Sporting volta ao pódio com goleada nos Açores

Um golo na primeira parte e outros três na segunda em 14 minutos. O Sporting venceu o Santa Clara (4-0) num jogo onde dominou sempre. E deixou finalmente o Famalicão para trás na classificação.
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O Sporting ultrapassou finalmente o Famalicão e subiu ao terceiro lugar da I Liga, ao golear nos Açores o Santa Clara, por 4-0, num jogo de grau de dificuldade mínimo que os leões arrumaram de vez logo a abrir a segunda parte. Foi a maior goleada do Sporting no campeonato nesta temporada, numa noite em que a equipa de Silas abdicou de jogar mais pelo meio e utilizou como arma os cruzamentos e as jogadas pelas alas. Com sucesso.

Jorge Silas mudou por completo o figurino da equipa que na quinta-feira passada se apresentou na Áustria, contra o LASK, na Liga Europa, cheia de segundas escolhas, num jogo para esquecer que terminou com uma derrota por 3-0. O treinador desta vez apostou no melhor onze (só Coates transitou dessa noite fracassada), até porque uma vitória valia o terceiro lugar, a melhor posição dos leões no campeonato desde a 3.ª jornada, quando ocupavam o primeiro posto em igualdade com o Famalicão.

A partida nos Açores tinha um fator negativo a rodeá-la. Numa altura em que decorre o julgamento do ataque à Academia de Alcochete, todos os dias com depoimentos de jogadores a lembrarem o inferno que viveram naquela dia e do trauma que ainda os acompanha, a comitiva do Sporting foi recebida domingo à noite no hotel nos Açores com alguns gritos de ordem "Alcochete sempre", alegadamente de elementos de claques. O que levou a uma posição de força do presidente Frederico Varandas, de que "o Sporting jamais se ajoelhará a esta escumalha".

Imunes ao problema entre direção e claques, os leões entraram bem no jogo, apesar de não criarem muitas oportunidades logo de início, perante um Santa Clara que apostava no erro do adversário para lançar rápidos contra-ataques. Silas deu ordens para a equipa atacar pelas alas e insistir nos cruzamentos, e por isso perante o adiantamento dos laterais Ristovski e Acuña, Doumbia funcionava como um terceiro central nas transições ofensivas da equipa.

No espaço de um minuto (19'-20'), o Sporting esteve perto de marcar por Luiz Phellype, que chegou um pouco atrasado a um grande centro de Bruno Fernandes, e o Santa Clara pregou dois grandes sustos ao leão. Primeiro num erro de Coates que deixou a bola em Carlos Júnior num lance que Mathieu resolveu. E logo a seguir com um remate muito perigoso de Thiago Santana ao lado.

Até ao intervalo, o Sporting foi insistindo nos cruzamentos para área. Aos 34', Luiz Phellype cabeceou por cima após cruzamento de Ristovski. E logo a seguir Bolasie falhou de forma incrível o golo do Sporting, quando sozinho na pequena área atirou de cabeça por cima.

Tantas vezes a bola rondou a área dos açorianos, que acabou por entrar. Aos 40', Vietto foi à linha, cruzou do lado esquerdo e Luiz Phellype abriu o marcador de cabeça. A estatística ao intervalo não deixava dúvidas sobre o domínio dos leões: 10 remates contra quatro e 63% de posse de bola contra 37% dos açorianos.

Se o Santa Clara vinha com a intenção de alterar o filme do jogo na segunda parte, sofreu logo um duro revés aos 47', com Luiz Phellype a surgir livre de marcação na área e a bisar (não o fazia desde março) após uma assistência de Ristovski. O Sporting tinha o jogo perfeitamente controlado. E os minutos que se seguiram mostraram um completo descalabro da equipa açoriana, a provar porque nas últimas seis jornadas não tinha ganho um jogo para o campeonato. Seis que passaram a ser sete.

Aos 54', Bolasie fez o 3-0, com um cabeceamento meio estranho perante a passividade dos jogadores do Santa Clara, após um canto de Bruno Fernandes. E logo a seguir, aos 61', o avançado congolês esteve novamente em evidência, ao fugir a Zaidu e a sofrer falta na área. Chamado a marcar, Bruno Fernandes fez o quarto dos leões de penálti. Tudo muito fácil para a equipa de Silas.

Com o jogo perfeitamente controlado, e numa altura em que o Santa Clara já tinha feito três substituições, Silas fez entrar Battaglia (65'), o médio argentino que curiosamente se lesionou com gravidade na época passada, também num jogo com o Santa Clara, e que esta época só tinha jogado uns poucos minutos na liga portuguesa.

O Santa Clara, que não obrigou Maximiano a uma única defesa apertada em todo o jogo (o que diz bem do pobre jogo da equipa açoriana), ainda marcou na sequência de um livre, aos 68'. Mas o golo foi anulado por posição irregular de Fábio Cardoso.

O Sporting não marcou mais golos por desacerto dos seus avançados. Bom exemplo disso foi a forma como Vietto (bom jogo) falhou o quinto golo aos 82' ao chutar por cima só com o guarda-redes Marco à sua frente. Para a história fica a maior goleada aplicada no campeonato nesta época e o terceiro lugar roubado ao Famalicão, numa viagem que começou com polémicas com as claques e terminou de forma feliz.

A FIGURA: LUIZ PHELLYPE

Foram várias as boas exibições na equipa do Sporting, desde Bruno Fernandes a Vietto, passando por Bolasie. Mas o destaque vai para o avançado Luiz Phellype, autor de dois golos, ele que fez nesta segunda-feira o seu segundo bis pelo Sporting - o último tinha sido na época passada, em março, diante do Chaves. O avançado brasileiro já tinha sido decisivo no último jogo do campeonato, ao apontar o golo que deu a vitória caseira sobre o Moreirense. E nesta segunda-feira voltou a ser decisivo com dois golos. O avançado igualou entretanto o seu número de golos (oito) da temporada passada com a camisola dos leões, mas com menos um jogo.

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FICHA DO JOGO

Jogo disputado no Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada.

Santa Clara-Sporting, 0-4

Ao intervalo: 0-1

Marcador: 0-1, Luís Phellype, 40; 0-2, Luís Phellype, 47; 0-3, Bolasie, 54 e 0-4, Bruno Fernandes, 60 (grande penalidade)

Santa Clara: Marco, Zaidu, Fábio Cardoso, João Afonso, Patrick Vieira, Lincoln (Bruno Lamas, 57), Osama Rashid, Lucas Marques (Zé Manuel, 57), Ukra, Carlos Júnior, Thiago Santana (Schettine, 63).

Treinador: João Henriques

Sporting: Luís Maximiano, Marcos Acuña, Coates, Mathieu, Ristovski, Doumbia (Battaglia, 63), Wendel (Eduardo), Bruno Fernandes, Vietto, Bolasie, Luís Phellype (Jesé, 70).

Treinador: Jorge Silas

Árbitro: Manuel Mota (Braga)

Ação disciplinar: cartão amarelo para Zaudu (22), Coates (66)

Assistência: 5,282 espetadores

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