Mourinho congratula Jesus cinco anos após desaguisado entre os dois
"Parabéns ao Jorge Jesus". Foi esta breve mas expressiva mensagem que José Mourinho deixou à comunicação social portuguesa presente no treino desta segunda-feira do Tottenham, enquanto o special one iniciava o apronto de preparação para o jogo desta terça-feira em Londres frente ao Olympiacos dos portugueses Pedro Martins, José Sá, Rúben Semedo e Daniel Podence, a contar para a 4.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões.
Mais tarde, em conferência de imprensa, o treinador setubalense disse ter ficado "feliz" pelo sucesso do amadorense no Brasil. "Uma coisa não podemos desmentir: um treinador português foi campeão da Europa, um treinador português foi campeão em África e um treinador português foi campeão na América do Sul. Sou mesmo 100% português, mas não penso que sejamos os melhores do mundo. Há muito bons treinadores em todo o mundo, a qualidade não tem a ver com a nacionalidade", afirmou.
Questionado por um jornalista português, Mourinho disse que é positivo existirem bons treinadores lusos em diferentes partes do mundo, pois dão prestígio aos profissionais do país. "Com as boas coisas que fazemos, abrimos portas para novas gerações, abrimos oportunidades para os jovens, e sei que há muitos treinadores portugueses em todo o mundo. Se tive alguma responsabilidade nisso, fico contente", declarou.
Refira-se que durante o fim de semana Jorge Jesus conquistou a Taça Libertadores pelo Flamengo, ao bater o River Plate por 2-1 na final disputada em Lima, no Peru, e 24 horas depois sagrou-se campeão brasileiro devido à derrota do Palmeiras diante do Grêmio. O emblema carioca não vencia a principal prova de clubes da América do Sul há 38 anos e não vencia o Brasileirão há uma década.
Recorde-se que, no final de 2014, os dois treinadores protagonizaram uma azeda troca de palavras a propósito de Talisca, quando o amadorense orientava o Benfica. Depois de Mourinho, na altura no Chelsea, ter afirmado que o atacante brasileiro tinha sido alvo de cobiça de clubes ingleses antes de rumar à Luz nesse verão e que só não estava já a jogar em Inglaterra porque não tinha licença de trabalho, Jesus foi taxativo: "Para mim, pelos jogos que fez no Brasil, conheciam tanto o Talisca como eu conhecia o D'Artagnan."
Porém, o special one não se ficou e ripostou dias depois de forma bastante dura. "Vou ser mais explícito para os menos inteligentes: O Benfica tem uma boa estrutura de prospeção e um presidente com a capacidade de dar ao seu treinador bons plantéis. Não gostei de um colega de profissão ter duvidado das minhas palavras mas fico contente de perceber que lê Alexandre Dumas, ao contrário de mim, que por estar fora, leio a gramática portuguesa", começou por dizer.
"Parece-me que é íntimo com o D'Artagnan. Anda a ler Alexandre Dumas. Admiro-o por isso. Eu limito-me à minha identidade própria. Não leio Dumas. Tenho uma vida diferente, um nível cultural diferente, procuro educar-me para mais tarde não ser acusado de andar aos pontapés e a agredir a pobre gramática", acrescentou na altura.
Questionado sobre essas duras declarações, Jesus encerrou o assunto: "O pai do Zé [Mourinho] já fez parte da minha equipa técnica. Tenho uma boa relação com ele. Não gostei quando houve polémica entre ele e [Cristiano] Ronaldo, dois portugueses. Eu também sou português, portanto, para mim, as coisas acabam aqui."
Porém, cerca de um mês depois houve nova polémica entre os dois. Depois de o treinador do Benfica ter assumido surpresa por não integrar a lista ao prémio de melhor treinador do ano, Mourinho disse, de forma irónica, que "o regulamento proíbe que estejam treinadores que foram eliminados da Champions na fase de grupos".