Bruno Fernandes ganhou asas na seleção nacional, com o novo posicionamento em campo que lhe foi atribuído pelo selecionador Fernando Santos no decorrer do jogo com o Gana, quando a equipa perdeu o controlo do jogo. O médio do Manchester United, que tinha começado no centro do terreno, derivou para a direita por troca com Bernardo Silva e, de repente, tudo se encaixou..Esta ideia é partilhada por Pedro Bouças, treinador de futebol, que ao DN explica que "o ponto de partida de Bruno Fernandes é agora o corredor direito, mas com liberdade aparecer em outras zonas do terreno". Estas novas funções, admite, beneficiam muito mais as características do joker da vitória frente ao Uruguai e que, com o Gana, já tinha sido decisivo com duas assistências. "Deixou de aparecer tanto em zonas recuadas e isso faz com que surja mais vezes nas zonas de finalização", sublinha o ex-adjunto de Jesualdo Ferreira no Santos e no Boavista que é atualmente comentador do Canal 11..Na prática, a troca de funções com Bernardo Silva beneficiou os dois futebolistas e, por consequência, a própria seleção nacional. "Víamos que era muitas vezes o Bernardo Silva que partia da direita e, durante o jogo, iam fazendo algumas trocas", lembra, admitindo que, com manutenção dos posicionamentos, a seleção sai beneficiada e explica porquê: "Bernardo Silva ajuda mais na construção porque erra menos passes, afinal é um jogador que arrisca menos, e como tal transporta a bola com mais qualidade para a frente. Por sua vez, o Bruno Fernandes ganha maior preponderância na equipa, pois fica mais perto da área contrária, podendo aí evidenciar o seu bom remate, mas também o último passe, no qual é também muito forte.".De acordo com os dados estatísticos do GoalPoint, Bruno Fernandes fez seis remates na partida com o Uruguai, fez três cruzamentos, oito passes progressivos o que, a juntar aos dois golos, mostram bem a importância que tem no jogo ofensivo da equipa das quinas..Contudo, os dados mostram que o médio do Manchester United ganha também uma outra dimensão na ajuda defensiva à equipa, afinal recuperou oito vezes a posse da bola, fez dois desarmes, teve duas ações defensivas no meio-campo uruguaio, além de uma interceção de bola.."O Bruno Fernandes já tinha mostrado a sua qualidade na seleção nacional, sempre marcou e assistiu, mas nunca de forma consecutiva como agora", sublinha Pedro Bouças, que acentua o papel de ajuda defensiva à equipa. "Temos de destacar que foi ele quem mais perdas de bola provocou no meio-campo uruguaio", frisou..O posicionamento de Bruno Fernandes e Bernardo Silva acabam por ser a "melhor opção" para a seleção nacional, mas Bouças considera que "seria ainda melhor se João Cancelo estivesse a um nível mais alto". Isto porque, de acordo com o técnico, "o espaço que Bruno Fernandes deixa no corredor direito, quando deriva para o meio, devia ser mais explorado pela velocidade" do lateral do Manchester City, algo que, aliás, favorece as suas características..Este arranque de Campeonato do Mundo está a ser inesquecível para de Bruno Fernandes, afinal além da influência que tem conquistado na equipa, o médio igualou os dois golos e duas assistências que José Torres tinha feito no Mundial de 1966, em Inglaterra, mas também se tornou no sexto a futebolista português a bisar neste torneio, depois de Cristiano Ronaldo (2018), Tiago Mendes (2010), Pedro Pauleta (2002), José Augusto (1966) e Eusébio, que conseguiu o feito em dois jogos em 1966, sendo que numa dessas partidas até marcou um póquer, com a Coreia do Norte, que é ainda hoje o máximo da equipa das quinas..carlos.nogueira@dn.pt