Sporting 4, Trigueira 0. Goleada apesar de um guarda-redes espantoso
Quando chegou o primeiro golo do Sporting, no último minuto da primeira parte, Pedro Trigueira já tinha negado meia dúzia de golos aos leões - acabaria o jogo com o recorde de defesas (11) das últimas três temporadas (e o que vai desta).
Mas em quatro minutos de jogo (com intervalo pelo meio), Pote bisou, chegou-se ao topo dos goleadores (igualou Rodrigo Pinho, com cinco, a um do líder Thiago Santana, com seis) e desarmou as ténues dúvidas que pudessem existir quanto a um desfecho diferente.
O ataque do Sporting raramente sentiu dificuldades para criar oportunidades de golo, invadindo a defesa do Tondela e metralhando Trigueira, o homem-equipa desta noite. Com João Mário a estrear-se a titular, com Sporar a reivindicar um lugar que lhe parece pertencer sem grandes discussões, com Pedro Gonçalves e Pedro Porro e Nuno Mendes a rabearem com rapidez e potência por entre as linhas de defesa do adversário, este Sporting escreveu o seu destino.
Um destino promissor, embora ainda sendo precoce matutar se isso significa apenas a recuperação da auto-estima do clube de futebol, se até para se intrometer em lutas que dificilmente seriam suas - o título, pois claro, o título que em 40 anos foi conseguido quatro vezes (1980; 1982; 2000; 2002).
Jogo a jogo, como gostam de dizer os treinadores, notam-se as fragilidades, mas sobressaem os virtuosos. A defesa a três não parece ser de betão, nem de outro material muito fiável, mas o ataque é uma delícia. Pela forma de progressão geométrica, pela classe que um punhado de miúdos talentosos coloca nas trocas de bola a pensar na baliza adversária. E pela conjugação de potência, qualidade e potencial.
Voltando às incidências do jogo: se antes do golo inaugural Trigueira tinha negado golos a Pote, Sporar, Nuno Mendes, João Mário (etc.) e o Tondela nem se tinha chegado à baliza de Adán, depois a fadiga acabou por ditar o desenrolar do jogo.
Numa primeira fase, com o Sporting a aparecer menos autoritário, o que nem assim permitiu ao Tondela mais do que marcar um golo em fora-de-jogo por 11 centímetros - e não contando oficialmente para as estatísticas, esse foi o único remate à baliza dos leões. Na fase final, com o Tondela ainda mais exposto a permitir que Pedro Porro e Sporar colocassem o resultado com números mais "reais" com o que foi o jogo.
Porro fez um golaço após mais uma movimentação de Sporar a arrastar os centrais e a libertar espaço nas costas (tal como no 1-0, aliás, e noutros lances), depois de um cruzamento de Nuno Santos. Sporar, nos últimos instantes, a bater Trigueira finalmente, mas não sem ter de rematar duas vezes (mais uma defesa do guarda-redes).
Em oito jogos, o Sporting já marcou 17 golos e sofreu oito, contando com os dois das pré-eliminatórias da Liga Europa (1-0 sobre o Aberdeen; pesado 1-4 na receção ao LASK). Na Liga, marcou sempre pelo menos dois golos e só sofreu quatro (dois no empate 2-2 com o FC Porto, um no acerto de calendário com o Gil e outro do Santa Clara): diferença de golos de 15-4.
Melhor, só o Benfica (15-3), que só entra em campo esta segunda-feira no Bessa (Boavista-Benfica, 21:00). Os rivais da segunda circular somam por vitórias os cinco jogos realizados (15 pontos) e se mantiverem a tendência recuperam a liderança da Liga, agora perdida para os leões (16).
Certa é a vantagem de seis pontos que o Sporting conseguiu sobre o FC Porto (10 pontos), depois da derrota do campeão em Paços de Ferreira (se o Sp. Braga bater o Famalicão chega aos 12 pontos e ao pódio). Os velhos rivais de Lisboa são as duas únicas equipas sem derrotas na Liga. Mas ainda só vamos no primeiro terço da primeira volta. Precoce, apesar dos sinais.