Bruno Lage: "Não íamos aceitar a proposta pelo Raúl de Tomás"

O treinador do Benfica explicou que foi a determinação do avançado em regressar a Espanha que o fez aceitar abrir mão dele. O técnico admitiu que RTD não conseguiu lidar com a pressão e lembrou os problemas que Carlos Vinícius e Seferovic sentiram no passado.
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Bruno Lage assumiu esta quinta-feira que o Benfica não queria deixar sair Raúl de Tomás, mas que foi a vontade do jogador a determinar a decisão de aceitar a proposta do Espanyol. "À partida, nós não íamos aceitar a proposta, mas perante aquilo que era a vontade e determinação do jogador de querer regressar ao seu país o mais rápido possível. E de querer voltar a jogar na sua Liga e ir para perto dos seus, tivemos de analisar", revelou o treinador encarnado.

Questionado sobre as razões que levaram ao fracasso de Raúl de Tomás na Luz, Bruno Lage recorreu a dois exemplos que tem no seu plantel. "O que correu mal ao Vinícius para não ter singrado no Nápoles e no Mónaco? O que correu mal ao Seferovic para só um ano e meio após chegar ao Benfica ter começado a faturar? É preciso olhar para isto. Temos dois jogadores na casa que passaram por isso. E hoje em dia a um deles já chamam Vinigol, enquanto o Seferovic teve oscilações e na época passada fez uma segunda volta fantástica. Na prática, a explicação é que o Vinicius foi uma questão de adaptação por onde passou, o outro foi ter passado mais tempo no clube", começou por dizer.

O técnico vincou depois o caso concreto do avançado espanhol. "O que se passou tem a ver com a adaptação ao nosso país e a uma falta de tempo. Por isso é que eu disse há umas semanas, quando falei dele, para que não desistisse e continuasse a acreditar porque se trata de um grande jogador. E a prova disso é aparecer uma equipa a fazer esta proposta. Estou convicto que estávamos perante um grande jogador, lamento que não tenha tirado rendimento dele e ao mesmo tempo quero reforçar o enorme apoio que o Raúl teve sempre da estrutura e dos colegas, que foram incansáveis para que ele tivesse sucesso", explicou.

Bruno Lage recusou entretanto qualquer pressão extra para fazer resultar o alemão Julian Weigl, recentemente contratado ao Borussia Dortmund. "A pressão do Raúl foi a mesma de fazer resultar o Vinicius ou o Florentino, que é da nossa formação. A pressão é sempre a máxima. Talvez o excesso de pressão vinda de fora condicione também a adaptação. A partir da terceira ou quarta jornada, o Raúl teve, em Braga, duas bolas para encostar e fazer golo, mas os adversários atiraram-se para a frente dele e fizeram autogolos. E a partir dali a pressão e responsabilização para alguns jogadores aumentou para além do normal. Há jogadores que lidam melhor com a pressão outros que lidam menos bem. Sobre o Julian, não tenho pressão nesse aspeto, pois quero é que eles treinem e joguem da melhor maneira e consigam os melhores resultados, independentemente daquilo que custaram."

Sobre a possibilidade de recorrer ao mercado para colmatar a saída de Raúl de Tomás, Bruno Lage admitir que a estrutura do futebol está "em avaliação constante". "Temos enormes soluções para reforçar a equipa, primeiro na nossa formação e também numa perspetiva de mercado", começou por dizer, revelando as opções que podem estar em cima da mesa: "Temos o scouting a funcionar de forma fantástica, na procura de identificar jogadores como o Weigl ou o Raúl, pois são para esse nível de jogadores que temos de olhar, além da formação e das oportunidades que se colocam no campeonato português, como é exemplo o Chiquinho. Por isso, vamos primeiro olhar para dentro, onde temos o Daniel dos Anjos e o Gonçalo Ramos a fazerem uma época fantástica, e depois olhar para fora e perceber como podemos ou não reforçar-nos nessa posição."

No que diz respeito ao jogo com o Desp. Aves, esta sexta-feira às 19.00 horas no Estádio da Luz, a contar para a 16.ª jornada da I Liga, Bruno Lage garantiu que Weigl está convocado e, como tal pode fazer a sua estreia de águia ao peito, enquanto Rafa Silva ainda continua a trabalhar para adquirir o melhor ritmo para regressar à competição.

O técnico benfiquista alertou para os perigos que podem vir do Desp. Aves, sobretudo devido à situação difícil que se encontra na tabela classificativa. "A mudança de treinador é muito recente. Venceu o Braga e fez um jogo ainda melhor em Setúbal, por isso acredito que é uma equipa em evolução que nos vai obrigar a cautelas máximas, porque do outro lado estará uma equipa determinada, que quer fazer pela vida e está em contagem decrescente para conquistar pontos o mais rápido possível. Por isso, é temos de estar a top para enfrentar uma equipa como esta, pois o nosso objetivo é fazer um grande jogo e vencer", assumiu.

Num olhar para o campeonato, quando ainda faltam duas jornadas para terminar a primeira volta, Bruno Lage recusou afastar o Sporting da luta pelo título depois da derrota no clássico com o FC Porto no último domingo. "No ano passado, o Benfica estava fora da luta e fez o que fez, como tal ainda é cedo para tirar conclusões. Neste momento é prematuro fazer essa leitura", destacou.

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