Rui Costa: "Enzo mostrou não ter compromisso e não podia ficar no Benfica"

"Não chega bater no peito quando interessa", disse Rui Costa ao explicar todo o processo de saída do argentino, que não aceitou assinar pelo Chelsea mas só sair no verão.

Rui Costa, presidente do Benfica, explicou esta quinta-feira, em entrevista à BTV, todo o processo de transferência de Enzo Fernández para o Chelsea e, visivelmente desiludido com o atleta, disse que o médio argentino "não demonstrou compromisso para jogar no Benfica".

"O Enzo foi intransigente, insistimos para ficar, mas ele nunca mostrou abertura para ficar. Criámos a solução de ele ficar até final do ano sem perder um tostão", disse, explicando todo o processo: "Propus ao Chelsea que o comprassem já, mas só o levassem no verão, reduzindo assim o valor da transferência. No entanto, mesmo assim, o jogador recusou continuar no Benfica. Uma coisa é respeitar que jogador não quer perder dinheiro. Contudo, depois de lhe propor que não perdesse um tostão e ele não aceita, mudei a minha opinião, afinal ele mostrou não ter qualquer compromisso com o clube e não poderia jogar mais no Benfica."

Rui Costa não escondeu a mágoa e assumiu a decisão de rotura com Enzo Fernández: "Como adepto não queria mais este jogador no clube, que não poderia voltar a entrar balneário, ainda que como gestor até pudesse ser interessante mantê-lo."

O presidente do Benfica recordou depois a atitude de Enzo após marcar ao Varzim, em que bateu no peito e disse que ficava: "Não é bater no peito quando interessa, isso qualquer um pode fazer. Não estava comprometido com o clube. E nós metemos a cabeça por ele, contratando-o em agosto sabendo que poderia só chegar em janeiro."

"Sempre tive a esperança que ao Enzo desse gosto lutar pelo título de campeão. A partir do momento que ele não queria isso, decidi que não podia continuar no clube. Compromisso com os adeptos não é bater no peito, é isso sim fazer como fizeram os jogadores em Arouca, sabendo tudo o que se estava a passar. Não vou chorar por um jogador que não quer estar aqui. Fui ensinado a honrar a camisola do Benfica. O Enzo fez a sua escolha, não quis ficar e nós também não o queremos. No Benfica só estará quem tiver orgulho em representar o clube. E este é um recado para a formação também", sublinhou.

Rui Costa referiu por várias vezes que a SAD do Benfica "tudo fez para que a venda não se efetuasse". "Estou de consciência tranquila, mas triste por perder o jogador. Assumi que não venderia qualquer jogador importante abaixo do valor da cláusula", disse, explicando que os 120 milhões de euros foram atingidos pelo Chelsea.

"A cláusula de rescisão é a verba que significa que há um compromisso entre clube e jogador, que permite ao atleta decidir se quer sair ou continuar. No início do mercado, o Chelsea apareceu com essa verba, mas depois recuou e apareceu com ela no fecho do mercado", revelou, garantindo que a Enzo Fernández "foi proposto um aumento salarial", mas "a proposta que ele tinha era inviável" para o Benfica acompanhar.

Rui Costa esclareceu que o valor da cláusula "não implica que seja pago a pronto", razão pela qual quando o Chelsea apresentou os 120 milhões de euros "foi impossível convencer Enzo a ficar". "Ele foi intransigente, insistimos, mas nunca mostrou abertura para ficar", reforçou o presidente do Benfica, sublinhando: "A ideia foi ficar com ele, mas formos obrigados a vendê-lo por causa do valor da cláusula e devido à vontade do jogador em não querer ficar."

O líder encarnado admitiu que o pagamento dos 121 milhões de euros "é parcelado", mas revelou que há um mecanismo que permite ao Benfica ter a verba no imediato se assim o pretender. "Insistimos e batalhamos para que tivéssemos essa almofada e foi incluída uma verba de cerca de quatro milhões, que foi retirada aos representantes, para que no futuro possamos antecipar essa verba. Por isso mesmo, o Enzo saiu 5,5 milhões acima do valor da cláusula de rescisão", frisou.

Questionado sobre o facto de não ter sido contratado um substituto para Enzo Fernández, Rui Costa referiu que "a aposta era manter" o argentino - "Até utilizei isso para lhe mostrar que contávamos com ele", disse -, pelo que, quando se tornou inviável a continuidade do campeão do mundo, "tornou-se muito difícil trazer um jogador no último dia de mercado, afinal um jogador que custaria 10 milhões de euros passaria a custar 50". "Só queríamos alguém que fosse mais-valia para a equipa, mas não tendo esses jogadores que queríamos, não iria contratar alguém só para mostrar e, afinal, temos os jogadores da equipa B", sublinhou.

Gonçalo Guedes "não estava na equação"

Rui Costa revelou que a chegada de Gonçalo Guedes por empréstimo do Wolverhampton não era equacionada no início do mercado de janeiro.

"Já perto do final do mercado apareceu a possibilidade Gonçalo Guedes. Foi tudo feito em dia e meio, com todo o mérito para o Gonçalo, que tinha a possibilidade de ir para campeonatos mais competitivos, mas não hesitou e quis voltar a casa. É uma mais-valia e tinha muita vontade de voltar jogar pelo Benfica. Nem pensámos duas vezes", revelou o presidente encarnado, que deixou claro que na planificação do mercado de inverno estavam em cima da mesma apenas a contratação de "mais um extremo e de um homem de área". "Vieram Schjelderup e Tengstedt, jogadores com muito futuro, mas também de presente", sublinhou.

Nesse sentido disse que no Norte da Europa "há muito talento". "Acreditamos que serão mais-valia, pois tratam-se de atletas de coletivo e de muito trabalho, à semelhança de Aursnes".

Redução de 65 para 37 jogadores ligados ao clube

Rui Costa revelou ainda que a estratégia de mercado do Benfrica passava por continuar o projeto iniciado no verão e que contemplava "reduzir o número de ativos e os respetivos encargos". "Começámos a época com 65 ativos e temos agora 37. A ideia é menos quantidade e mais qualidade", sublinhou, acrescentando que "em duas janelas de mercado foi feito o que estava pensado para três ou quatro".

No que diz respeito a saídas, Rui Costa destacou a de André Almeida, que rescindiu contrato com o Benfica. "É um dos nossos. Foram muitos anos ao serviço do clube, merece o respeito de todos nós e chegamos a esta conclusão em conjunto porque após a lesão, teve pouca utilização. Acabava contrato no final da época e dando-lhe a rescisão dá-lhe a possibilidade de continuar a carreira", explicou.

No que diz respeito a renovações de contrato, admitiu existirem negociações com Grimaldo e Otamendi, que terminam a ligação ao clube no final da época e recordou que desde agosto "renovaram contrato Morato, António Silva, Henrique Araújo e Florentino" e acabou ainda por dar duas novidades: "Temos praticamente acertada a renovação de Vlachodimos e de André Gomes, que estará completa ainda esta semana."

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