Aboubakar, o herói improvável deu vida ao FC Porto

Cerca de uma hora antes do jogo, quando foram conhecidas as equipas, o nome de Aboubakar constava no onze inicial do FC Porto. Uma surpresa! O camaronês era titular pela primeira vez esta época (a última tinha sido em setembro de 2018) e, por obra do destino, foi ele que deu a vitória aos dragões e permitiu à equipa estar na luta por um lugar nos 16 avos de final da Liga Europa, num jogo onde os portistas estiveram em desvantagem e que foi desbloqueado com dois golos do africano.

As contas agora são muito simples: basta ao FC Porto vencer o Feyenoord no Dragão, no dia 12 dezembro, para marcar presença na fase seguinte da competição. Neste momento é segundo colocado e até pode aspirar ao primeiro lugar do Grupo G, mas neste caso depende de terceiros. Há mais uma hipótese de apuramento mesmo sem vencer os holandeses, mas para isso os dragões precisam que o Young Boys não ganhe ao Rangers e têm de empatar com o Feyenoord.

Sérgio Conceição apresentou três alterações na equipa relativamente ao jogo da Taça de Portugal com o V. Setúbal, do passado domingo. Marchesín voltou à baliza, Pepe ao eixo da defesa e a grande novidade surgiu no ataque, com a titularidade de Aboubakar, algo que não acontecia há mais de um ano. O avançado africano, recorde-se, lesionou-se com gravidade na época passada e esteve quase sete meses sem competir. E no final da época falou-se muito da sua possível saída.

O jogo começou da pior forma para a equipa de Sérgio Conceição, que jogava sob pressão e obrigada a vencer. Aos sete minutos, Ulisses Garcia cobrou um livre na esquerda, o guarda-redes Marchesín hesitou a sair dos postes e Christian Fassnacht cabeceou para o fundo das redes nas costas dos centrais Pepe e Marcano. Foi o segundo golo sofrido pelos dragões nesta prova antes dos 10 minutos.

O FC Porto sentiu inicialmente dificuldades em construir jogadas de ataque e em criar lances de finalização. Mas aos poucos foi conseguindo assentar o jogo e, aos 25', Marega esteve perto do empate, mas permitiu a ação do guarda-redes Von Ballmoos.

Perante uma equipa organizada, e que também procurou o segundo golo, sobretudo em transições rápidas para o ataque, os dragões terminaram o primeiro tempo melhores do que o adversário. E aos 38' voltaram a estar perto do empate, depois de um cabeceamento de Corona a que Loum chegou tarde para emendar.

A primeira parte terminou com muitos protestos da parte do FC Porto, que reclamaram um penálti sobre Marega. Sem VAR, o árbitro nada assinalou e Sérgio Conceição explodiu no banco e viu um amarelo. Também os jogadores não se controlaram e foram pedir satisfações ao húngaro Tamás Bognar.

A segunda parte começou logo com uma alteração na equipa do FC Porto, com Manafá a entrar para o lugar de Mbemba, que tinha visto um amarelo. Uma alteração também pensada pela maior vocação ofensiva do lateral português.

O FC Porto entrou bem na segunda parte e aos 55' esteve muito perto de marcar. Uma grande jogada de Corona terminou com um remate do mexicano que o guarda-redes suíço travou com um defesa incompleta. E na recarga de Marega, a bola foi cortada por um defesa.

Começava uma corrida contra o tempo. A derrota deixava o FC Porto fora da Liga Europa e os jogadores começavam a sentir esse peso nos ombros. Aos 68', Corona voltou a ter uma boa oportunidade, mas rematou às malhas laterais.

Sérgio Conceição voltou a mexer a equipa aos 73 minutos, lançando Luís Diáz para o lugar de Loum. O colombiano ficou a jogar no lado esquerdo e Corona encostou-se ao corredor direito.

Aos 75', Aboubakar marcou e igualou o jogo, após assistência de Marega num lance iniciado por Otávio. E aos 79', o africano bisou (pela quarta vez com a camisola do FC Porto, a última tinha sido em 2017 com o Mónaco), na sequência de um canto. Estava operada a reviravolta e o FC Porto voltava a estar na luta e a depender unicamente de si para se apurar no jogo da última jornada da fase de grupos da Liga Europa.

Na compensação, os portistas ainda apanharam um valente susto num lance em que Fassnacht atirou aos ferros. O apito final chegou e confirmou a vitória do FC Porto, com um bis de Aboubakar, o herói improvável de uma noite que deu vida ao FC Porto na Liga Europa. Os 16 avos de final estão apenas à distância de uma vitória sobre o Feyenoord.

FICHA DO JOGO

Young Boys-FC Porto, 1-2.

Ao intervalo: 1-0.

Marcadores: 1-0, Fassnacht, 06 minutos; 1-1, Aboubakar, 75 e 1-2, Aboubuakar, 79.

Young Boys: Von Ballmoos, Janko (Hoarau, 81), Sorensen, Zesiger, Garcia, Fassnacht, Lustenberger (Lotomba, 70), Aebischer, Moumi Ngamaleu, Assalé (Martins Pereira, 57) e Nsamé.

Treinador: Gerard Seoane.

FC Porto: Marchesin, Mbemba (Manafá, 46), Pepe, Marcano, Alex Telles, Danilo, Loum (Luís Díaz, 74), Otávio, Corona (Diogo Leite, 84), Marega e Aboubakar.

Treinador: Sérgio Conceição.

Árbitro: Tomás Bognar, Hungria.

Ação disciplinar: cartão amarelo para Moumi Ngamaleu (01), Mbemba (08), Sérgio Conceição (45+2), Manafá (57), Aboubakar (79) e Alex Telles (88). Cartão vermelho para Vítor Bruno, adjunto do FC Porto, aos 90+2.

Assistência: cerca de 30.000 espetadores.