Jesus cai no prolongamento e falha triplete. Liverpool vence Mundial de Clubes
O Liverpool travou neste sábado o sonho de Jorge Jesus e dos jogadores e adeptos do Flamengo, ao vencer a final do Mundial de Clubes, por 1-0, na partida realizada em Doha, no Qatar, após prolongamento. Jesus não conseguiu juntar esta competição, que nunca foi ganha por um português, aos dois troféus conquistados neste ano - a Taça Libertadores e o campeonato brasileiro. Mas sai de cabeça erguida num jogo onde a sua equipa se bateu de igual para igual com o campeão europeu.
Foi uma partida onde o Flamengo entrou mal em todas as partes (inclusivamente no prolongamento), mas que depois conseguiu equilibrar os acontecimentos, chegando em certos momentos a ser superior aos ingleses. No prolongamento, porém, notou-se que a equipa foi um pouco abaixo fisicamente, mas onde nunca virou a cara à luta e teve possibilidades de empatar por Lincoln, que rematou por cima da baliza.
Jorge Jesus tinha alertado na conferência de imprensa de lançamento do jogo para o maior poderio das grandes equipas europeias face às brasileiras/sul-americanas, destacando a diferença no plano financeiro. Mas essa diferença quase não se viu dentro do campo, apesar de o valor dos dois plantéis ser incomparável em termos de orçamento - só Salah (150 milhões de euros) vale quase a totalidade dos titulares da equipa canarinha.
Esta foi a primeira conquista do Liverpool nesta competição (Taça Intercontinental incluída), depois de três finais perdidas. A primeira em 1981, precisamente diante do Flamengo de Zico, por 3-0. E depois mais dois desaires: o conjunto inglês também perdeu em 1984, para os argentinos do Independiente, e em 2005, para os brasileiros do São Paulo, ambos pelo mesmo resultado (1-0). Já o Flamengo não conseguiu repetir a proeza de há 38 anos.
Jorge Jesus e Jürgen Klopp apresentaram os melhores onzes e atuaram em esquemas iguais (4X3X3). No Liverpool confirmou-se a titularidade de Van Dijk no eixo da defesa e o poderoso trio atacante formado por Salah, Firmino e Sadio Mané. No Flamengo, o treinador português apostou na equipa habitual, com De Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa no ataque e o tridente do meio-campo composto por Arão, Gerson e Everton Ribeiro.
O Liverpool entrou com a habitual intensidade, perante um Flamengo a atuar com a defesa subida e com isso a permitir espaços aos ingleses. E logo nos primeiros seis minutos a equipa de Klopp levou por três vezes o pânico à área dos brasileiros - por Firmino logo aos 40 segundos, Keita aos 5' (ambos com remates por cima) e Alexander-Arnold aos 6' (ao lado).
A equipa de Jesus corrigiu depois posições e movimentos, teve mais posse de bola e conseguiu equilibrar o jogo a partir dos 15 minutos, com Bruno Henrique a destacar-se com os seus dribles e a dar muito trabalho aos defesas do Liverpool.
O avançado brasileiro teve mesmo uma boa oportunidade aos 26', mas rematou ao lado. Depois de um início a tremer, o Flamengo começou a pegar no jogo perante um Liverpool encolhido. A primeira parte terminou com os brasileiros com mais posse de bola (57% contra 43%) e mais remates efetuados (6-3).
A segunda parte começou exatamente como a primeira, com o Liverpool a pressionar e a criar logo nos primeiros minutos duas grandes oportunidades. Primeiro por Firmino, que rematou ao poste, e depois numa boa jogada de Salah com o remate a sair ao lado da baliza de Diego Alves. Mas o Flamengo respondeu bem e também esteve perto do golo em duas ocasiões uma a seguir à outra, ambas por Gabigol. O segundo tempo prometia!
O jogo continuou partido, com oportunidades para os dois lados. Salah ainda marcou aos 75', mas o golo foi anulado porque o internacional egípcio estava fora de jogo. Antes, Gabigol tentou a sorte num pontapé de bicicleta que Alisson travou.
Aos 80', as imagens televisivas mostraram Jorge Jesus a dar indicações a Diego, o médio criativo ex-FC Porto que foi decisivo na conquista da Libertadores e no jogo das meias-finais com Al-Hilal, quando também saltou do banco para ajudar nos triunfos. Por esta altura o Liverpool carregava em busca do golo e as mexidas de Jesus desta vez não surtiram efeito com as entradas de Diego e Vitinho para os lugares de Éverton Ribeiro e Arrascaeta.
A equipa de Klopp tentou de tudo nos últimos minutos e esteve muito perto de marcar, num remate de meia distância de Henderson a que o guarda-redes Diego Alves se opôs com uma enorme defesa. Mesmo em cima do apito final, o árbitro marcou penálti contra os rubro-negros, a castigar um eventual derrube de Raphinha sobre Mané. Mas depois de consultar o VAR, anulou o lance considerando que não houve falta. E o jogo seguiu para prolongamento.
Notava-se nos jogadores do Flamengo algum cansaço, afinal tinham mais de 70 jogos nas pernas, após uma época desgastante. E aos 99', por ironia do destino, foi um brasileiro a marcar o golo que acabou por ditar a derrota do Flamengo.
A jogada de contra-ataque começou em Henderson, que serviu Mané, o senegalês viu Firmino em boa posição e o brasileiro, depois de tirar Rodrigo Caio e Diego Alves da jogada, colocou a bola no fundo das redes. Um golo que valeu o título de campeão do mundo de clubes.
Até ao final, a equipa de Klopp, melhor fisicamente, conseguiu controlar o jogo. E o apito final confirmou a vitória dos europeus, apesar de Lincoln ainda ter tido uma grande oportunidade para marcar, rematando por cima da baliza de Alisson, no que seria o empate e muito provavelmente levaria o jogo para o desempate por grandes penalidades.
Mantém-se assim o poderio das equipas europeias face às sul-americanas, pois as últimas sete edições foram ganhas por emblemas do Velho Continente - o último emblema sul-americano a quebrar este domínio foi o Corinthians, na edição de 2012. Mesmo contabilizando a Taça Intercontinental, desde 1960, os clubes europeus venceram 32 edições contra 26 dos sul-americanos.
O avançado brasileiro foi a figura da partida. Foi ele que no prolongamento conseguiu desbloquear o jogo, num lance em que tirou um defesa e o guarda-redes do Flamengo do lance e marcou o golo que valeu o título mundial aos reds. Além disso foi sempre um perigo constante para a baliza de Diego Alves. Teve uma soberana ocasião para inaugurar o marcador logo aos 40 segundos, mas rematou ao lado. E ainda atirou uma bola à barra.
Veja aqui um resumo do jogo.