A história do ex-jogador da seleção do Bahrein preso que uniu o desporto mundial
Detido desde 27 de novembro em Banguecoque, capital da Tailândia, o ex-jogador da seleção de futebol do Bahrein, Hakeem al-Araibi conseguiu uma histórica união de esforços por parte das várias instâncias do futebol mundial.
O futebolista, que diz ter sido preso e torturado no pequeno país do Golfo pérsico por manifestar-se contra o regime durante as revoltas da Primavera Árabe, em 2012, estava refugiado desde 2014 na Austrália, onde jogava ao serviço dos Pascoe Vale. No entanto, decidiu passar férias com a mulher na Tailândia mas, assim que aterrou na capital Banguecoque, foi detido na sequência de um mandado da Interpol.
Embora a Interpol tenha retirado a notificação a 4 de dezembro, Hakeem al-Araibi ficou desde então detido num centro de imigração em Banguecoque. O Governo australiano, organizações não-governamentais (como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch) e a FIFA pediram a libertação imediata do jogador.
Na terça-feira, a Human Rights Watch lançou a campanha online #SaveHakeem para conquistar o apoio de atletas e personalidades do mundo do desporto para pressionar as autoridades tailandesas a libertarem Al-Araibi e permitir o regresso à Austrália, país que lhe concedeu o estatuto de refugiado em 2017, três anos após ter chegado àquele país depois de ter fugido do Bahrein por ser ser condenado à revelia a dez anos de prisão por alegados danos causados numa esquadra de polícia.
Também recentemente, a secretária geral da FIFA Fatma Samoura, apelou para a Tailândia o fazer regressar "urgentemente" à Austrália. Thomas Bach, líder do Comité Olímpico Internacional, levantou a questão às Naçoes Unidas. Brendan Schwab, diretor executivo da Associação Mundial de Futebolistas, manifestou-se a favor da liberdade do futebolista: "O caso de Hakeem é sobre um jogador de futebol, um defensor dos direitos humanos, um refugiado e a capacidade do desporto global manter o compromisso que assinou com os direitos humanos", afirmou. Para o dirigente do Centro para Desportos e Direitos Humanos, Mary Harvey, "o caso de Hakeem é histórico, porque é a primeira vez que vimos essas grandes e poderosas entidades desportivas unirem-se publicamente para defender uma única pessoa".
Já o vice-presidente da Confederação Asiática de Futebol, Praful Patel, divulgou uma comunicado a pedir ao primeiro ministro tailândes Prayuth Chan-ocha para fazer o futebolista voltar a casa. No entanto, o número 1 da entidad e é o xeque Salman bin Ebrahim al-Khalifa, vice-presidente da FIFA e... alto responsável do Bahrein que Al-Araibi acusou de não parar a perseguição de atletas.
Refira-se que a Tailândia não é signatária da Convenção das Nações Unidas sobre Refugiados de 1951 e tem sido criticada por enviar refugiados e requerentes de asilo para países onde podem enfrentar perseguição e tortura.