos medianos na Região Autónoma dos Açores (7 517 euros) e na Região Autónoma da Madeira (8 326 euros) refletiam diferenças significativas (menos 1 829 euros nos Açores e menos 1 020 euros na Madeira) em relação ao valor nacional".

Jornalista do Dinheiro Vivo

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt