Sá Pinto: da agressão a Artur Jorge à expulsão pela Ryanair

O desentendimento com a tripulação da Ryanair que obrigou o técnico do Sp. Braga a sair do avião em Faro é mais um dos episódios do seu currículo, que tem nas agressões a Artur Jorge o "ponto alto".
Publicado a
Atualizado a

O desentendimento nesta sexta-feira entre Ricardo Sá Pinto, o chefe de cabine e uma hospedeira da Ryanair que terminou com o treinador do Sporting de Braga a ser identificado pela PSP e a não seguir no voo que fez a ligação entre Faro e o Porto, é o mais recente episódio do currículo do antigo futebolista internacional português.

Sá Pinto faz parte da história do futebol português não só pela carreira como jogador e agora como técnico, mas é ainda mais recordado pelo que fez na manhã de 26 de março de 1997: a agressão ao selecionador nacional Artur Jorge, a que se seguiu também o adjunto Rui Águas.

Por essa ação foi suspenso pela Comissão Disciplinar da Liga e depois condenado a um ano de suspensão dos relvados.

As agressões mais mediáticas do futebol português têm, assim, a participação do treinador que esta temporada lidera a equipa de futebol profissional do Sporting de Braga.

A reação de Sá Pinto foi motivada, contam os jornais da época, pelo facto de não ter sido convocado para o jogo com a Irlanda do Norte, em Belfast, contar para a fase de apuramento para o Campeonato do Mundo de 1998. De acordo com as notícias a decisão de Artur Jorge terá sido justificada com alegados atos de indisciplina em desafios anteriores e ambos particulares: França (em Braga) e Grécia (Atenas).

Sá Pinto não aceitou essa decisão e dirigiu-se ao Estádio do Jamor onde a seleção ia treinar quando ali chegou foi ter com Artur Jorge a quem agrediu a soco e quando este caiu ainda lhe terá dado dois ou três pontapés. Tudo isto perante testemunhas.

Pouco depois envolveu-se com o técnico-adjunto Rui Águas, sendo que destas agressões há imagens publicadas pelo já desaparecido jornal Manhã Popular, o que não aconteceu no confronto com Artur Jorge, que anos mais tarde desistiria da queixa contra o então jogador.

Uma das características de Ricardo Sá Pinto foi sempre a emotividade e a vontade que colocava nas suas atuações enquanto jogador e isso mesmo chegou a reconhecer em declarações proferidas em 1997 quando disse que tinha reagido emocionalmente a considerações feitas à sua honra.

Desentendimento com Liedson

Anos mais tarde, em 2010 e numa altura em que o agora treinador tinha regressado ao Sporting na função de diretor desportivo depois de ter cumprido uma carreira internacional como futebolista que o levou ao Real Sociedad (Espanha) e Standard Liège (Bélgica), voltou a ser noticia e não pelo seu desempenho desportivo.

A 20 de janeiro desse ano, a RTP noticiou citando a Antena 1 que Sá Pinto tinha agredido o futebolista brasileiro Liedson após o jogo do Sporting com o Mafra, a contar para a Taça de Portugal. No entanto, o avançado acabou por desmentir a agressão, confirmando sim uma tentativa. "Houve uma discussão entre nós os dois e falou-se em agressão da parte dele, mas não aconteceu nada disso. Houve uma tentativa, mas não fui agredido. Defendo os meus colegas [o diretor desportivo terá criticado um erro do guarda-redes Rui Patrício] e não admito que as pessoas os critiquem. É um assunto desagradável mas que acabou e não tenho nada contra o Sá Pinto, nem nunca tive problemas com ele", assegurava.

Assim, o desentendimento desta sexta-feira com alguns elementos da tripulação da Ryanair - Sá Pinto já anunciou que vai processar a empresa e o chefe de cabine - é mais um episódio que o técnico acrescentou à sua história pessoal.

A explicação de Sá Pinto

Ao final da noite de sexta-feira, o treinador divulgou um comunicado onde dá a sua versão do que aconteceu no avião que se preparava no aeroporto de Faro para seguir em direção ao Porto.

Começou por explicar que "desde a entrada no avião que o chefe de cabine teve uma postura arrogante e mal-educada", apesar disso garantiu que ao lhe ser pedido para desligar o telemóvel e os auriculares, acatou essas indicações.

Acrescentou que quando fez a reserva do bilhete marcou o seu lugar na primeira fila porque não consegue manter o joelho dobrado durante o tempo de voo devido às lesões que sofreu enquanto jogador. Como tinha a perna esticada foi-lhe dito para que dobrasse as pernas ao que, segundo garantiu no comunicado, explicou a impossibilidade de o fazer. No documento divulgado pela Lusa, Sá Pinto refere que "a tripulação recusou-se a iniciar o voo, o que obrigou ao desembarque do passageiro Ricardo Sá Pinto".

"É absolutamente condenável a postura do funcionário desta companhia de aviação low cost e Ricardo Sá Pinto irá proceder judicialmente contra esta empresa e contra o aludido chefe de cabine pela atuação tida contra a sua pessoa", concluiu.

Certo é que a PSP foi chamada ao avião, Sá Pinto deixou a aeronave e foi identificado.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt