Messi chega à sexta Bola de Ouro. Ronaldo obrigado a superar-se em 2020
E vão seis Bolas de Ouro para Lionel Messi. Aos 32 anos, continua no topo do futebol mundial, palco que desde 2007 tem dividido com Cristiano Ronaldo, que desta vez ficou pela primeira vez no terceiro lugar. Aliás, só em 2010 e 2018 os dois futebolistas não apareceram juntos no pódio deste prestigiado prémio atribuído desde 1956 pela revista France Football, pois o português foi sexto classificado em 2010 e o argentino foi quinto no ano passado.
Ou seja, nos últimos 13 anos, só o brasileiro Kaká (2007) e o croata Luka Modric (2018) conseguiram romper com a ditadura das duas estrelas que têm imposto uma verdadeira ditadura no futebol mundial. E, desta vez, nem a conquista da Liga dos Campeões por parte do Liverpool derrubou este domínio, apesar de ter colocado cinco jogadores nos primeiros sete lugares: o defesa Virgil van Dijk em segundo, Sadio Mané em quarto, Mohamed Salah em quinto e Alisson Becker em sexto.
O triunfo de Messi deixa agora para trás Cristiano Ronaldo, que voltou a não comparecer na cerimónia. O português da Juventus mantém-se com cinco Bolas de Ouro no currículo, mas já por mais de uma vez admitiu que o seu objetivo é chegar às sete, que é afinal o número da sua camisola. Aos 34 anos, é um enorme desafio como tantos que o agora jogador da Juventus já enfrentou.
A distinção desta segunda-feira faz que o Barcelona passe a ter 12 Bolas de Ouro no seu currículo, sendo metade delas precisamente de Messi, contribuindo Johan Cruijff com duas, Luis Suárez, Hristo Stoitchkov, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho com uma cada. Neste duelo de clubes, o Real Madrid vê-se assim ultrapassado pelo grande rival, uma vez que continua com 11 troféus no currículo, depois de ter vencido nos três últimos anos: duas por Ronaldo e uma por Modric.
Mas como se justifica mais esta Bola de Ouro para Messi? Na verdade, o craque argentino teve um ano de 2019 a grande nível. É certo que em termos coletivos apenas conquistou o título de campeão espanhol com o Barça, mas a nível individual sagrou-se melhor marcador da Liga dos Campeões, com 12 golos, e da Liga espanhola, com 36 remates certeiros. E no ano civil de 2019 faturou por 42 vezes em jogos oficiais, uma marca que impressiona.
No momento de subir ao palco do Théâtre du Châtelet, em Paris, para receber o troféu, Messi recuou a 2009, quando tinha apenas 22 anos e conquistou a sua primeira Bola de Ouro. "Viajei para Paris com o meu irmão e para mim era impensável ganhar. Agora, estou aqui com a minha mulher e os meus três filhos, que me acompanharam, e apenas quero desfrutar do momento e do futebol", disse o número 10 do Barcelona, que aproveitou ainda para agradecer a quem votou nele e aos seus companheiros, "que contribuíram muito" para este prémio.
Em mais este dia de glória, Messi está consciente de que não lhe restam muitos mais momentos como este. "Estou consciente da idade que tenho, mas espero estar aqui de novo no próximo ano. Contudo, o tempo voa, ainda me faltam mais alguns anos no futebol, mas a minha retirada aproxima-se, por isso quero continuar a desfrutar daquilo que o futebol me dá", acrescentou.
O argentino assumiu que tenta superar-se "todos os anos". "Nunca me conformo. Os prémios individuais são muito bonitos, mas o mais importante são os coletivos", frisou, deixando ainda claro o "orgulho" que sente "por fazer parte da história do Barcelona, a melhor equipa do mundo".
Certo é que a história da Bola de Ouro ficará eternamente marcada por Messi, mas também por Cristiano Ronaldo. A prova disso é aquilo que ambos conseguiram desde 2007, ou seja, nos últimos 13 anos. O argentino contabiliza seis Bolas de Ouro, cinco segundos lugares e um terceiro; enquanto o português soma cinco troféus, seis segundos lugares e um terceiro.
Esta gala do France Football foi também especial para outros dois portugueses. Aos 25 anos, Bernardo Silva entrou pela primeira vez no top 10, classificando-se na nona posição, que é um prémio ao excelente ano que protagonizou, em que foi considerado o melhor futebolista da Liga das Nações, que Portugal conquistou, além de ter sido um dos mais influentes na conquista do título de campeão inglês por parte do Manchester City, que lhe valeu muitos elogios por parte do seu treinador, Pep Guardiola.
Mas também João Félix deverá estar orgulhoso pelo 28.º lugar, que partilhou com o brasileiro Marquinhos (Paris Saint-Germain) e o holandês Donny van de Beek (Ajax). O avançado que o Atlético de Madrid contratou ao Benfica por 126 milhões de euros entra na restrita lista de melhores do mundo naquele que foi o seu primeiro ano ao mais alto nível como profissional.
Félix foi ainda o terceiro mais votado para o prémio Raymond Kopa, que distinguiu o melhor futebolista com menos de 21 anos, sendo superado pelo defesa Matthis de Ligt, da Juventus, que sucedeu a Mbappé (vencedor em 2018), e ao inglês Jadon Sancho (Borussia Dortmund).
A revista France Football atribuiu ainda pela primeira vez outros dois prémios. O troféu Lev Yashin destinado ao melhor guarda-redes do mundo foi para o brasileiro Allison Becker, do Liverpool, que superou o alemão Marc-André ter Stegen (Barcelona) e o também brasileiro Ederson Moraes (Manchester City), que iniciou o seu percurso profissional em Portugal, onde representou Ribeirão, Rio Ave e Benfica.
Finalmente, a Bola de Ouro feminina foi para Megan Rapinoe, que em 2019 brilhou na conquista do título mundial por parte da seleção dos Estados Unidos, sucedendo à norueguesa Ada Hegerberg, vencedora em 2018. A inglesa Lucy Bronze ficou em segundo lugar, enquanto a americana Alex Morgan foi terceira classificada.
Eis a classificação completa da Bola de Ouro 2019:
1.º - LIONEL MESSI (Barcelona)
2.ª - Virgil van Dijk (Liverpool)
3.º - Cristiano Ronaldo (Juventus)
4.º - Sadio Mané (Liverpool)
5.º - Mohamed Salah (Liverpool)
6.º - Kylian Mbappé (PSG)
7.º - Alisson Becker (Liverpool)
8.º - Robert Lewandowski (Bayern Munique)
9.º - Bernardo Silva (Manchester City)
10.º - Riyad Mahrez (Manchester City)
11.º - Frenkie de Jong (Ajax/Barcelona)
12.º - Raheem Sterling (Manchester City)
13.º - Eden Hazard (Chelsea/Real Madrid)
14.º - Kevin de Bruyne (Manchester City)
15.º - Matthijs de Ligt (Ajax/Juventus)
16.º - Sergio Agüero (Manchester City)
17.º - Roberto Firmino (Liverpool)
18.º - Antoine Griezmann (At. Madrid/Barcelona)
19.º - Trent Alexander-Arnold (Liverpool)
20.º - Dusan Tadic (Ajax), Pierre-Emerick Aubameyang (Arsenal)
22.º - Heung-min Son (Tottenham)
23.º - Hugo Lloris (Tottenham)
24.º - Kalidou Koulibaly (Nápoles), Marc-André ter Stegen (Barcelona)
26.º - Giorgino Wijnaldum (Liverpool), Karim Benzema (Real Madrid)
28.º - João Félix (Benfica/At. Madrid), Marquinhos (PSG), Donny van de Beek (Ajax)