Garrafas de alegria deram resultado. E o FC Porto voltou à liderança
E pronto. O FC Porto venceu neste domingo o Famalicão (3-0) e colocou um ponto final no conto de fadas do clube famalicense, que desde a 4.ª jornada liderava a I Liga, um feito ainda mais notável tendo em conta que só esta época a equipa subiu ao escalão maior do futebol português. Foram 57 dias no primeiro lugar, um reinado que acabou no Dragão, com os golos de Luis Díaz, Soares e Fábio Silva, e que permitiu ao FC Porto subir à liderança do campeonato, em igualdade pontual com o Benfica.
As duas equipas entraram em campo já conhecedoras do triunfo do Benfica, que por algumas horas foi líder isolado do campeonato. E com muitas novidades no onze de Sérgio Conceição! Marega saltou dos convocados e viu o jogo da bancada. E Alex Telles e Zé Luís foram direitinhos para o banco de suplentes. Três alterações em relação ao último jogo que abriram as portas da titularidade a Mbemba (lateral direito), Manafá (lateral esquerdo) e Soares (avançado).
Havia alguma expectativa em perceber até que ponto o conjunto de João Pedro Sousa conseguiria resistir ao favoritismo teórico do FC Porto, que a meio da semana, com uma exibição pálida, tinha empatado no Estádio do Dragão com o Rangers, na Liga Europa.
A exibição com os escoceses foi fraquinha e até mereceu na altura reparos do treinador portista. Por isso, no lançamento do jogo com o Famalicão, Conceição disse em tom irónico que tinha passado pelo supermercado a comprar garrafas de alegria para os jogadores, numa referência ao facto de ter faltado talento e atitude no jogo da Liga Europa.
Com ou sem garrafas de alegria, o FC Porto entrou bem no jogo, a pressionar forte e em velocidade, como Conceição gosta. E aos sete minutos já tinha feito quatro remates à baliza de Defendi, apesar da melhor oportunidade ter sido de Uribe, aos 15'. O Famalicão tentava sair em transições rápidas, mas esbarravam quase sempre na defesa portista. As exceções foram dois remates de longe de Fábio Martins - um deles, aos 19', obrigou Marchesín a aplicar-se.
A primeira parte terminou como começou. Mas com o golo (merecido) do FC Porto. Um erro de Patrick permitiu a Otávio recuperar uma bola no meio-campo do Famalicão, e depois Corona serviu Luís Díaz para o colombiano colocar o dragão em vantagem mesmo em cima do intervalo e marcar pelo terceiro jogo consecutivo. Ao décimo remate em 45 minutos, o FC Porto conseguiu finalmente bater Defendi.
A segunda parte começou sem alterações nas duas equipas e logo a abrir com um remate muito perigoso de Corona, que saiu por cima da barra. Mesmo com menos intensidade do que no primeiro tempo, o FC Porto manteve o domínio do jogo. E aos 57', Corona (grande exibição), num remate de primeira, quase fez o 2-0. O Famalicão não conseguia encontrar o antídoto para travar a equipa de Conceição, que tinha em Otávio, Corona, Luis Díaz e na velocidade de Manafá os maiores quebra-cabeças para o adversário. E ainda um Pepe imperial a defender.
João Pedro Soares fez uma dupla substituição aos 63', lançando Racic e Schiappacase para os lugares de Guga e Anderson na tentativa de dar a volta aos acontecimentos. Mas de nada valeu. Aos 73', Soares fez o segundo do FC Porto (o seu primeiro golo esta época no campeonato), numa jogada individual onde levou tudo à frente, fez um primeiro remate contra Patrick e na recarga não perdoou.
A noite não podia ter terminado da melhor forma. Conceição tirou Soares e lançou Fábio Silva aos 86'. E um minuto depois, o miúdo que é já uma grande promessa do FC Porto fez o terceiro golo, num lance em que beneficiou da atrapalhação de Lionn e do guarda-redes Defendi. E tornou-se no jogador mais jovem de sempre do FC Porto a marcar no campeonato português, batendo a marca que pertencia a Rúben Neves - já tinha sido o mais novo de sempre a marcar com a camisola portista diante do Coimbrões, na Taça de Portugal.
Fica o registo para a boa exibição do FC Porto e também para o facto de as mexidas de Sérgio Conceição no onze terem funcionado às mil maravilhas. As garrafas de alegria do treinador compradas no supermercado (ironia) funcionaram como um autêntico elixir, e de facto este FC Porto mudou da noite para o dia em relação ao jogo de quinta-feira com o Rangers.
O terceiro jogo consecutivo do colombiano a marcar com a camisola do FC Porto, ele que chegou esta temporada ao Dragão e que se adaptou às mil maravilhas. O jogador que Carlos Queiroz (selecionador da Colômbia) já disse ser "o sal da equipa" marcou o primeiro golo dos dragões, após assistência de Corona, e foi sempre um quebra-cabeças para a defesa do Famalicão, com os seus constantes desequilíbrios e velocidade noo lado esquredo e mesmo quando aparecia pelo centro. Esteve perto de bisar num lance de cabeça e ainda ofereceu um golo ao compatriota Uribe, mas este permitiu a defesa de Defendi. Uma grande contratação feita pelo FC Porto que no futuro pode render um bom encaixe.
Estádio do Dragão, no Porto.
FC Porto-Famalicão, 3-0.
Ao intervalo: 1-0.
Marcadores: 1-0, Luiz Díaz, 45 minutos; 2-0, Soares, 73 e 3-0, Fábio Silva, 88.
FC Porto: Marchesín, Mbemba, Pepe, Marcano, Manafá (Alex Telles, 80), Danilo, Uribe, Otávio, Corona, Soares (Fábio Silva, 86) e Luis Díaz (Nakajima, 80).
Treinador: Sérgio Conceição.
Famalicão: Defendi, Lionn, Patrick, Nehuen, Centelles, Gustavo Assunção, Guga (Racic, 63), Pedro Gonçalves (Diogo Gonçalves, 80), Rúben Lameiras, Anderson (Schiappacasse, 63) e Fábio Martins.
Treinador: João Pedro Sousa.
Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Patrick (60), Gustavo Assunção (77), Diogo Gonçalves (90+2).
Assistência: 47.807 espetadores.