Sarabia resolve e Amorim ganha terceira Taça da Liga seguida
Pela quarta vez no seu historial, o Sporting conquistou a Taça da Liga, desta vez batendo o velho rival Benfica (2-1) na final disputada em Leiria para revalidar o título na prova. Um golo construído pelos espanhóis Porro e Sarabia acabou por dar a volta a um jogo em que a equipa leonina foi sempre superior, mesmo tendo chegado ao descanso em desvantagem. Para o técnico Rúben Amorim foi o terceiro triunfo consecutivo na competição, aumentando para quatro os troféus conquistados desde que trocou Braga por Alvalade, há perto de dois anos. Já os encarnados levam 910 dias sem qualquer troféu e este sábado, em Leiria, mostraram que dificilmente vão conseguir chegar ao final desta temporada dando alguma alegria aos adeptos - as ausência de Otamendi e Darwin explicam alguma coisa mas não tudo.
Depois de duas exibições menos conseguidas nas meias-finais (na sequência, aliás, do que vinham mostrando na Liga), os dois clubes lisboetas apresentaram-se em Leiria com poucas alterações nas equipas iniciais em relação a essas partidas. No lado encarnado - que contou com o apoio do ex-presidente Luís Filipe Veira na bancada -, Nelson Veríssimo deu a titularidade ao francês Meïté em detrimento de Paulo Bernardo - de resto, voltou a apostar num 4x3x3, com Diogo Gonçalves e Everton a acompanharem Yaremchuk no ataque; já entre os leões, Rúben Amorim fez três alterações, alinhando o onze que tem utilizado mais frequentemente, com exceção de Coates (ao serviço da seleção, o que motivou a continuidade de Luís Neto como central direito, Gonçalo Inácio no meio e a entrada de Feddal para o lado esquerdo, transitando Matheu Reis para a ala). Com isto, cairam do onze Nuno Santos, Ugarte (substituído por Matheus Nunes) e Tabata (com Paulinho a voltar à titularidade).
Assim que Manuel Mota deu o apito inicial e a bola (que desceu até ao relvado nas mãos de um "astronauta") começou a rolar, o Sporting mostrou desde cedo que queria mandar no jogo. E a verdade é que dominou a primeira parte, com mais posse de bola (64%) e mais remates (sete contra dois) mas sem eficácia: essa ficou reservada para o outro lado, quando Morato arrancou com a bola e colocou em Grimaldo na esquerda. Este cedeu a Everton, a quem Neto proporcionou tempo e espaço para se enquadrar com a baliza e desferir um potente remate de pé esquerdo que não deu hipóteses de defesa a Adán. Estavam decorridos 23 minutos e na primeira vez que rematou, o Benfica colocou-se em vantagem.
Os leões até podiam ter empatado quase a seguir, na sequência de um pontapé de canto, no qual Gonçalo Inácio se antecipou a Morato e cabeceou com força para uma defesa apertada de Vlachodimos. Ou dez minutos depois, aos 35, quando Sarabia acertou uma bola na trave (o assistente assinalou fora de jogo mas ficou no ar a hipótese de, em caso de análise no VAR, o espanhol estar em posição legal), e parecia que a equipa de Amorim ia prolongar a crise de confiança que parecia atravessar, sobretudo quando chegava ao último terço do relvado e o final quezilento da primeira metade comprovou-o. Mas a verdade é que, mesmo não merecendo ir para o intervalo em desvatangem, os leões bem se podiam queixar de si próprios, dos seus erros e de não conseguirem aproveitar os alheios, sobretudo Esgaio que nunca deu bom seguimento ao espaço que Grimaldo lhe ofereceu, sobretudo na fase inicial do encontro.
Se o Sporting se mostrou pouco eficaz no primeiro tempo, bastaram quatro minuto para a situação se interver no segundo. Embora o Benfica até tenha entrado melhor, os leões conseguiram ganhar um canto na sequência de uma boa investida pela esquerda, na sequência do qual Gonçalo Inácio fez aquilo que não conseguira anteriormente. Voltando a ganhar o duelo aéreo a Morato, o jovem central verde e branco não deu, desta feita, qualquer hipótese a Vlachodimos, empatando a partida e colocando justiça no marcador.
A partir daí, o jogo tornou-se mais dividido. Os técnicos começaram a mexer nas equipas - Veríssimo trocando de avançado, com Gonçalo Ramos a render Yaremchuk e Amorim tirando Neto para fazer regressar Porro, passando Esgaio para central - mas o Sporting continuou sempre mais perigoso e dando a sensação que podia marcar a qualquer momento. A entrada do lateral espanhol foi claramente inclinando o campo a favor dos leões. O primeiro aviso sério coube a Paulinho e esbarrou estrondosamente na trave do atónito Vlachodimos (73'); o segundo resultou mesmo em novo golo leonino, numa transição em que Porro explorou a profundidade com acerto, deixando Sarabia na cara do gurdião encarnado. Este, de pé esquerdo, não desperdiçou a hipótese e fez mesmo o 1-2, num golo com sabor espanhol (78').
Nelson Veríssimo teve então de arriscar tudo para os minutos finais. Pizzi, Taarabt e Henrique Araújo entraram em campo para os lugares de Everton, Meïté e Morato. O Benfica lançou-se todo no ataque mas já era tarde: 16 anos depois, os leões conseguiram bater os encarnados depois de estarem a perder ao intervalo. Aliás, desde 2015 que o Sporting não vencia uma final num dérbi.