O dia em que uma loucura de Souness o tornou herói do Galatasaray
O escocês Graeme Souness, que foi treinador do Benfica durante a gerência de Vale e Azevedo, orientou os turcos do Galatasaray na temporada 1995/96. O técnico, que tinha deixado o Liverpool, não teve propriamente uma passagem brilhante a nível desportivo pelo emblema de Istambul, mas ainda hoje é recordado pelos adeptos por um ato heróico num jogo com um clube rival que por pouco não teve graves consequências.
Em abril de 1996, o Galatasaray, equipa que esta terça-feira recebe o FC Porto na Liga dos Campeões, disputou a final da Taça da Turquia frente ao grande rival de sempre, o Fenerbahçe. O jogo da primeira mão terminou com o triunfo da equipa de Souness, por 1-0. Na segunda mão, no campo do Fenerbahçe, o adversário conseguiu igualar a eliminatória e obrigou a que fosse disputado um prolongamento.
Aos 116 minutos, Dean Saunders, jogador galês que anos mais tarde Graeme Souness trouxe para o Benfica, fez o empate e ofereceu a Taça ao Galatasaray. Poucos minutos depois do jogo ter terminado, deu-se o tal ato heróico do técnico escocês, que pegou numa enorme bandeira do clube e espetou-a mesmo no centro do relvado do campo do maior rival.
Os adeptos do Fenerbahçe ficaram furiosos e o escocês saiu logo de seguida a correr para o túnel de acesso aos balneários, onde já estavam centenas de polícias. A fúria dos adeptos rivais foi tanta, que na altura em que os jogadores do Galatasaray foram para o relvado levantar a taça tiveram de o fazer rodeados de polícia, porque os ânimos estavam completamente incendiados. A partir daí, há quem diga que a rivalidade entre os dois emblemas de Istambul se tornou ainda maior.
Anos mais tarde, na Sky Sports, Graeme Souness, explicou os verdadeiros motivos que o levaram a ter aquela reação: "Quando fui para o Galatasaray, um dirigente do Fenerbahçe andou a dizer nos jornais que tinham contratado um deficiente. Ele estava a falar assim de mim porque um ano e meio antes eu tinha tido um ataque de coração e fui operado. Quando ganhei a final, no campo deles, consegui vê-lo nas bancadas. E pensei: 'vou-lhe mostrar quem é afinal o deficiente. Sei que não foi a coisa mais inteligente que fiz na vida. E quando me virei e vi aqueles adeptos todos a quererem entrar no relvado para me matar, só pensei em sair dali rapidamente."
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, referiu-se na conferência de imprensa de lançamento do jogo ao ambiente que vai encontrar esta terça-feira em Istambul (17,55). Mas desvalorizou o tema: "Vai ser um ambiente difícil, mas bom de se jogar, com muita emoção e paixão. Sou apaixonado do futebol, gosto de viver de essa forma. Sinto-me como peixe na água em ambientes quentes. E se me insultarem, eu não vou entender", referiu.