O antigo internacional espanhol Andoni Zubizarreta foi opção exclusiva de André Villas-Boas para diretor desportivo do FC Porto, assegura o candidato da lista B à presidência dos vice-campeões nacionais de futebol nas eleições de sábado.."Foi a única escolha. Acima de tudo, porque quero uma transição suave do ponto de vista desportivo e temos essa necessidade de nos encontrarmos com os títulos o mais rápido possível. Podíamos ter ido ao mercado de forma mais agressiva, mas isso podia implicar uma demora mais acentuada nos processos de implementação da filosofia desportiva", admitiu o ex-treinador da equipa de futebol 'azul e branca', em entrevista à agência Lusa..Villas-Boas trabalhou com o ex-guarda-redes de Alavés, Athletic Bilbao, FC Barcelona ou Valência de 2019 a 2020, quando estava no comando dos franceses do Marselha, último dos sete clubes por si orientados em pouco mais de uma década como técnico principal.."Uma vez que o Zubizarreta se enquadra precisamente naquilo que eu procuro enquanto cultura e organização desportiva e também já conheço o seu bom trabalho, ele sai desse interregno que vinha a fazer para abraçar este projeto. É uma hora de mudança", definiu..Andoni Zubizarreta, de 62 anos, está inativo desde que foi diretor desportivo do Marselha, entre 2016 e 2020, replicando as funções exercidas anteriormente com o Athletic Bilbau (2001-2004) e o FC Barcelona (2010-2015), clubes espanhóis sustentados na formação.."Tem essa experiência, fruto da cultura FC Barcelona e La Masia. No Marselha já não se passava isto, pois a formação alimentava muito pouco a equipa principal, nomeadamente quando ele lá chegou, que foi numa altura de compra e de troca de propriedade, na qual havia mais dinheiro por parte do proprietário para investimento", notou André Villas-Boas..Zubizarreta vai ter sob sua alçada cinco diretores, entre os quais Jorge Costa, ex-defesa central internacional português e capitão do FC Porto, que chefiará o futebol profissional, ou Pedro Silva, mestre em treino de alto rendimento e aposta para liderar a performance.."Há uma mudança radical no plano da filosofia desportiva, porque o objetivo é olhar para quem está dentro [do FC Porto] antes de se ir à prospeção. Nesse campo da deteção de talento, vamos ter de ser muito mais criteriosos e encontrar os melhores futebolistas nos melhores mercados possíveis e onde se possa competir a nível financeiro", reconheceu..As áreas da prospeção, da formação e do futebol feminino agregam-se ao organograma planificado por André Villas-Boas, de 46 anos, cujas "valências desportivas" extraídas no passado em cargos técnicos vão ser úteis para a reformatação da direção desportiva do vice-campeão nacional, tendo em vista uma "capacidade de decisão mais ágil e eficaz".."Juntámos competências em distintas áreas, o que achamos que é necessário para o FC Porto. Tem sido gratificante ver a adesão cada vez mais maciça e uma boa resposta dos adeptos. Muitas pessoas trocaram situações pessoais e profissionais mais confortáveis para embarcarem nesta viagem com o mesmo espírito de missão que eu tenho", vincou..As eleições dos órgãos sociais para o quadriénio 2024-2028 realizam-se no sábado, das 09:00 às 20:00, no Estádio do Dragão, no Porto, e são disputadas por três candidaturas, lideradas por Pinto da Costa (lista A), presidente do clube desde 1982, André Villas-Boas (B) e o empresário e professor Nuno Lobo (C), que foi derrotado no ato eleitoral de 2020.."Todos os candidatos devem ser tratados de uma forma transparente, rigorosa e honesta no plano operacional e comunicacional. Assim o temos sentido. Cabe aos delegados das mesas de voto elevarem-se para que qualquer questão mais sensível não se torne num processo jurídico ou burocrático nem possa meter em causa decisões eleitorais", apelou..Três bancos com interesse em renegociar dívida.Os bancos internacionais de investimento JPMorgan, Morgan Stanley e Goldman Sachs estão interessados em renegociar a dívida do FC Porto, revela André Villas-Boas, candidato da lista B à presidência do FC Porto nas eleições do clube.."Sentámo-nos com três dos principais bancos do mundo e todos mostraram interesse em trabalhar com o FC Porto para a renegociação da dívida. Já é bom sinal que exista essa abertura. Depois, iremos lutar pelas melhores condições quanto às taxas de juro futuras", referiu o ex-treinador da equipa de futebol 'azul e branca', em entrevista à agência Lusa..No primeiro semestre do exercício em vigor, que finalizou em 31 de dezembro de 2023, a SAD chefiada por Pinto da Costa, líder do clube desde 1982 e opositor eleitoral de Villas-Boas, averbou 512,7 milhões de euros (ME) de passivo e 223,1 ME de dívida financeira.."Quando ouvimos a outra candidatura a falar que a banca internacional cobra juros muito superiores, realmente não sabe do que fala. Basta consultar os prospetos dos bancos e entender que eles raramente ultrapassam os 7% em reestruturação da dívida dos clubes. Mas, como há interesse próprio em financiar o clube a taxas bem acima de oito, nove ou 10%, naturalmente que isso afasta todo e qualquer interesse em ir a mercado", analisou..Crítico de um "cenário financeiro triste", o ex-treinador ficou surpreso por ter reparado ao longo dos seus contactos exploratórios numa "ineficiência do uso de mercado" pela SAD, que "é revelador da indiferença para com o mercado internacional e de uma proteção de interesses próprios cada vez mais evidente e bem explanada" na lista de Pinto da Costa.."O FC Porto foi a mercado sem ter procurado as soluções ótimas, mas as mais rápidas e bem mais penosas nos custos da operação e do juro. Fê-lo em claro conflito de interesse com as pessoas que rodeiam o clube atualmente, mas sem se salvaguardar de melhores idas a mercado. Um clube que acumula 250 ME em passivo e que paga 27 ME aos seus administradores muito provavelmente assusta muitos e bons investidores, que se querem atravessar com o bom nome do FC Porto, mas não o fazem pela falta de credibilidade de algumas pessoas que o governam", lamentou, projetando um "caminho longo e penoso"..Além da "obrigação e necessidade" em efetuar uma "reestruturação financeira profunda", assente na redução de custos operacionais, na subida de receitas e na renegociação de prazos e serviço da dívida, há "desafios enormes na tesouraria imediata" para enfrentar.."Parece-nos evidente que o FC Porto está em falência operacional e não tem 'cash flow'. Está a antecipar cada vez mais receita e sujeita-se a subscrições privadas de capital e a parcerias comerciais para ter injeção de capital e poder-se manter à tona de água. São sinais claros de falência operacional, que nos assustam muito. Uma dívida e um passivo destes não se reformatam em absoluto em três anos, mas bem mais a longo prazo, que, infelizmente, é para onde temos de olhar, mas mantendo capacidade competitiva", disse..Gestão rigorosa, potenciação dos proveitos operacionais e geração de resultados com a valorização de ativos são caminhos escolhidos para a reformatação da política financeira exigida por André Villas-Boas, de 46 anos, que admite ir ao mercado "procurar diversos tipos de investimento" para financiar a edificação do centro de alto rendimento idealizado no Olival, que vai custar entre 30 e 35 ME e deve ficar concluído até dezembro de 2026.."Serão questões para avaliar. Ir ao mercado é fundamental, mas em busca das melhores parcerias. Antes, temos de nos sentar para ver os contratos que estão estabelecidos do outro lado [por Pinto da Costa] em relação à academia na Maia, até porque me interessa muito que o FC Porto não perca tempo de construção ou se meta no futuro em questões burocráticas. Para questões burocráticas já chegam as que levaram à não concretização da academia em Matosinhos, que esta direção demorou oito anos a resolver", recordou..Defende centralização dos direitos televisivos desde que valorize o futebol nacional.O futebol português necessita de sair valorizado com a futura comercialização centralizada dos direitos audiovisuais dos clubes da I e II Ligas, adverte André Villas-Boas, candidato da lista B à liderança do FC Porto nas eleições de sábado.."Neste momento, o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) já teve três propostas em mão. Seguramente, terá mais e estudará o mercado, de forma que os clubes não percam valor. Para isso, estes têm de oferecer um produto muito melhor, algo que não tem a ver só com os quadros competitivos, mas também com a credibilidade do futebol português interna e externamente. Lutarei por todos os interesses do FC Porto", vincou o ex-treinador da equipa de futebol 'azul e branca', em entrevista à agência Lusa..De acordo com o decreto-lei validado em Conselho de Ministros, em fevereiro de 2021, a centralização vai ficar concluída nos escalões profissionais até 2028/29 e inviabilizará os clubes de comercializarem individualmente os direitos de transmissão das suas partidas.."Custa-me ver que, numa altura em que temos de demonstrar união, haja já uma posição dissonante de um dos nossos rivais [Benfica], mesmo perante um decreto-lei ditado pelo Governo. Quando observamos cada vez mais este tipo de posicionamento, já estamos a descredibilizar a qualidade do produto. É decisivo ver sempre o bem comum", advogou..André Villas-Boas exigirá que o líder da LPFP, Pedro Proença, mantenha o compromisso de que "ninguém vai ficar a perder" com a centralização, sobretudo FC Porto, Benfica ou Sporting, sendo que os clubes de menor dimensão "têm chance de encaixar muito mais".."O futebol português está gradualmente a perder competitividade, tal como ficou evidente pela perda do [quinto lugar] ranking [da UEFA, para os Países Baixos] e pelas recentes performances na Liga Conferência Europa. Vai ter de haver entendimento e sensibilidade globais. Custa, mas quero muito que o FC Porto provoque estas discussões e um melhor produto do futebol português, juntamente com os 'grandes' e os outros clubes", afiançou..Em dezembro de 2015, os 'dragões' selaram um acordo por 10 anos com a operadora de telecomunicações MEO para a cedência de direitos televisivos e do patrocínio frontal nas camisolas de jogo, que rendeu 457,5 milhões de euros (ME) e está em vigor desde 2018.."É uma conversa sensível, porque a centralização está a chegar. Perante isto, quando se lança a debate uma reformatação de quadros competitivos, é provável que alguns fiquem a perder. O que me parece extraordinário é que tenha sido o Sporting de Braga, e não os três 'grandes', a liderar recentemente as discussões acerca da reformatação dos quadros competitivos nacionais. Não me parece que se possa descurar isto", disse o ex-treinador..Além desse debate interno, André Villas-Boas, de 46 anos, diz que o FC Porto "tem de se colocar bem nos centros decisórios" fora do país, ao lembrar que o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) já avaliou como oposta à legislação continental a decisão da FIFA e da UEFA de impedirem futebolistas e clubes de participarem em competições privadas.."O que pode suceder é o crescimento de outras Superligas e provas, sem que os órgãos máximos que nos habituamos a ver tenham capacidade de penalizar os jogadores. Isso pode trazer uma grande imprevisibilidade aos quadros competitivos e já forçou a UEFA a readaptar os seus e, potencialmente, a tomar decisões drásticas sobre os clubes que vai incluir. É ou não possível que haja clubes sauditas na Liga dos Campeões? Que impacto pode causar isso naquilo que entendemos como cultura desportiva europeia?", apontou..Perante as "novas questões" emergentes no ecossistema do futebol mundial, Villas-Boas pugna pelo crescimento associativo e comercial do FC Porto, cuja gestão "entra logo em colisão competitiva" com modelos fixados na "troca frequente e radical de proprietários".."Há grandes vantagens e mais-valias competitivas para nós. Como clube de associados, temos cultura, valores, ADN, sentido de pertença e uma identificação própria. Isso não se vê nos clubes de propriedade, que decidem a seu bel-prazer e tratam os adeptos como clientes comerciais, que pouco ou nada têm a dizer sobre as decisões tomadas", ilustrou..Candidato quer aproveitar sinergias entre futebol e futsal.A exploração das sinergias entre futebol e futsal diferencia-se nos desígnios desportivos de André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto nas eleições de sábado, visando a médio prazo a criação de uma equipa sénior nas quadras.."O que acontece é que, em determinados escalões, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) permite a partilha de licença. Se enriquecermos os plantéis com alguns atletas que comecem desde logo a especializar-se no futsal, podemos a médio prazo, quando estiver concluída a construção das infraestruturas, ter lançadas todas as bases formativas nessa vertente para chegarmos aos seniores com um verdadeiro sentido de pertença FC Porto", referiu o ex-treinador da equipa de futebol 'azul e branca', em entrevista à agência Lusa..A partir da próxima época, o programa da lista B deseja o desenvolvimento de jovens em paralelo no futebol e futsal até aos 12 anos, e o estudo para a implementação a solo dos escalões de sub-15 e sub-17, enquanto a entrada no patamar sénior evoluirá em função das obras do centro de alto rendimento para as equipas profissionais portistas, no Olival..A empreitada vai incluir um pavilhão gimnodesportivo para as modalidades do FC Porto e deverá estar terminada até dezembro de 2026, opondo-se à academia na Maia proposta por Pinto da Costa, líder do clube desde 1982 e oponente eleitoral de André Villas-Boas.."Como ainda não temos infraestrutura própria, parece-nos um erro estar a lançar o futsal demasiado cedo para andar com a casa às costas. Queremos dar passos mais seguros, planeados e coordenados para tomar a melhor decisão sobre essa modalidade: se é de imediata implementação, jogando em parceria em escalões mais baixos da formação, ou se o fazemos de forma progressiva até termos a nossa infraestrutura montada", avaliou..Esse dilema também incide no futebol feminino, cuja representação 'azul e branca' acaba atualmente nos sub-15, com o ex-técnico a desejar estendê-la aos dois escalões jovens cimeiros, além de "estudar as melhores opções no mercado" para lançar a equipa sénior em 2024/25, derradeira época da III Divisão como patamar mais baixo no plano nacional.."Depende do investimento a que podemos estar sujeitos no início. Às vezes, as parcerias obrigam a fazer determinadas concessões. Terá de ser uma parceria que represente toda a filosofia e ADN do FC Porto. Como há dois cenários, é uma decisão que vamos tomar mais tarde, mas sempre em urgência, por conta do 'timing' e da tomada de posse", disse..O futebol feminino é uma das cinco áreas sob alçada da direção desportiva - função que vai ser atribuída ao antigo guarda-redes internacional espanhol Andoni Zubizarreta -, mas ainda não tem dirigente eleito por André Villas-Boas, tal como a prospeção e a formação.."Se no 'scouting' há dois perfis identificados e estamos em contacto com essas pessoas, na formação provavelmente iremos ao mercado. Eu também quero sentar-me com o atual diretor da formação e perceber se ele se enquadra nesta cultura que queremos", indicou..Para 2025/26, estão previstos estudos para a eventualidade de fazer regressar o voleibol masculino, incluindo escalões jovens em cada género, e o atletismo, que vai ser de "fácil implementação em termos de espaço e custos, porque recai em infraestruturas utilizadas fora do âmbito externo do clube e há ainda possibilidades de parcerias com academias"..Confiando o cargo de diretor-geral das modalidades a Mário Santos, antigo presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC) e chefe da Missão lusa aos Jogos Olímpicos Londres2012, Villas-Boas, de 46 anos, afasta uma reativação do ciclismo a breve trecho.."É uma modalidade apaixonante, que toca muito aos portugueses e com muita história no clube. Nesta fase, enquanto o FC Porto não limpar o seu bom nome, não temos intenção de regressar", garantiu, aludindo ao envolvimento de ciclistas da extinta equipa W52-FC Porto na operação Prova Limpa, centrada no tráfico de substâncias e métodos proibidos.