Nagelsmann, treinador do Leipzig. O "Mini-Mourinho" que disse não ao Real Madrid
Julian Nagelsmann tem apenas 32 anos mas já há várias épocas que o seu trabalho como treinador é conhecido no futebol mundial. Esta terça-feira vai apresentar-se no Estádio da Luz ao comando do RB Leipzig, equipa que dirige desde o início desta temporada depois de três anos e meio ao leme do Hoffenheim.
Após ter jogado nas camadas jovens do Augsburgo e do 1860 Munique, as persistentes lesões no joelho cedo lhe travaram o sonho de se tornar futebolista profissional. Dedicou-se então aos estudos, tendo frequentado cursos de gestão e de ciências do desporto antes de se tornar treinador, começando por trabalhar com Thomas Tuchel no Augsburgo.
Depois, mudou-se para o Hoffenheim, dando imediatamente nas vistas pelo trabalho efetuado à frente da equipa de sub-19, levando-a ao título alemão em 2013-14. Entretanto, tornou-se adjunto na equipa principal e foi ainda nessa posição que o antigo guarda-redes internacional germânico Tim Wiese o apelidou de "Mini-Mourinho", pelo forma meticulosa como trabalha. Curiosamente, essa comparação também já foi feita a Bruno Lage, que esta terça-feira defronta em Lisboa.
Nomeado treinador principal da formação de Sinsheim a 10 de fevereiro de 2016, tornou-se, aos 28 anos, o mais jovem treinador da história do campeonato alemão, substituindo o holandês Huub Stevens, que se demitiu alegando problemas de saúde. Nagelsmann encontrou a equipa em penúltimo lugar, a sete pontos da primeira equipa acima da zona de despromoção, mas levou o Hoffenheim a sete vitórias nas derradeiras 14 jornadas e assegurou a permanência.
Na época seguinte, manteve a onda vitoriosa e levou o Hoffenheim ao quarto lugar e consequentemente ao playoff de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, etapa em que caiu aos pés do Liverpool. Em 2017-18, provou que a campanha do curso anterior não tinha sido obra do acaso e melhorou uma posição na Bundesliga, o que desta feita valeu a entrada direta do clube na Champions.
No final dessa temporada, disse não ao Real Madrid, que procurava sucessor para Zidane. "Não é que a oferta não me tivesse feito pensar. Quem desligaria o telefone se o lhe ligasse o Real Madrid? O Universo Clube de Futebol não existe e não há nada muito maior que o Real Madrid. Estou na cómoda posição de ter apenas 30 anos. Se a minha carreira como treinador continuar no rumo certo, pode ser que mais à frente tenha outra oportunidade de treinar uma equipa dessa categoria. A nível familiar não via com muitos bons olhos a mudança para o estrangeiro agora", explicou em entrevista à Bild .
Dias depois, optou por aceitar a oferta do RB Leipzig, que lhe ofereceu quatro anos de contrato a partir de 1 de julho de 2019, ou seja, só assumiu o cargo apenas um ano depois de se ter comprometido com o emblema da antiga Alemanha Oriental, ficando mais uma época no Hoffenheim.
Entretanto, tornou-se o mais jovem treinador a disputar a Liga dos Campeões, aos 31 anos e 58 dias, num empate a dois golos em casa do Shakhtar Donetsk, então orientado por Paulo Fonseca.
Já ao comando técnico no Leipzig, mostrou vontade de interromper a hegemonia do crónico campeão Bayern Munique. "Estou certo de que faremos uma boa época. Não sei se será suficiente para ganhar o campeonato. Klopp precisou de três anos para ganhar algo no Liverpool e no Dortmund. Estarei feliz se o pudermos imitar. É o nosso objetivo", vaticinou no início desta temporada. O seu antecessor no banco e atual diretor desportivo, Ralf Ragnick, considera-o um "treinador com grande talento em todas as áreas relevantes: liderança, relação com os jogadores e competência tática".
Essa competência tática tem sido visível pelas variações de sistema que as suas equipas apresentam. Nagelsmann aprecia uma defesa a três, mas varia constantemente entre o 3x5x2, o 3x4x2x1 e o 3x1x4x2, ainda que não descarte os mais tradicionais 4x3x1x2 e o 4x3x3. Se os seus onzes e os sistemas táticos são sempre uma incógnita, o futebol ofensivo e atrativo constituem certezas em cada jogo das equipas que orienta.