Um dérbi de olhos postos nos milhões da Champions

Sporting e Benfica entram empatados em Alvalade para decidir as contas do segundo lugar, que neste ano é mais valioso do que nunca
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Nunca um segundo lugar da Liga portuguesa teve tanto valor potencial como nesta temporada. Com o título de campeão praticamente entregue ao FC Porto - e a festa portista pode até começar já nesta noite, em caso de empate em Alvalade -, o dérbi lisboeta entre Sporting e Benfica (20.30) está longe de ser um mero jogo de consolação.

Além de toda a rivalidade histórica construída sobre 301 jogos já realizados entre leões e águias, o segundo lugar que está em disputa pode ter um brutal impacto financeiro para cada uma das equipas. Tudo por causa da revolução operada pela UEFA no formato da Liga dos Campeões, que a partir da próxima temporada vai ser ainda mais milionária nas receitas a distribuir.

Aqui, entra em campo mais pressionado o Benfica, que é quem tem mais a perder. Porquê? Porque de acordo com as novas regras da Champions as águias podem deitar a mão a mais de 40 milhões de euros pelo "simples" facto de marcarem presença na fase de grupos - verba que daria para cobrir um terço dos gastos totais (124 milhões) inscritos no último relatório e contas anual do Benfica, por exemplo. No caso do Sporting, esse rendimento mínimo garantido é mais reduzido e pode rondar os 25 milhões - ainda assim, mais de um quarto das despesas totais anuais (96 milhões, em 2016-17).

A diferença reside num novo critério de valoração introduzido pela UEFA, que premeia o ranking histórico dos últimos dez anos na distribuição das receitas da Liga dos Campeões (528 dos 1900 milhões de euros a distribuir pelos clubes são só para esse critério histórico).

Assim, além dos 15 milhões de euros que passa a valer a entrada na fase de grupos (12,7 milhões na época passada), o Benfica teria direito a cerca de 25 milhões de euros adicionais pelo facto de ser o 10.º classificado do ranking dos últimos dez anos de provas europeias. O Sporting, 34.º do ranking, poderia ter direito a uma verba adicional em redor dos dez milhões - os montantes ainda não são rigorosos, pois dependem das equipas apuradas para a competição, onde também as vitórias (2,7 milhões) e os empates (900 mil euros) passarão a render quase o dobro do que até agora.

Nesta época Portugal só apura duas equipas para a Champions e o acesso direto à fase de grupos é direito exclusivo do campeão. O vice--campeão terá ainda a superar duas pré-eliminatórias, mas já não haverá "tubarões" das quatro principais ligas europeias nesse caminho.

Por isso, há muito dinheiro em jogo a acentuar a carga dramática deste Sporting-Benfica. "Claro que a segunda posição é muito importante para os dois clubes. A pasta é importante", admitiu ontem Jesus (ver texto secundário), lembrando a sua influência no ranking das duas equipas na UEFA. "É dos últimos dez anos, não é? Eu tenho nove [seis no Benfica, três no Sporting]."

Os cenários do dérbi

As duas equipas entram no dérbi empatadas a 77 pontos, a duas jornadas do fim. Com o 1-1 verificado na primeira volta, na Luz, ao Sporting um 0-0 é suficiente para ficar com vantagem no confronto direto, enquanto o Benfica precisa no mínimo de um empate com golos (mesmo o 1-1 lhe é favorável, devido à melhor diferença de golos que tem, 17 a mais do que o leão). Mas há ainda o Sp. Braga nesta equação: num eventual empate entre as três equipas no final da época, o Benfica vence esse minicampeonato.

Assim, se o Sporting ganhar nesta noite precisa ainda de pontuar na última partida, na Madeira (Marítimo), para garantir o segundo lugar. Já o Benfica, se ganhar em Alvalade assegura o segundo posto. Um empate garante apenas... a festa antecipada ao FC Porto.

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