Guarda-redes inglês continua sem perdoar mão de Deus de Maradona
Já passaram mais de 33 anos, mas Peter Shilton ainda não conseguiu digerir o golo de Maradona com a mão, a famosa mão de Deus, no Argentina-Inglaterra dos quartos-de-final do Mundial de 1986, no México, que permitiu aos argentinos seguir em frente com uma vitória por 2-1, rumo à conquista do título.
Em entrevista ao jornal The Guardian, o antigo guarda-redes da seleção inglesa atualmente com 70 anos, recordou esse jogo mítico e não tem dúvidas: "Maradona foi o melhor jogador da história do futebol, mas eu não o respeito." Assim mesmo, sem papas na língua. "Após 30 anos no futebol, há coisas das quais me orgulho, mas as que verdadeiramente importam são os jogos que disputei na minha carreira profissional que mostram a minha longevidade, ter conseguido chegar às 125 internacionalizações e o recorde de menos golos golos sofridos em Campeonatos do Mundo, juntamente com o Fabien Barthez, que até seria recorde não fosse o senhor Maradona", lembrou.
Esse jogo com a Argentina é recordado por Shilton "pelas razões erradas". "Fiz tudo o que podia e a famosa imagem [da mão de Deus] mostra que estou mais próximo da bola do que a cabeça de Maradona. Foi por isso que ele empurrou a bola com a mão", afirmou, não escondendo uma certa revolta pelo sucedido: "Há pessoas a dizer que ele se antecipou, mas não é verdade. O Maradona fez batota. E é por isso que estou associado a esse momento."
O antigo guarda-redes não perdoa ao argentino o facto de nunca ter pedido desculpa pelo que fez. "Bastaria o pedido de desculpas para a seleção inglesa, porque todos nós sofremos com a batota que ele fez. Hoje em dia, as pessoas queixam-se do VAR, mas naquele dia teria sido fantástico para nós tê-lo. Maradona admitiu de forma esquiva, dizendo que era a mão de Deus, mas nunca pediu desculpa nem mostrou qualquer arrependimento", sublinhou, lembrando que na sua longa carreira viu "outros jogadores a pedir desculpa depois de fazerem batota".
E é por isso que garante ter recusado por várias vezes reencontrar-se com Maradona. "Ele não pede desculpa e eu recuso-me a apertar-lhe a mão. Continuo a dizer que é o melhor jogador de todos os tempos, mas não o respeito como desportista... nunca o respeitarei", finaliza.
Além das 125 internacionalizações, Peter Shilton contabilizou 1375 jogos na sua carreira profissional, tendo representado Leicester, Stoke City, Nottingham Forest, Southampton, Derby County, Plymouth Argyle, Wimbledon, Bolton, Coventry, West Ham e Leyton Orient, onde se retirou em 1997 com com 47 anos.