"Sporting terá um défice de tesouraria até ao final do ano de 120 milhões"
"Está a decorrer uma auditoria que vai dizer com exatidão o que se passa. Em termos grandes números, segundo os relatórios publicados, o Grupo Sporting terá um défice de tesouraria até ao final do ano de 120 milhões, entre pagamentos a bancos, empréstimo obrigacionista, etc. O Sporting é uma entidade financeira que exige algum esforço de financiamento. É necessário negociar com a banca. Não é um bicho papão, mas é preciso uma gestão muito rigorosa. Conciliar isto com o sucesso desportivo é um desafio. Já foram adiantados 60M em receitas. Só faltam receber 8M em dois anos", revelou esta quarta-feira António Paulo Santos, membro da Comissão Fiscalizadora do Sporting, num encontro com os jornalistas numa unidade hoteleira em Lisboa, na qual fez a apresentação e análise a vários aspetos das finanças do Sporting, sustentada nos números oficiais.
"A SAD gastou 100M e o clube 23M até 30 de junho de 2017. Não indo à Champions, o desafio para os membros dos novos órgãos sociais é grande. As receitas fixas são de 80 M e alguns já foram recebidas", acrescentou.
Face a esta situação, o membro do órgão transitório considerou que não há "salvadores" para a situação do Grupo Sporting (clube e SAD), mas que é necessário negociar com a banca. "Há possibilidades de ir buscar grandes financiamentos, como o naming do estádio", alertou.
Para António Paulo Santos, continuam a ocorrer várias violações aos estatutos do clube. "Se há membros que estão suspensos não é crível nem aceitável que haja comentadores e figuras do Sporting a dizer que fulano A ou o B deva ir a eleições. É uma violação ao respeito dos estatutos", começou por enumerar. "O ex-presidente não pode ir aos núcleos, uma vez que está suspenso de sócio. É uma violação de estatutos", prosseguiu, falando também da criação ilegal de uma Comissão Transitória da Assembleia Geral.
Em relação aos processos de suspensão de sócio dos membros da antiga direção, disse que estão a ser analisados individualmente e que as penas não serão iguais para todos.
Sobre os litígios com os futebolistas que rescindiram alegando justa causa, António Paulo Santos afirmou estar convencido de que "o Sporting tem razão e que vai ganhar esses processos". "Não existe justa causa. Tem que existir algo que, de fora clara e inequívoca, mostre que o clube esteve envolvido nas agressões", acrescentou, admitindo que esses casos poderão demorar "uma época ou duas" até estarem resolvidos. "São processos demorados", frisou.
O membro do órgão transitório revelou ainda que os incidentes de 15 de maio na Academia do clube estão classificados pelo Tribunal da Relação como " crime de terrorismo" e que isso pode "jogar a favor do Sporting" no caso das rescisões.
"Não temo que o clube perca a maioria da SAD. Tem que se respeitar a vontade dos sócios, que terá de ser expressa em Assembleia Geral", afirmou, acerca da possibilidade de alienação da SAD em virtude da atual situação financeira. "Pelo contrário, julgo que o Sporting vai aumentar a sua participação na SAD", aditou.
Relativamente ao número de sócios, uma das temáticas que tem estado em voga no Sporting, António Paulo Santos explica a discrepância entre os números divulgados pelo anterior Conselho Diretivo e a Comissão de Gestão. "Há cartões a serem emitidos com o número 170 mil e tal, mas uma coisa é o número efetivo, outro é o número de pagantes. Não é uma realidade estática. É uma questão de análise e da forma de abordar essa realidade", frisou.