Da goleada ao abismo, veio a barra e salvou o campeão
Nem um bis de Marega sossegou o FC Porto, que bateu (4-3) o Tondela (bis de González). Em vez de uma goleada, acabou a agradecer à barra no último minuto
Os candidatos ao título resolveram dar emoção aos jogos do campeonato e moral aos adversários: o Sporting empatou 2-2 em Famalicão, sofrendo quase metade dos golos dos oito jogos anteriores (5). Para o FC Porto, era um extra de motivação, porque se não se pode dar ao luxo de perder pontos, tem de mitigar a desvantagem.
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Jogar em casa frente ao Tondela poderia ser esse dois em um: ganhar e encurtar caminho para o topo. E mais quando o bloqueio foi desfeito logo aos 3": Zaidu aproveitou uma boa combinação de Taremi e Otávio, que serviu o lateral para o 1-0.
Seguiu-se um natural período de confiança do campeão nacional, que construi golo sobre golo, mas não os concretizou. Marega, Taremi, Otávio - quem quer que fosse que estivesse com a baliza no ponto de mira, ou encontrava Niasse, ou falhava o alvo.
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O Tondela de Pako Ayestarán tem recebido elogios pela qualidade, mas a verdade é que os resultados não o refletem. E nem sequer era uma equipa de golo fácil: tinha marcado seis em oito jogos, contra 14 sofridos.
Pois no Dragão, casa do campeão nacional, conseguiu virar o resultado fazendo apenas dois remates. Primeiro, num lance que define o nível de Mario González, da cantera do Real Madrid. Troca de bola com Rafael Barbosa, velocidade de execução e, na cara de Marchesín, classe a finalizar.
Pouco mais de dez minutos volvidos, foi o companheiro de ataque a marcar: bola perdida na área, remate quase sem ângulo de Rafel Barbosa e Marchesín não conseguiu tirar a bola da baliza. Estava feito o 1-2.
Curiosamente, não foi aqui que o FC Porto começou a duvidar da própria sombra. Isto para uma equipa que tem tido problemas defensivos que há muito não se traduziam em tanta mossa (há décadas que não encaixava tantos golos).
⌚️Apito final: FCP 4-3 TON
⚠️O FC Porto igualou a pior defesa à 9.ª jornada da Liga pós-25 Abril: 13 golos sofridos (1976/77 e 2020/21)
⏪Desde 95/96 (vitória a 3 pts), os dragões à 9.ª jornada sofriam uma média de 5 golos (hoje, +8 golos sofridos acima da média) pic.twitter.com/Bdp95E6544
Para quem estava a ver o jogo de fora, nada melhor. Reviravoltas no marcador, a bola sempre a rondar a baliza (do Tondela) e muitos golos. "Os adeptos podem gostar, eu não gosto. Prefiro ganhar 1-0 do que 4-3", admitia com alguma frustração Sérgio Conceição, após o jogo.
Percebe-se. O FC Porto empatou três minutos depois do 1-2, com Marega a finalizar com subtileza após apanhar uma carambola.
A abrir a segunda parte, o maliano fez o 3-2, bisando. No campeonato desta época, Marega marca aos pares: Boavista (5-0 no Bessa) e esta noite. Novamente, o avançado a marcar com um toque virtuoso.
Este golo trouxe um segundo período de sufoco para o Tondela. Só à conta de Sérgio Oliveira, foram três golos cantados. Mas que não contaram: nunca acertou nas redes.
Ou seja, em posição de goleada moral, era improvável que o final do jogo tenha sido como foi. Com o FC Porto a tremer, algo descontrolado, e o Tondela a aumentar a crença.
Aos 74", Mario González também bisou e reduziu para o 4-3 final. Mas a partir desse momento, os dragões quase despareceram do radar atacante.
E se a Marchesín não se lhe apresentavam grandes trabalhos, ou sequer sustos, os colegas estavam a milhas do período a seguir ao 3-2 e ao 4-2. Uribe confirmou-o ao ver o segundo cartão amarelo numa falta sobre a linha lateral. Já aos 90"+1".
Para uma equipa que podia ter marcado quase uma dezena de golos, estar a ganhar por 4-3 já era algo aflitivo. Mas ter de agradecer à barra por rechaçar um tiro de Khacef, com Marchesín batido, foi como passar da euforia ao (quase) abismo.
Contas feitas, a equipa de Sérgio Conceição tem o melhor ataque da Liga (23 golos, tal como o Sporting), mas uma defesa sofrível. Com 13 golos sofridos, só há, neste momento, três equipas com registos piores: Famalicão (18), Tondela (18) e Boavista (15).
Desde o início de novembro, os dragões somam e seguem: seis vitórias e um empate com sabor a ouro: foi o 0-0 de terça-feira com o Manchester City, que garantiu o apuramento para a próxima eliminatória da Liga dos Campeões e uns belos 60 milhões de euros em receitas. Mas do 10-1 passou para um 14-4. Muitos golos marcados, mas também demasiados sofridos.
Ou seja, o campeão aproveitou o deslize do líder Sporting para encurtar para quatro pontos a desvantagem. Agora, espera pelos resultados do Sp. Braga (visita o Belenenses) e do Benfica (recebe o Paços de Ferreira), que este domingo começam a jogar com menos um ponto do que o FC Porto.