Todos contra Verstappen numa época com mais equilíbrio de forças na F1
Será um ano histórico para Max Verstappen ou poderá ser o fim da hegemonia do piloto neerlandês? Conseguirá a McLaren repetir o feito da época passada e posicionar-se como líder em construtores e dar mais luta no campeonato de pilotos? E o que Hamilton pode acrescentar à Ferrari? A nova época de F1 arranca este domingo com o GP da Austrália (4.00, DAZN)e são ainda muitas as interrogações, mas parece certo que será uma das temporadas mais equilibradas dos últimos anos, com a McLaren e a Ferrari a juntarem-se à Red Bull como fortes candidatas ao título de pilotos e construtores.
No ano passado Verstappen carimbou o quarto título consecutivo, mas a Red Bull falhou o campeonato de construtores muito devido ao fraco desempenho de Sergio Pérez. Por isso o tetracampeão terá este ano ao seu lado o jovem Liam Lawson, mas terá a concorrência feroz sobretudo de Lando Norris (McLaren), que na temporada passada terminou na segunda posição com quatro vitórias e oito pole positions.
A grelha de partida para o GP da Austrália, aliás, mostra isso mesmo. Os dois McLaren vão sair na frente, com Lando Norris na pole position. Verstappen larga na terceira posição e George Russel (Mercedes) da quarta. Os Ferrari tiveram um desempenho aquém do esperado e saem da sétima (Leclerc) e oitava posição (Lewis Hamilton).
Mas há mais pilotos a ter em conta este ano, a começar pela dupla da Ferrari, Charles Leclerc (terceiro na época passada com três vitórias) e Lewis Hamilton, sete vezes campeão do mundo (a última em 2020), que aos 40 anos trocou a Mercedes onde esteve 12 épocas pela marca do Cavallino Rampante, numa das mais sensacionais e improváveis trocas da F1 dos últimos anos. Há ainda que contar com Oscar Piastri, colega de equipa de Norris na McLaren, que terminou a época passada na quarta posição e venceu duas corridas.
“Se olharmos para os tempos alcançados nos testes, acho que a McLaren é a favorita para a corrida da Austrália. Do nosso lado, nem tudo correu bem, mas temos algumas ideias sobre como melhorar”, confessou Max Verstappen, ainda algo desconfiado da fiabilidade do Red Bull.
“Sei perfeitamente que, neste início de temporada, sou o favorito para muita gente, assim como a equipa. Mas sempre me dei melhor a trabalhar sob pressão”, avisou Lando Norris, que está na Fórmula 1 desde 2019, sempre na McLaren.
Num ano com muitas mexidas em quase todas as escuderias (só McLaren e Aston Martin mantiveram os mesmos pilotos), destaque para o facto de existirem cinco rookies (pilotos em estreia): Andrea Kimi Antonelli, 18 anos, Mercedes; Oliver Bearman, 19, Haas; Jack Doohan, 22, Alpine; Isack Hadjar, 20, Racing Bulls e Gabriel Bortoleto, 20, Sauber.
Se Verstappen se sagrar novamente campeão iguala o penta inédito de Michael Schumacher, com cinco títulos ganhos de forma consecutiva, feito que não foi alcançado nem pelo heptacampeão Lewis Hamilton nem pelo penta Juan Manuel Fangio.
Mas afinal quem é o principal favorito? “Vamos ter um campeonato muito aberto. Mas mesmo assim acredito que Max Verstappen vai ser novamente campeão. Se ele tiver um bom carro, não vejo razão para haver outro vencedor. Se o carro estiver à altura, ele fará o seu trabalho”, perspetivou o ex-patrão da F1 Bernie Ecclestone à Reuters.
Uma opinião partilhada pelo ex-piloto Martin Brundle em declarações à Sky Sports: “O favorito é Max Verstappen. É rápido, bom piloto e tem todas as qualidades. E também o considero favorito porque julgo que os dois rapazes da McLaren (Norris e Piastri) vão tirar muitos pontos um ao outro, assim como os dois pilotos da Ferrari (Leclerc e Hamilton). Mas é preciso que a Red Bull consiga resolver o problema do carro.”
O fator Hamilton
Embora não seja apontado como o principal candidato, as atenções vão estar muito viradas para Lewis Hamilton e para a Ferrari, perceber como vai funcionar esta união, com o britânico à procura de entrar para a história (caso vença o campeonato passará a ser o único piloto com oito títulos) na equipa mais bem sucedida da história da F1.
“Sinto-me cheio de vida e energia porque tudo é novo. Uma coisa é ver tudo isto de fora, mas quando se vive por dentro é muito forte. É fantástico ver a paixão de todas as pessoas nos diferentes departamentos. As pessoas vivem e respiram a Ferrari”, referiu Hamilton, que vai cumprir um dos seus sonhos (conduzir um Ferrari) e parece ter ganho uma nova vida.
Antes do britânico, a Ferrari já teve campeões mundiais como Niki Lauda, Kimi Raikkonen e Michael Schumacher - este último tornou-se numa lenda da equipa italiana, ao vencer cinco dos sete Mundiais que conquistou.
Em termos de alterações aos regulamentos, a competição deste ano terá algumas novidades, a começar pelo fim do ponto extra para a volta mais rápida, medida que tinha sido introduzida em 2019. A nível dos testes, os pilotos de cada equipa só podem participar quatro dias com monolugares antigos, com um limite máximo de 1000 quilómetros percorridos. E os rookies vão ter mais oportunidades: até aqui só podiam participar em duas sessões de treinos livres e passam a ter quatro. Outra alteração está relacionada com o GP do Mónaco. Nesta época, as escuderias farão duas paragens obrigatórias no circuito de Monte Carlo.
nuno.fernandes@dn.pt