25 mil edifícios com luz verde em 2021, o valor mais alto da última década

Edifícios licenciados no ano passado aumentaram quase 9% face a 2020, uma prova da confiança dos investidores no mercado. Obras concluídas também cresceram, mas num ritmo mais lento.
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Há dez anos que não se registavam tantos edifícios licenciados no país como em 2021. Foram aprovados 25,1 mil projetos, um aumento de 8,9% face a 2020 e um acréscimo de 17% quando comparado com 2012. Um sinal claro do dinamismo do setor da construção e imobiliário que, apesar dos constrangimentos provocados pela pandemia, que empurrou os licenciamentos para uma queda de 4,3% em 2020, manteve a confiança no mercado e os investimentos no incremento da oferta. Contudo, o último trimestre de 2021 evidencia algum abrandamento neste indicador.

Foi em 2016 que o setor inverteu a tendência de quebra que vinha a registar desde a crise da troika. Como assinalou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE) no relatório preliminar de obras licenciadas e concluídas em 2021, a partir desse exercício o número de edifícios licenciados não parou de crescer até 2020. Nos últimos cinco anos (2017/21), verificou-se um aumento de 32,6% ou mais 28.095 edifícios licenciados face ao quinquénio anterior, revela o documento. Esta maior atividade do setor da construção e imobiliário segue a linha da elevada procura que o mercado foi evidenciando, nomeadamente o segmento residencial que no ano passado atingiu também valores recorde no volume de transações e no número de casas vendidas, quase 30 mil milhões de euros e cerca de 200 mil fogos, respetivamente.

De acordo com os dados do INE, as regiões norte e centro responderam por 65,1% dos edifícios licenciados no ano passado, 64% dos fogos aprovados em construções novas para habitação e 65,5% da área total licenciada no país. Só o norte garantiu 38,6% do total de licenciamentos, 44% dos fogos residenciais e 42,4% da área licenciada. Em contrapartida, os edifícios com luz verde na Área Metropolitana de Lisboa representaram 17,5% do total, correspondendo a 21,3% do número de fogos licenciados em construções novas para habitação familiar e a 17,6% da área.

Já no último trimestre de 2021, o INE registou uma quebra de 4,7% no número de licenciamentos face ao período homólogo do ano precedente, para 5,6 mil edifícios, e a uma diminuição de 6% face aos ao quarto trimestre de 2019, período sem quaisquer efeitos pandémicos. Os edifícios licenciados em construções novas reduziram-se em 0,5% e para reabilitação diminuíram 11,7%. Para habitação, foram aprovados 6,2 mil fogos, um decréscimo de 6,6%. Indicadores que podem sugerir alguma travagem nos investimentos. Os mais recentes dados da consultora Confidencial Imobiliária revelam inclusive que no ano passado o número de projetos residenciais submetidos a licenciamento em Portugal Continental fixou-se nos 16 306, uma quebra de 18% face a 2020. E o número de fogos caiu 19%, para 37 428.

No ano passado, foram concluídos 15,2 mil edifícios, um incremento de 4,1% quando comparado com 2020. No entanto, o INE estima uma quebra de 32,1% neste indicador face a 2012. Embora os primeiros cinco anos dos últimos dez tenham sido marcados por sucessivas quebras no número de obras concluídas, o segundo quinquénio inverteu essa tendência evidenciando crescimentos contínuos, que atingiram em 2019 o seu ponto máximo. A partir dessa data, verifica-se uma redução significativa do ritmo ascendente.

Nos últimos três meses do ano passado, o INE estima que tenham sido concluídos 3,9 mil edifícios, entre construções novas, ampliações, alterações e reconstruções, o que corresponde a um crescimento de 2% face ao período homólogo. A maioria das obras terminadas respeitam a construções novas (80,3%), das quais 75% são de habitação. Estes últimos edifícios correspondem a 4,6 mil fogos, mais 5,9%.

No que toca a obras concluídas, a região Norte totalizou 37,6% do total e 40,6% dos fogos concluídos em construções novas para habitação. Já a Área Metropolitana de Lisboa representou 17,4% do conjunto, correspondendo a 25,4% do número de unidades residenciais.

sonia.s.pereira@dinheirovivo.pt

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