"Não consigo continuar a fazer isto." Tenista britânico Andy Murray anuncia fim da carreira
"Senti que tinha de tomar esta decisão." Andy Murray, de 31 anos, que chegou a ser número um do mundo no ranking ATP, disse numa conferência de imprensa que vai terminar a sua carreira depois de meses de dor devido a uma lesão na anca. O tenista escocês explicou que tem treinado com o objetivo principal de fazer uma última participação em Wimbledon, onde venceu por duas vezes. Emocionado, chegou mesmo a abandonar a sala a chorar, mas regressou para afirmar que não tinha certeza sobre o tempo que poderia ainda jogar.
Andy Murray está na Austrália, onde tem um jogo na segunda-feira com o espanhol Bautista Agut. "Eu vou jogar. Ainda posso jogar, mas não a um nível que me satisfaça. (...) Mas também, não é só isso. A dor é demasiada", lamentou, referindo-se à lesão na anca que lhe prejudicou a carreira. Murray foi submetido a uma cirurgia à anca em janeiro de 2018. Depois de duas breves tentativas para regressar, jogou apenas 12 partidas no ano passado. O tenista voltou aos campos em Brisbane na semana passada, onde venceu sua partida de estreia, mas perdeu na segunda ronda para Daniil Medvedev, mostrando óbvias dificuldades para se movimentar.
"Não tenho a certeza de conseguir jogar com esta dor", disse Murray, entre lágrimas, explicando que há pelo menos 20 meses que se debate com este problema. "Fiz tudo o que era possível para me sentir melhor mas ainda sinto dores, tem sido duro", explicou. "A dor não me está a permitir ter prazer a competir, a treinar e em tudo o que eu adoro fazer no ténis."
Andy Murray gostava de terminar a sua carreira em casa, ou seja, em Wimbledon (em julho), mas não sabe se irá conseguir. Neste momento, o atleta está a considerar a hipótese de realizar uma cirurgia que lhe irá permitir curar a dor e melhorar a sua qualidade de vida futura. "Alguns atletas fizeram isso e voltaram à competição, mas não há garantias." No entanto, ele diz que não pensa em regressar, para já só quer viver sem dor.
Murray teve uma carreira de sucesso, acabando com prolongados períodos sem vitórias nos Grand Slam para os britânicos, quando venceu o Open dos Estados Unidos em 2012 e Wimbledon no ano seguinte, tornando-se no único jogador a ganhar medalhas de ouro consecutivas nas Olimpíadas.
O britânico fez parte do grupo de quatro tenistas masculinos que dominaram num mesmo período os grandes torneios mundiais, com Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.
Agora, será provavelmente o mais novo deles aposentar-se. Aos 37 anos, Federer está na Austrália para tentar conquistar o título pelo terceiro ano consecutivo e pela sétima vez no geral. Aos 31 anos, Djokovic, no topo do ranking ATP, procura conquistar o sétimo título australiano. Nadal, de 32 anos, número dois do ranking, está confiante em prolongar a sua carreira por mais alguns anos.
Murray, que chegou a seis finais em torneios de Grand Slam, contabiliza 663 vitórias e 190 derrotas, que resultaram na conquista de 45 títulos, entre eles os de Wimbledon (2013 e 2016), Open dos Estados Unidos (2012), bem como em duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos (2012 e 2016).