Nem todos podem ser Ronaldo. Os recordes que ninguém quer bater

O Feirense bateu esta época o recorde de mais jogos sem ganhar na I Liga, um registo que vai em 24 partidas e que ainda pode ser reforçado. Mas há mais marcas pela negativa na história do campeonato português.
Publicado a
Atualizado a

Se uns ficam na história por liderarem os rankings de mais jogos, mais golos, mais pontos, mais vitórias consecutivas ou mais jogos sem perder, também há o reverso da medalha. Afinal, nem todos podem ser Cristiano Ronaldo.

Nesta que é a 85.ª edição da I Liga, o Feirense bateu o recorde de mais jogos consecutivos sem ganhar no campeonato: 24. E a equipa que foi orientada por Nuno Manta Santos e é agora por Filipe Martins ainda pode reforçar esta marca, uma vez que faltam oito jornadas por disputar. Curiosamente, na segunda-feira, os fogaceiros recebem a segunda equipa há mais tempo sem ganhar na I Liga, o Vitória de Setúbal, que não vence há 15 partidas. Para trás, ficou o Varzim de 1984/85 (22), então comandado por Mourinho Félix, pai de José Mourinho, com jogadores como Bandeirinha, Bobó ou Vata no plantel.

Ninguém bate E. Amadora e Salgueiros

Se esse recorde pode ser reforçado, outros terão de esperar mais uns anos para serem batidos, como é o caso do maior registo de derrotas num só campeonato, 25, estabelecido em 2003/04 pelo Estrela da Amadora de João Alves e Miguel Quaresma. Na melhor das hipóteses - ou a pior para os clubes envolvidos -, o mais perto a que se poderá chegar é aos 23, se Marítimo e Feirense perdessem todos os encontros que restam.

Também impossível de bater esta época é o máximo de derrotas consecutivas, obtido pelo Salgueiros em 1961/62 (16). Por falar em desaires, o recordista global é o Vitória de Setúbal (853).

Sanjoanense inalcançável

Das derrotas aos golos sofridos, é como viajar da Reboleira a São João da Madeira. A Sanjoanense de 1946/47 continua na história como a equipa que sofreu mais golos numa só edição da I Divisão, 118 (em 26 jornadas), um recorde que ameaça perdurar por bastantes anos. Para se ter a noção, a pior equipa desta época nesse aspeto, o Nacional, vai em 55 com oito jornadas por disputar.

Essa Sanjoanense também tem o recorde de pior saldo entre golos marcados e sofridos (-92), o que também não será fácil de alcançar. O Feirense de 2018/19, apesar de tudo, está bem distante: -29. O recordista global da competição é o Vitória de Guimarães (3085), mas o de Setúbal não está longe (3064).

Em matéria de golos marcados, o pior registo de sempre pertence aos sadinos e remonta a 1939/40, quando apontaram apenas sete golos em 18 rondas. Com 34 jornadas, ninguém bate o Penafiel de 2005/06, orientado por Luís Castro: apenas 21 golos, uma marca que ainda pode ser batida esta época por Feirense (16), Marítimo (16), Desp. Chaves (19), V. Setúbal (20) e Boavista (20).

E se empates a zero houve muitos, foram três as jornadas que tiveram apenas nove golos, o número mais baixo alguma vez registado. A primeira vez foi na 28.ª ronda de 2004/05 (em nove jogos), seguindo-se a 1.ª de 2009/10 e a 22.ª de 2010/11 (ambas com oito partidas).

Dos pontos à disciplina

O Casa Pia é o clube que esteve na I Divisão que somou menos pontos: dois, ambos conquistados numa vitória por 2-1 sobre o Barreirense em 1938/39. Porém, se tivermos em conta que nessa altura os triunfos valiam somente dois pontos, o pior registo numa época é o do Leixões de 1942/43, que somou dois pontos através de dois empates.

Porém, os clubes de Matosinhos não entram nos recordes negativos só por essa razão. Na época anterior, o Leça foi goleado por 0-14 pelo Sporting, o que constitui a maior goleada de sempre da I Divisão a par da que o Unidos de Lisboa impôs ao V. Guimarães em 1941/42.

Dos pontos e das goleadas, saltamos para a disciplina. O Sp. Braga é o clube que viu mais cartões amarelos (2944) e vermelhos (219) na história da I Liga. 110 dessas expulsões foram por acumulação de amarelos, 109 por vermelhos diretos.

Relativamente a jogadores, o antigo lateral esquerdo de FC Porto e Sporting, entre outros, Rui Jorge, foi o que viu mais cartões vermelhos diretos (sete) e um dos cinco com mais expulsões no total, 13. Os outros foram Hugo Costa (12 por acumulação) e Bobó, Pedro Barbosa e João Vieira Pinto (todos com oito por acumulação). Rúben Ferreira, do Marítimo, com oito expulsões (quatro por acumulação), é quem tem mais entre os que estão no ativo.

O antigo central portista Jorge Costa foi o futebolista que viu mais cartões amarelos na história da I Divisão (123) e curiosamente é um jogador do FC Porto, Maxi Pereira, o que lidera o ranking dos que estão no ativo: 93.

Ainda em relação a cartões, o V. Guimarães-Boavista de 2004/05 e o Benfica-Estrela da Amadora de 2006/07 foram os encontros em que os árbitros tiveram de ir mais vezes ao bolso: 15 em ambos.

Os piores das principais ligas

Foi apenas há onze anos que apareceu na liga inglesa um Derby County que insistiu em estabelecer recordes negativos: menos pontos numa época (11), menos vitórias numa época (uma), mais jogos consecutivos sem ganhar (32), menos golos marcados (20), pior diferença de golos (-69) e mais derrotas numa só época (29).

Por Espanha, o Sporting Gijón de 1997/98 ficou pouco atrás, somado apenas 13 pontos, tendo sofrido 29 derrotas e estado 24 jogos sem ganhar.

Em Itália, o Pescara de há dois anos também não deu grande luta, ao somar apenas 18 pontos e três vitórias. Ainda assim, o Benevento da época passada estabeleceu um recorde nacional de 14 derrotas consecutivas.

Quando se fala em recordes negativos no futebol alemão, tem de se falar do Tasmania Berlim de 1965/66, que venceu apenas dois jogos e perdeu 28, tendo apontado apenas 15 golos e sofrido 108, com um saldo de -93. Também foram os homens da capital os que no campeonato germânico estiveram mais jogos sem ganhar (31) e sempre a perder (10), esta última marca partilhada com o Nuremberga de 1983/84 e o Arminia Bielefeld de 1999/00.

Em solo francês, os registos são menos impressionantes e distribuídos por várias equipas, mas o Lens de 1988/89, que perdeu 27 vezes e somou apenas 17 pontos em 34 jornadas, merece ser mencionado.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt