Sérgio Conceição e o clássico: "Se devia ter sido adiado? É lógico que sim"
O clássico de sábado devia ter sido adiado. Esta é a convicção de Sérgio Conceição. "Se devia ter sido adiado? É fácil de responder: é lógico que sim. Não há outra resposta que possa dar. Não faz sentido fazer um jogo de campeonato nestas condições", atirou o treinador do FC Porto, referindo-se às dificuldades que sentiu na preparação do jogo com o Sporting, com dez jogadores ausentes nos trabalhos das respetivas seleções durante dez dias. Três deles ainda nem chegaram. Corona, Uribe e Luis Díaz vão chegar só esta noite, a menos de 24 horas do jogo grande da quinta jornada da I Liga.
Questionado sobre as opções de Fernando Santos, depois do clube portista ter criticado o selecionador português, Sérgio disse que não tinha de comentar as decisões do técnico nacional. "Obviamente que saímos prejudicados em relação ao adversário. [Nas seleções] Os nossos jogadores tiveram mais de mil e tal minutos que os do adversário e fizeram mais de 200 mil quilómetros de viagem", recordou o treinador farto da "estupidez" dos argumentos de alguns comentadores que dizem que isso não é um problema: "É a saúde dos jogadores que está em causa."
"Estamos a falar da preparação de um jogo que é importante frente a um adversário difícil. Preparar o jogo dentro destas condições, quase uma semana e meia com dez jogadores, não é de todo normal. Estamos habituados a fornecer as diferentes seleções, ficamos todos contentes, mas a calendarização não é normal", argumentou.
Mas criticas ao calendário das seleções ficam-se pela véspera do clássico. Sérgio Conceição garante que não voltará ao assunto, quer perca, ganhe ou empate em Alvalade. "Não é fácil a preparação do jogo. Há várias formas de trabalhar a equipa. Há o trabalho com imagens, com vídeos, com análise dentro do balneário, mas não há nada como o treino. Não temos tempo para isso. Não temos os jogadores disponíveis. Vamos ter jogadores, quando chegarmos a Lisboa, quase a entrar no dia do jogo. Se calhar, entram no hotel já no dia do jogo. É complicado. Agora, não podemos aqui agarrar-nos única e exclusivamente a isso. Decidiremos pela melhor equipa para ganhar ao Sporting. Sem lamúrias ou lamentações. Depois do jogo não me vão ouvir falar mais desta questão dos jogadores em cima da hora".
O técnico portista gostaria de enfrentar o campeão noutras condições: "São sempre jogos importantes, chamados de jogos que valem seis pontos, porque tira três ao adversário. Gostaria de defrontar o atual campeão noutras condições, mas é o que é. Temos que olhar para as soluções, apresentar uma equipa competitiva e tentar conseguir o melhor resultado possível."
Do lado leonino os constrangimentos foram outros. Pedro Gonçalves, Coates, Gonçalo Inácio e Tiago Tomás foram dispensados das respetivas seleções por lesão. Que onze do Sporting espera? "Não faço a mínima ideia. Não conheço a condição desses jogadores. Se os jogadores não estiveram nas Seleções é porque não podiam mesmo. Esses, que frisou, são jogadores que entram no onze. Se estiverem em condições, vão jogar. O Sporting teve uma ou outra entrada de qualidade, mas isso são estratégias que dizem respeito ao treinador do Sporting", defendeu o dragão, antes de saber que Pedro Gonçalves e Gonçalo Inácio estavam fora do clássico.
Questionado sobre o que pode desequilibrar um duelo que se espera equilibrado, Sérgio lembrou as várias variantes de um jogo de futebol: "Sermos fortes nos quatro momentos do jogo. E no quinto, que são as bolas paradas. E há um sexto que ninguém pode controlar: o talento. Essa inspiração, eu acredito sempre, que vem de uma organização coletiva."
O mercado fechou e o FC Porto manteve Luis Díaz, Sérgio Oliveira ou Corona: "Estou contente com o plantel que tenho, claramente que sim."