Tite diz adeus à seleção brasileira: "Foi uma derrota dolorosa, mas saio em paz"

O selecionador brasileiro diz que "todos são responsáveis" por mais uma desilusão do Brasil em Mundiais. Neymar não responde se foi ou não o seu último Mundial.
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O Brasil está fora do Mundial 2022 depois de ter caído, nos quartos-de-final, no desempate por penáltis frente à Croácia.

Mais de uma hora depois do final do jogo, o selecionador brasileiro Tite começou por justificar o facto de Neymar não ter marcado nenhum dos penáltis (coube a Rodrygo, Pedro e Marquinhos): "Iria cobrar o quinto e decisivo penálti. Fica com uma pressão maior o jogador que tem mais qualidade e força mental para marcar."

Tendo estado a ganhar, já no prolongamento, o Brasil sofreu um golo nos instantes finais (aos 117'), após um contra-ataque croata. Mas Tite recusa falar em desorganização defensiva da sua equipa. "Estávamos numa ação ofensiva, colocando volume na frente e a jogada foi quebrada", analisou. Depois de perder a bola, o Brasil "ainda recuperou e fechou a parte central do campo, mas a bola veio para trás, finaliza, desvia e entra, em uma única finalização", acrescentou.

Depois do último jogo no comando da seleção brasileira, Tite disse "estar em paz" neste fim de ciclo, apesar da "derrota dolorosa".

No final, uma mensagem para os adeptos: "Dividimos alegria, dividimos a tristeza. Ninguém mais do que nós queria dar essa alegria. Nós estamos sentidos, com os nossos familiares, connosco mesmos, e há uma geração bonita a aparecer. Vai-se fortalecer nas adversidades, no crescimento. Todos somos responsáveis, não há hipocrisia a dizer que é só um [responsável]."

Que balanço faz, então, após estes anos à frente da seleção brasileira? "O tempo pode responder melhor. A dor, por mais humana, coerente, consciente que possa ter, há sempre emoção a aflorar. Não tenho condições de avaliar todo o trabalho realizado. Com o passar do tempo vocês farão essa avaliação. Não tenho essa capacidade agora depois de uma eliminação", respondeu Tite.

Já Neymar, visivelmente abatido, recusou dizer que este foi o seu último Mundial: "A cabeça ainda está quente, não estou raciocinando direito. Falar que é o fim, eu estaria me precipitando. Mas também não garanto nada", declarou o jogador do PSG.

O treinador adjunto de Tite, Cléber Xavier, também esteve na sala de imprensa e fez uma análise ao jogo: "Eles não conseguiram chutar uma bola à baliza, tiveram o controlo da bola no campo deles e um pouco no nosso. Vimos muitas defesas difíceis do guarda-redes deles, tivemos controlo. Faltou eficácia? Faltou. Mas o guarda-redes também esteve bem." O que fica depois do desaire, disse, é a "força mental contra uma equipa forte como a da Croácia", que ainda assim não causou perigo ao Brasil.

Naquela que foi a primeira reação após o jogo, Casemiro assumiu que é "difícil encontrar palavras" para descrever a sensação de perder "um objetivo, um sonho". Ao cair perante a seleção dos balcãs, foi a quinta vez que o Brasil caiu perante uma seleção europeia num Mundial. Ou seja: desde a vitória frente à Alemanha, em 2002, nunca mais venceu uma equipa europeia numa fase a eliminar.

Mas Casemiro desvaloriza este dado. "É normal. A Europa tem mais equipas na competição, então acaba por se jogar mais vezes contra as equipas europeias. Quando se vai afunilando mais, vão entrando mais equipas europeias", referiu.

Com Neymar visivelmente emocionado no final do jogo - depois de ter dito que, com 30 anos, este podia ser o seu último Mundial -, Casemiro foi ainda questionado sobre a sua continuidade na seleção, uma vez que tem a mesma idade do avançado do PSG. A resposta foi clara: "Tenho 30 anos, vivo o meu melhor momento de carreira, estou muito feliz no clube [Manchester United]. Perdi uma oportunidade, mas precisamos ver, principalmente agora que vai entrar um novo treinador."

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