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Desporto
08 maio 2022 às 22h17

Segurar Conceição e jovens valores para poder atacar o bicampeonato

Costinha, antigo jogador dos dragões, considera o treinador determinante para o projeto do clube. Acredita que alguns jovens da formação serão cobiçados e que a solução para substituir o central Mbemba pode estar em casa.

O título de campeão já está assegurado, mas o FC Porto ainda tem mais um objetivo para conquistar: juntar a Taça de Portugal (final é dia 22 com o Tondela) ao campeonato. Um ano de sucesso que valorizou os jogadores e o treinador, e é já altura para planear a nova temporada, sendo apenas certa neste momento a saída de um jogador influente - Mbemba, em final de contrato. Mas como referiu Pinto da Costa nos festejos, Sérgio Conceição tem cláusula de rescisão e podem aparecer interessados. Assim como muitos jovens, com especial destaque para Vitinha, serão certamente alvo de cobiça.

"No meu tempo de jogador era assim e acredito que continue igual. Este título de campeão já faz parte do passado e os responsáveis do FC Porto já só pensam na próxima época e em novas conquistas". Quem o garante é Costinha, antigo médio do FC Porto, que em quatro temporadas (2001-05) ganhou uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA, dois campeonatos, duas Supertaças e uma Taça de Portugal.

Os dragões asseguraram o seu 30.º título de campeão e para que a equipa de futebol continue no trilho do sucesso, Costinha aponta como essencial a continuidade de Sérgio Conceição. "É alguém que demonstra na perfeição o sentimento do que é ser portista e um transmissor por excelência da mística do clube. Por outro lado, é indesmentível a confiança que a direção do FC Porto tem nele. É por isso natural que todos os adeptos desejem a sua continuidade na próxima temporada", referiu.

O antigo internacional português deixou grandes elogios ao técnico três vezes campeão em cinco temporadas ao serviço do FC Porto. "Dizem que ele é chato com os jogadores, mas isso não é ser chato, é a cultura de exigência que deve existir em qualquer profissão. Lembro as fortes críticas que ele lançou ao grupo depois da derrota em casa com o Liverpool, na Liga dos Campeões [1-5, em setembro de 2021], mas todos os treinadores devem sempre pensar que podem bater-se com as melhores equipas e até ganhar-lhes", defendeu.

Para Costinha, o FC Porto ficará também a ganhar se a grande maioria dos jogadores da formação que brilharam esta época continuarem no clube. "Era muito bom que eles ficassem mais uma época, e também seria extremamente benéfico para eles, pois assim continuariam a crescer no clube e quando saíssem estariam mais aptos a enfrentar novos desafios". E até deu o exemplo de Diogo Dalot, "um excelente jogador que possivelmente saiu precocemente do FC Porto e que se tivesse aguentado mais se calhar valeria ainda mais hoje em dia". No entanto, lembrou que "todos os jogadores da formação do FC Porto do atual plantel têm grande qualidade e alguns grandes clubes poderão não ter problemas em pagar as cláusulas de rescisão".

Costinha dá exemplos concretos de quem na sua opinião deveria continuar no FC Porto pelo menos mais uma temporada. "O Vitinha, o "Chico" Conceição, o Fábio Vieira, o Diogo Costa e o João Mário. E também há vários na equipa B com qualidade para aparecerem no plantel principal, muito bem enquadrados por atletas experientes como Pepe, Uribe e até Marchesín, que lhes dão a estabilidade necessária para continuarem a evoluir".

De resto, sublinha que a aposta sustentada nos miúdos da formação é um dos cartões de visita de Sérgio Conceição. "No FC Porto e nos outros clubes grandes não basta os jovens terem qualidade para se afirmarem no plantel principal. É preciso transmitir-lhes que é necessário terem a mentalidade adequada, algo que por vezes não se ganha de um momento para o outro", indicou, lembrando o caso de Luis Díaz, transferido em janeiro para o Liverpool, que apesar de não ser da formação do clube, "só praticamente nesta época é que se afirmou de forma indiscutível".

Pretendentes não deverão faltar para algumas das joias da coroa do Dragão, com Vitinha à cabeça. O médio foi um caso curioso de afirmação, pois no início da temporada pensava-se que poderia continuar no Wolverhampton, só que o clube inglês não exerceu o direito de opção de 20 milhões de euros. No regresso não ganhou logo o estatuto de titular, mas rapidamente se impôs. A cláusula de rescisão de 40 milhões parece baixa para tanto talento e no Dragão a intenção é renovar-lhe o contrato e aumentar a cláusula.

Fábio Vieira jogou bastante menos do que Vitinha (1965 minutos, divididos por 38 encontros), mas apresenta números de relevo - 15 assistências e sete golos. Costinha confessa que ficou surpreendido com a evolução do médio ofensivo. "Sempre foi claro que ele tinha grande capacidade com bola, mas duvidava da sua qualidade sem bola. No entanto, ele tornou-se um jogador muito completo", elogiou.

O guarda-redes Diogo Costa, já titular da seleção nacional (nos últimos jogos roubou o lugar de Rui Patrício), também deverá ser merecer atenção de importantes emblemas europeus. Isto sem esquecer João Mário, que se afirmou esta temporada no lado direito da defesa portista.

Mbemba é para já o único titular com saída garantida do Dragão. Há muito que se percebeu que o congolês não iria renovar o contrato que termina em junho, mas isso não constituiu impedimento para que Conceição lhe continuasse a confiar um lugar no onze. De resto, é o mais utilizado do plantel (4046 minutos em 45 jogos).

Ainda assim, Costinha pensa que não será imperioso que o FC Porto vá ao mercado buscar um substituto. "O Marcano teve uma grave lesão, mas é um profundo conhecedor do clube e dos companheiros. E há dois jovens, como o Fábio Cardoso e o Rúben Semedo, que estão à espera da sua oportunidade. Há muito que espero o aparecimento do Semedo ao mais alto nível, algo que não tem sucedido, por uma razão ou outra. Também ao nível da seleção nacional seria importante a sua afirmação", considerou.

dnot@dn.pt

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