"Vão e divirtam-se". Jordânia já fez história mas sonha com o trono

"Vão e divirtam-se". Jordânia já fez história mas sonha com o trono

Seleção jordana joga esta tarde a final com o Qatar, vencedor da última edição.
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A seleção de futebol da Jordânia está a viver um verdadeiro conto de fadas e hoje pode fazer história caso vença o anfitrião Qatar e conquiste a Taça Asiática, agendada para as 15.00 (Sport TV3). Na verdade, a história já foi escrita, pois nunca antes o país tinha atingido a final da competição - o máximo a que chegaram foi aos quartos de final nas edições de 2004 e 2011.

Nem o mais otimista dos adeptos podia sonhar com um feito desta dimensão. A seleção jordana nunca ganhou um título nem tem qualquer registo assinalável em termos futebolísticos. O máximo que almejou foi uma presença no Mundial2014, mas nos últimos play offs de acesso foi eliminada pelo Uruguai. O 87.º lugar que ocupa no ranking da FIFA, aliás, diz tudo sobre o real valor futebolístico do país.

Mas a vitória épica frente à poderosa Coreia do Sul nas meias-finais, alimenta o sonho de um país de 11,5 milhões de habitantes, que se tornou independente em 1946 e vive numa monarquia constitucional onde o rei Abdullah II tem grandes poderes executivos e legislativos. E que, já agora, adora futebol.

Ao contrário da grande maioria das potências futebolísticas da Ásia, apenas um jogador da seleção jordana atua na Europa: o extremo Moussa Al Tamari joga no Montpellier, de França, e tem sido um dos destaques da equipa, com três golos e uma assistênca no torneio, ele que já ganhou a alcunha de Messi jordano.

"Sonhei com a Taça da Ásia muito antes de isto começar e espero concretizar o sonho de a conquistar. Ter ido jogar para França permitiu-me adquirir uma mentalidade vencedora. Estar na final é um feito enorme porque dá maior projeção ao nosso país. Queremos muito ganhar", desejou Al Tamari.

A seleção da Jordânia é treinada pelo marroquino Hussein Amotta, de 53 anos, o grande arquiteto deste conto de fadas, que com um grande sentido de pragmatismo desafiou as leis das probabilidades e foi capaz de impôr os seus conceitos táticos numa seleção em que poucos (ou quase ninguém) acreditava, baseados num grande rigor defensivo e no coletivo, onde cada jogador é perfeitamente consciente do seu papel.

Ficou célebre a frase que pronunciou aos jogadores antes da competição, um "vão e divirtam-se" que os libertou de qualquer pressão e os fez encarar cada jogo como uma final, mas sempre no seu íntimo com o sonho de que era possível fazer história. 

Foi com este espírito que depois da fase de grupos eliminaram o Iraque com uma reviravolta histórico no tempo extra (3-2), o Tajiquistão nos quartos de final (1-0) e de forma sensacional a poderosa Coreia do Sul nas meias-finais (2-0).

“O segredo está no grande esforço da equipe. A superação dos jogadores, a melhoria jogo a jogo. O nosso firme objetivo de vencer e de nunca temer nenhum adversário foram vitais para chegarmos aqui. Os resultados dependem do desempenho”, disse Amouta.

Agora, o céu é o limite, mesmo perante um adversário que joga em casa, ocupa o 58.º lugar no ranking da FIFA, é orientado pelo espanhol Tintín Márquez, e que tem provas dadas na Taça Asiática - venceu a última edição, batendo na final o Japão, e nas meias-finais deixou pelo caminho o Irão, um dos grandes favoritos.

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