Desportos
06 novembro 2019 às 13h13

10 jogos seguidos a sofrer golos fora. Benfica nunca tinha feito pior na Champions

Águias sofreram golos esta terça-feira em Lyon pelo 10.º jogo consecutivo na principal prova europeia de clubes, o pior registo de sempre do clube

David Pereira

O Benfica estabeleceu esta terça-feira um recorde negativo na sua história. Ao perder por 1-3 em Lyon, os encarnados sofreram golos na Liga dos Campeões pelo 10.º jogo consecutivo, algo que nunca lhes tinha acontecido.

Esta série negra das águias foi iniciada há quase três anos, num empate a três golos no terreno do Besiktas, num jogo em que até estiveram a vencer por 0-3 em Istambul. Rui Vitória era o treinador e nessa tarde de 23 de novembro de 2016 não atuou nenhum jogador utilizado esta terça-feira em França, ainda que Fejsa, Pizzi, Samaris e Rafa ainda pertençam ao plantel benfiquista.

Daí para cá, o Benfica sofreu golos na visita ao Borussia Dortmund (4-0), nos oitavos de final da edição de 2016-17; nas deslocações aos terrenos de Basileia (5-0), Manchester United (2-0) e CSKA Moscovo (2-0), na fase de grupos de 2017-18; nos campos de AEK (2-3), Ajax (1-0) e Bayern Munique (5-1) em 2018-19; e nas visitas a Zenit (3-1) e Lyon (3-1) já esta temporada.

Até aos quatro minutos do encontro desta terça-feira, quando o central dinamarquês Joachim Andersen inaugurou o marcador para o Lyon, esta série negativa do Benfica estava igualada com a dos primeiros nove encontros do clube na competição, quando esta ainda era denominada Taça dos Campeões Europeus e disputada unicamente num sistema de eliminatórias, entre 19 de setembro de 1957 e 31 de outubro de 1962.

Curiosamente, foi nesse período que os encarnados conquistaram os dois títulos europeus da sua história, em 1960-61 e 1961-62, sob o comando técnico do húngaro Béla Guttmann. Ou seja, à exceção da derrota em Sevilha (3-1) em 1957-58 com Otto Glória ao leme, o emblema da Luz encontrou forma de marcar mais golos do que o adversário fora ou pelo menos no agregado das eliminatórias diante de Hearts (1-2), Újpest (2-1), Aarhus (1-4) e Rapid Viena (1-1) em 1960-61; frente a Áustria Viena (1-1), Nuremberga (3-1) e Tottenham (2-1) em 1961-62; e ante o Norrköping (1-1), já com o chileno Fernando Riera no banco, na caminhada para a final de 1962-63, perdida para o AC Milan.

Porém, o Benfica teve recentemente séries negativas que se aproximaram das piores da sua história na Champions, Entre 2 de novembro de 1994 e 18 de outubro de 2005 e posteriormente entre 17 de outubro de 2006 e 24 de novembro de 2010, os encarnados sofreram golos fora em sete jogos consecutivos.

João Alves: "Benfica não tem jogado com a sua melhor equipa"

No entender da glória benfiquista e treinador João Alves, o Benfica tem dado prioridade às competições domésticas, com o intuito de consolidar-se como força dominante no futebol português, o que ajuda a explicar os maus resultados na Liga dos Campeões pela terceira época consecutiva.

"O que se passa é que os resultados não são tão bons a nível externo como a nível interno. A imagem que está a passar cá para fora é de que o Benfica está a dar mais importância às provas internas. Acho que é importante para o Benfica consolidar-se a nível interno, voltando a ser campeão e a ganhar as provas nacionais, e a opção dos responsáveis tem passado por aí. O Benfica tem um plantel para se campeão em Portugal, e isso é fundamental. A nível internacional, o Benfica tem tomado a decisão de rodar a sua equipa. Essa explicação tem de ser dada pelas pessoas que estão à frente do clube. Vê-se perfeitamente que o Benfica não tem jogado com a sua melhor equipa nas competições internacionais. Com a melhor equipa já é complicado...", afirmou o eterno luvas pretas, 66 anos, em conversa com o DN.

De acordo com o técnico que na temporada passada orientou a Académica na II Liga, o "Benfica teria mais possibilidades" de seguir em frente na Champions se apresentasse a "melhor equipa", mas deixa um alerta: "muitas vezes as pessoas pensam que os jogadores são robots e têm o mesmo rendimento consecutivamente três vezes por semana, mas as coisas não são assim. Quem está no clube todos os dias com os jogadores é que saberá. Ninguém faz de propósito para perder. Não acredito que o treinador do Benfica ou os responsáveis queiram perder os jogos. Mas há decisões a tomar."