Ronaldinho Gaúcho e o irmão vão continuar presos
Ronaldinho Gaúcho e o irmão, Roberto Assis, vão continuar na cadeia. O juiz Gustavo Amarilla, não aceitou a argumentação da defesa dos ex-jogadores e decidiu mantê-los presos até que se esclareça a origem dos documentos falsos que ambos apresentaram na chegada ao Paraguai. Na opinião do juiz a libertação de Ronaldinho podia "significar obstrução na investigação", além de haver risco de fuga.
"Mantém-se a medida cautelar da prisão na Agrupación Especializada da Polícia Nacional. A investigação tem menos de uma semana. Está a ficar demasiado evidente o tamanho deste caso, com as novas revelações. É da minha responsabilidade, e com poder judicial, garantir a continuidade desta investigação. Não podemos correr o risco de que esta investigação acabe por causar uma saída do Paraguai. A liberdade de Ronaldinho poderia significar obstrução da investigação", declarou o juiz.
Por outro lado, o Ministério Público opôs-se à mudança do regime para prisão domiciliária dos irmãos Assis. "O Ministério Público opôs-se à modificação da prisão preventiva, pois estamos a falar de documentos originais do Paraguai com conteúdo falso, que foram usados. A investigação começou há cinco dias. Ainda se está a estudar as condutas individuais. Essas pessoas (Ronaldinho e Assis) não têm raízes (no Paraguai) ", explicou o promotor Marcelo Pecci à comunicação social presente no Palácio da Justiça.
O antigo jogador do Barcelona e o irmão, que jogou no Sporting, estão detidos preventivamente desde sábado (dia 7), acusados de falsificação de passaportes e documentos de identificação. A defesa dos brasileiros entrou com um pedido de prisão domiciliária numa propriedade em Assunção, avaliada em 70 mil euros (61, 5 mil euros), que serviria ao mesmo tempo como garantia. No entanto, este pedido foi recusado, numa audiência, esta manhã, na capital paraguaia e Ronaldinho vai assim manter-se preso e a prisão preventiva pode estender-se por um período máximo de seis meses, segundo a lei paraguaia.
Ronaldinho foi convidado a inaugurar um casino no Paraguai, numa espécie de presença paga, que envolvia algumas cortesias, uma delas a cidadania paraguaia. O campeão do mundo pelo Brasil em 2002 e o irmão foram detidos, na quinta-feira, horas depois de chegarem a Assunção. Ficaram retidos no hotel até se averiguar o caso. Foram ouvidos durante oito horas e libertados depois de admitirem o "erro" e afirmarem que foram "enganados na sua boa-fé", colaborando com a justiça paraguaia e entregando o nome das pessoas que providenciaram os documentos.
Na sexta-feira (madrugada de sábado em Portugal), Ronaldinho e o irmão voltaram a ser detidos. Como ainda não eram claros os motivos que levaram os ex-jogadores a aceitar um passaporte de um país que não o seu, o caso voltou a ser analisado pelo Tribunal Penal de Garantias do Paraguai, que numa primeira decisão decretou a liberdade de ambos e depois voltou atrás e deu-lhes ordem de prisão.
Aquele que, para muitos amantes do futebol, podia ter sido o melhor jogador de sempre, não fosse a sua conturbada vida fora de campo, fica agora a aguardar o desenrolar deste processo numa prisão de Assunção.
Ronaldinho e o irmão estão na mesma cela, numa cela onde também estão outros presos mediáticos, como o ex-presidente da Associação de Futebol Ramón González Daher, que é acusado de lavagem de dinheiro, e o deputado Miguel Cuevas, acusado de enriquecimento lícito e tráfico de influência.
Segundo Blas Vera, diretor do estabelecimento prisional, o ex-jogador está longe dos outros presos e tem algumas regalias... Ele e o irmão receberam cobertores e colchões e não comem no refeitório. A alimentação é providenciada pelos próprios advogados e, além disso têm à sua disposição salas de convívio equipadas com frigorifico, televisão e ar condicionado, e acesso a um pátio no interior da prisão onde podem apanhar sol.
Na prisão, não há propriamente regras que ditam a hora de acordar, mas, segundo o diretor, o ex-jogador brasileiro tem acordado às 8.00. Mas também há restrições. Os brasileiros não têm acesso a telemóveis, por exemplo.
Durante o período em que está na prisão, Ronaldinho tem demonstrado alguma boa disposição aparente, tendo inclusive aceite receber um grupo de 50 crianças no estabelecimento prisional. "Ficou a saber que queriam cumprimentá-lo e ele aceitou sem problemas", disse o Blas Vera. Além de receberem visitas de crianças, também alguns ex-jogadores paraguaios têm visitado o brasileiro.